Luther: o Cair da Noite, Sem Regras, Direto ao Ponto
Baseado em uma série da BBC, o ator Idris Elba retorna como o detetive John Luther, mas dessa vez o caso requer romper muitas normas.
Paulo Bocca Nunes
Uma produção original da Netflix chegou na plataforma dia 10 de março de 2023 depois de um breve estágio em alguns cinemas selecionados e com curta duração em 24 de fevereiro do mesmo ano.
O filme é uma continuação cinematográfica da série policial Luther, da emissora inglesa BBC, entre 2010 e 2019. O total foram 20 episódios. A série não está disponível para o Brasil.
O ator Idris Alba retorna no papel do detetive John Luther (Elba) que começa a investigar o estranho desaparecimento de um rapaz que trabalhava para uma empresa de limpeza. Ele prometeu à mãe do rapaz que pegaria o responsável. O caso parece ser apenas algo comum, mas quando Luther começa a investigar, o responsável pelo sequestro da vítima, o bilionário da tecnologia David Robey (Andy Serkis), expõe os métodos de Luther para conseguir resolver os casos mais misteriosos, enquanto era membro da polícia. Isso faz com que ele seja demitido, preso, julgado e condenado à prisão.
Luther não se conforma e, de dentro da prisão, consegue arquitetar um plano de fuga e pegar o responsável. No seu caminho está a nova chefe de polícia do departamento em que Luther trabalhava. À medida que Luther desvendava o mistério, uma rede de pessoas muito comprometidas com Robey foi sendo descoberta e foi expondo nomes de pessoas que, aparentemente, eram vistas como boas, honestas e de caráter elevado.
O filme é considerado como sendo mais violento do que qualquer episódio da série da BBC. Mesmo para aqueles que não assistiram à série, os métodos do psicopata e assassino Robey comprovam essa afirmativa.
A violência não se concentra apenas nas cenas de ação de Luther, mas na forma como o assassino cooptava pessoas para executar os seus serviços sujos, violentos e cruéis, mesmo que isso significasse o suicídio: descobria os maiores segredos das pessoas e usava tudo contra elas. Robey se mostra um vilão bem à altura de Luther, tão sombrio quanto os melhores vilões dos melhores filmes.
O roteiro de Neil Cross não tem buracos, excessos ou necessidades de explicações para conduzir a história do início ao final. A primeira parte do filme apresenta os elementos principais e necessários para contar uma história completa. Pode até parecer algo apressado como tudo vai sendo mostrado e contado, mas tudo está de forma completa e apresenta peças que serão importantes na montagem do quebra-cabeças no terceiro ato.
O filme tem pouco mais de duas horas de duração e mostra uma ação intensa de uma corrida contra o tempo para que Luther ponha as mãos no assassino do jovem e mostrar à mãe que ele cumpriu a sua promessa.
O elenco é ótimo. Alba é um ator voltado para papéis desse tipo. Não é necessário assistir à série da BBC para compreendermos o filme e aceitarmos o personagem. Andy Serkis, mesmo trazendo alguns trejeitos de outro personagem seu (Gollum, de Senhor dos Anéis) deu vida um louco psicopata, que provoca temor até mesmo no espectador pela sua frieza e os métodos que usa para convencer as pessoas a participarem de suas loucuras.
Não se sentiu a necessidade de profundidade de personagem, pois o filme está concentrado na ação direta. Porém, os personagens receberam oportunidades de se mostrarem e convencerem pelas suas ações. Foi o caso da detetive Odette Raine (Cynthia Erivo) e do detetive aposentado Martin Schenk (Dermot Crowley).
As cenas de ação são intensas o jogo de câmera leva o espectador a uma corrida frenética junto com Luther. A fotografia e os efeitos especiais, principalmente nas cenas mais violentas, podem não ser as mais violentas da história do cinema, mas por envolverem aspectos da personalidade doentia de Robey, e na forma como ele conduz tudo, provoca um horror no espectador.
No final, conseguimos entender muito bem como Robey consegue as informações para usar as pessoas. Mesmo sendo algo sutil, a mensagem é clara: cuidado com tudo o que você acessa na internet. Também está subscrito os aspectos do caráter humano que pode sentir prazer em coisas que são condenáveis. São mostradas as várias faces de todos os tipos de pessoas, mesmo que não fosse preciso seguirmos a história de cada uma delas.
A direção de Jamie Payne é firme e garante um ritmo muito bom a esse thriller policial. Algumas referências são fáceis de se notar através da fotografia. Os cortes de uma cena para outra, contribui para o suspense e a dinâmica.
Apenas no finalzinho, uma sequência trouxe ao filme um “pecadinho”. Se tudo foi intenso ao longo do filme, não era preciso dar uma solução tão “fácil” para o detetiv Luther.
Por fim, Adris Alba está ótimo no papel. Não se sabe se haverá outros filmes com o mesmo personagem, apesar de ter havido um “mistério” nos últimos trinta segundo do filme. Porém, esse já garante qualidade a uma produção que não precisou de alto orçamento.
Assista ao vídeo sobre esse mesmo artigo, que está no Youtube. Aproveite e se inscreva no canal, acione as notificações, curta o vídeo e deixe o seu comentário.
Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.