Exército do Amanhã, como se fosse um videogame.
Depois de um longo atraso, finalmente estreia mais um filme de ficção científica chinês, do gênero ficção científica distópica, mas com estética de videogame.
Paulo Bocca Nunes
Exército do Amanhã foi anunciado em 2017, filmado em 2019 e lançado apenas em 2022. O principal problema foi causado pela pandemia que atrasou principalmente a pós-produção. O orçamento girou em torno e 57 milhões de dólares e teve Ng Yuen-fai na sua estreia como diretor. O roteiro é assinado por o roteiro escrito por Ho-Leung Lau, Chi-Leung Law e Tin Shu Mak.
A história se passa em 2055. A Terra foi devastada por poluição, guerras e doenças. Para sobreviver, a humanidade construiu cidades cobertas para dar um mínimo de qualidade de vida. Hong-Kong mudou seu nome para B-16 e é atingida por um meteoro que traz uma forma de vida alienígena que lembra uma planta e é capaz de purificar o ar. No entanto, ela cresce muito rápido, de maneira descontrolada, principalmente quando chove. Esse crescimento se torna um perigo para as pessoas.
Batizada de Pandora pelas autoridades, forças militares se unem para destruir a planta. A coronel Tam encarrega os soldados Ti Loi e Cheng Chung-Sang da missão. Juntamente com os soldados Connor e Lincoln, eles partem para uma missão suicida. O trabalho foi sabotado e os quatro tem pouco tempo para concluir o trabalho.
A história segue um padrão de outros filmes do gênero. Um grupo tem uma perigosa missão e cada componente tem uma personalidade que cativa o público. O sujeito meio nerd que não se acerta com a namorada, que trabalha no setor de comunicações da segurança de B-16; outro traz consigo a dor pela perda de sua filha; o terceiro é um líder rancoroso e orgulhoso e tem o personagem que faz a parte cômica.
O filme prende o espectador pelos seus efeitos visuais, com uma estética de vídeogame ao estilo Metro Exodus ou Call of Duty. Porém, tanto o roteiro fraco e a direção, apesar de Ng Yuen-fai ser muito competente em efeitos especiais, perderam-se a partir do segundo ato do filme. No começo, o problema a ser resolvido era uma planta alienígena que precisava ser destruída ou contida, mas de tal forma que pudesse ajudar na purificação do ar. Só que, de repente, surgem seres alienígenas ferozes que atacam os soldados que precisam cumprir a missão. Isso deu a impressão de ser outro filme.
As tramas paralelas não convenceram muito. O criador de B-16 desde o início tem um jeito que leva o espectador a ver nele um vilão por conta de suas características ou personalidade. O trauma de um dos soldados que perdeu a sua filha para o câncer e encontra uma garotinha, que a ela se apega, leva a história a um pequeno dramalhão a partir do terceiro ato. Um tanto forçado, por sinal. As explicação em forma de flashback também não ajudaram muito a formar uma conexão entre personagens e público. Não teve “liga”.
Nem mesmo o personagem que deveria servir para o lado cômico conseguiu sustentar a sua função. Já vimos coisas melhores em outros filmes do gênero. Da mesma forma, o namoradinho apaixonado e submisso e muito atrapalhado faz o papel surpreendente de herói de última hora. O final atrapalha ainda mais um pouco, pois temos a planta Pandora, os animais extraterrestres e outro vilão que esteve o tempo todo tentando sabotar a missão.
Podemos afirmar que é uma diversão razoável se for assistido despropositadamente ou descompromissadamente. Certamente, em alguns momentos o espectador terá o reflexo de pegar o controle para jogar. Os movimentos dos atores lembra muito isso nas cenas de lutas e perseguições. O filme estreou na Netflix em dezembro de 2022.
Assista ao vídeo sobre esse mesmo artigo, que está no Youtube. Aproveite e se inscreva no canal, acione as notificações, curta o vídeo e deixe o seu comentário.
Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.