O Problema dos Três Corpos: o que são os Sofons?
Um dos elementos intrigantes da série é o surgimento do sófon, um supercomputador criado por uma raça alienígena para enfraquecer a humanidade e assim, conquistar a Terra.
Paulo Bocca Nunes
A série de ficção científica O Problema dos Três Corpos é o novo sucesso da Netflix. Baseada na obra de mesmo nome do chinês Cixin Liu, a trama envolve a vinda de uma raça alienígena para conquistar a Terra. A viagem levará quatrocentos anos, mas tudo começou no período da revolução cultural na China, na década de 1960, quando uma jovem cientista envia uma mensagem para o espaço profundo em busca de contato com outras civilizações.
Na série, o Sófon é um um supercomputador feito de um único próton, enviado à Terra como porta-voz e unidade de espionagem dos invasores alienígenas conhecidos como San-Ti, que fazem a sua jornada de 400 anos à Terra. Há também uma personagem chamada de Sófon, uma guerreira com uma espada samurai colocada às suas costas, que conduz os jogadores a cenários surreais e fases desafiadoras. Não está claro se essa personagem é uma construção de inteligência artificial ou um San-Ti real falando por meio de um avatar de aparência humana.
Ao descobrir a Terra como um planeta habitável de clima moderado e duração do dia imutável, os San-Ti planejam imediatamente invadir a Terra, ansiosos para deixar o áspero e volátil sistema estelar triplo em que vivem. No entanto, o estudo preliminar dos alienígenas mostrou que, apesar de seu avanço tecnológico ser muito maior, durante o voo da frota invasora, que deve levar 400 anos para chegar à Terra, a tecnologia humana vai ultrapassar a dos San-Ti, o que significaria uma derrota certa para a frota. Dessa forma, o projeto Sófon é lançado como uma contramedida para retardar o progresso tecnológico da Terra até que a frota chegue à Terra.
A criação do Sófon envolve “desdobrar” as dimensões extras de um próton, transformando-o em uma folha com a largura de um planeta. Os circuitos são gravados na folha usando uma forte força de interação antes que a folha seja dobrada novamente em um próton, transformado em um computador quântico.
Para isso, foram construídos quatro Sófons formando dois pares. Cada par está interligado e conectado em nível quântico. Dois permanecem com os San-Ti e os outros dois foram enviados à Terra. Como um próton, virtualmente, não tem massa, ele pode ser acelerado a uma velocidade próxima à da luz. O par de prótons chegou à terra meses antes e foi enviado aos lugares de pesquisa, como os lugares em que estão os aceleradores de partículas.
Ao chegar à Terra, o Sofon embaralha todos os aceleradores de partículas, forçando-os a fornecer resultados falsos e imprecisos cada vez que um experimento de colisão é conduzido. Além dessa tarefa principal, o Sofon também é responsável por espionar a humanidade e colocar traidores humanos na Terra em contato com a frota dos San-Ti. Somente quando a base dos traidores for invadida pelas forças governamentais é que o mundo saberá da presença do Sofon. No momento em que os líderes globais e militares percebem isso, o Sofon projeta as palavras “Vocês são apenas insetos” nas suas retinas para lhes esfregar na cara o fato de que a humanidade já perdeu toda a esperança quando o Sofon entrar em vigor de fato.
PODERES E HABILIDADES
Sendo a criação de uma raça alienígena muito avançada, o Sofon tem uma ampla gama de poderes à sua disposição.
Interrupção do acelerador de partículas: a tarefa para a qual o Sofon foi construído. Devido à sua natureza de próton, o Sofon pode detectar a ativação de qualquer acelerador de partículas do Sistema Solar e voar até ele rapidamente. Substituiria então a partícula alvo a ser esmagada, forçando o acelerador a produzir resultados caóticos e inúteis.
Comunicação mais rápida que a luz: existem mais de uma unidade Sophon, cada uma delas apenas um próton. As informações podem ser transmitidas entre as unidades usando emaranhamento quântico, permitindo a comunicação com atraso zero entre a Terra e a frota invasora, apesar da grande distância entre elas.
Vigilância quase onipresente: o Sofon pode compreender a linguagem humana e sua agilidade permite espionar várias facções na Terra ao mesmo tempo. Todas as informações, exceto os pensamentos, são transparentes diante delas, incluindo documentos impressos, dados virtuais armazenados em dispositivos eletrônicos, ondas de rádio e palavras faladas.
Imenso poder de computação: como um supercomputador construído por uma civilização avançada, o poder de computação do Sophon excede em muito qualquer máquina conhecida pelo homem.
Projeção de mensagem: o Sofon é capaz de enviar mensagens luminescentes diretamente na retina, que é seu principal (e preferido) método de comunicação com os humanos. Foi o que ocorreu com a personagem Auggie que via um cronômetro em contagem regressiva. Também foi o caso das estrelas piscantes.
COMO COMBATER O SOFON
No final da primeira temporada foi criado um pequeno grupo chamado de Wallfacers, que deverá criar planos para derrotar os San-Ti. Porém, pela capacidade de o sofon vigiar toda a humanidade, mas não o dos seus pensamentos, o grupo deverá criar um plano sem usar meios de escrita ou de fala.
Como isso se dará, provavelmente os livros de Cixin Liu possam dar alguma indicação. No entanto, por se tratar de uma adaptação, provavelmente os criadores irão seguir algum caminho diferente.
CONCLUSÃO
A segunda temporada deverá mostrar basicamente a forma como os wallfacers vão enfrentar o Sofon. Por outro lado, por ser uma inteligência artificial altamente sofisticada, deverá criar mecanismos para anular as investidas dos wallfacers.
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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.