FICÇÃO CIENTÍFICA

10 Naves espaciais icônicas da ficção científica

Em muitas histórias de ficção científica, as naves espaciais ganham status de personagens e até se tornam tão inesquecíveis quanto os próprios personagens dessas histórias.

Paulo Bocca Nunes

A ficção científica, como a conhecemos na literatura, precisa de nossa imaginação para visualizarmos os mundos, as situações, os personagens e objetos criados pelos seus autores. No entanto, no cinema, nós vemos materializadas algumas dessas coisas pela visão dos realizadores dos filmes. O primeiro a adaptar uma dessas histórias para o cinema foi o francês Georges Méliès, na adaptação do romance de Júlio Verne, Viagem à Lua, em 1902. A partir daí outros filmes vieram se somar ao universo que é a pura expressão de uma fantasia que, pode ser possível num futuro distante ou nem tanto.

Desde a criação oficial do gênero e da expressão que o identifica, no começo do século XX, nas revistas pulp de ficção científica, nos Estados Unidos, pelo editor e escritor Hugo Gernsback, as histórias deveriam ter não apenas o aspecto humano, mas os escritores teriam que se constituir em “visionários” ou “profetas” da ciência. Isso significa dizer que as histórias precisavam ter certo respaldo da ciência para serem plausíveis e os autores trazerem aos seus leitores a sua visão de um mundo futuro possível.

Entre as coisas mais interessantes nas histórias de ficção científica estão as naves espaciais, os veículos que levarão os personagens a lugares distantes, além da fronteira da galáxia imensa ou de outras espalhadas pelo Universo. Algumas dessas naves repousam na nossa imaginação como uma possibilidade de um dia elas realmente existirem e nós viajarmos nelas para vivermos aventuras tão fantásticas quanto as das histórias que lemos.

Vamos conhecer neste artigo 10 naves que se tornaram icônicas do gênero de ficção científica. Isso não significa dizer que não há outras. Claro que há! As que serão apresentadas aqui, portanto, fazem parte de uma primeira lista.

1. Júpiter 2

Abrindo a lista, talvez por motivos afetivos, a Júpiter 2 da série de TV, Perdidos no espaço (Lost in space), da década de 1965 a 1968. A espaçonave deve levar a família Robinson, mais o major Don West e um robô, até o sistema de Alpha Centauri. O ano é de 1997 e a Terra sofre com uma superpopulação e os Robinson deverão estabelecer uma colônia para outras pessoas viverem lá. No meio da viagem, um agente de um governo inimigo, Doutor Smith, sabota a nave e a missão e todos ficam perdidos no espaço. A Júpiter 2, nessa série, tinha o formato de um disco voador, mas na série da Netflix a nave apresntou-se com um outro modelo que, sem qualquer exagero, lembra muito a Millenium Falcon, comandada por Han Solo em Star Wars.

Representação da Júpiter 2 na série de 1966-68.
Na série da Netflix, a Júpiter 2 lembra muito a Millenium Falcon de Star Wars.

2. Discovery

O filme 2001 – Uma odisseia no espaço, de 1968, foi uma revolução nos filmes de ficção científica em termos de roteiro, produção e efeitos especiais e é considerado até hoje como um dos mais cientificamente corretos já produzidos no gênero. O filme aborda assuntos como evolução humana, tecnologia, inteligência artificial e vida extraterrestre segundo teorias e especulações com base na ciência. A nave Discovery foi concebida a partir de conceitos reais.

Uma base na Lua encontra um monolito negro. Um grupo de cientistas chega ao local e ao ser tocado, emite um som ensurdecedor. Dezoito meses depois, a nave Discovery leva um grupo de cientistas até as proximidades de Júpiter. Mas, o computador da Discovery, altamente sofisticado, chamado Hal 2000, uma forma de inteligência artificial, põe a missão em perigo.

Discovery, filme 2001 – Uma odisseia no espaço. Filme de 1968, dirigido por Stanly Kubrick.

3. Nave do viajante espacial Klaato

No ano de 1951, um filme veio para se inserir em um contexto atual para a sua época. Baseado no conto Farewell to the Master (Adeus ao mestre), de Harry Bates e publicado em 1940 na revista Astounding Science Fiction, O dia em que a Terra parou mostra um viajante de outro planeta que veio à Terra em missão especial. Na verdade é uma mensagem aos seus habitantes: todos os povos devem parar com a corrida armamentista, pois os povos de outros planetas próximos temem que a Terra inicie uma corrida espacial e inicie guerras pelo espaço afora. O formato da nave lembra uma disco voador, algo bastante comum na época. A nave não tinha um nome, mas ficou na cultura pop como uma referência e um ícone. O filme de mesmo nome de 2008, com o ator Keanu Reeves no papel de Klaato, trouxe uma nave totalmente diferente. Ela era uma gigantesca esfera verde luminosa.

A nave em formato de disco voador de Klaato, na sua chegada à Washington, no filme de 1951.

4. Enterprise

Em 1966 inicia uma franquia que até hoje é sucesso entre os fãs de ficção científica: Star Trek. A série seguiu com três temporadas e seguiu nas décadas seguintes, mais ou menos com o mesmo elenco, ou pelo menos com os personagens principais.

O programa tinha como ponto central as aventuras da nave estelar USS Enterprise em sua missão de cinco anos “para audaciosamente ir onde nenhum homem jamais esteve”. A nave era comandada pelo Capitão James T. Kirk que tinha ajuda fundamental do vulcano, Dr Spock. O modelo da nave Enterprise se transformou na marca registrada da franquia, não se concebendo qualquer filme de Star Trek com uma nave diferente. Por conta disso, é uma das mais icônicas naves espaciais dos filmes de ficção científica.

USS Entrepise

5. Nave Mãe de Contatos Imediatos do Terceiro Grau

Produção norte-americana de 1977, escrito e dirigido por Steven Spielberg, Contatos Imediatos do Terceiro Grau segue um eletricista que tem a percepção de que a Terra está recebendo visitas de extraterrestres e decide fazer contato com eles. Enquanto isso, outros acontecimentos estranhos vão acontecendo em outras partes do mundo deixando as autoridades confusas e preocupadas em não causar pânico na população. No final, surge uma nave gigantesca que usa sons musicais para se comunicar. Ela aterrisa e de dentro saem pessoas que haviam sido abdusidas tempos atrás e alienígenas.

Nave Mãe em Contatos Imediatos do Terceiro Grau, de 1977.

6. Battlestar Galactica

Pegando uma carona no sucesso de Star Wars, entre 1978 e 1979 uma série para a TV fez muito sucesso: Battlestar: Galactica. A série teve um total de 24 episódios. A série mostrava um grupo de humanos descendentes de uma raça muito mais antiga em busca do planeta Terra para onde teria ido uma parte de raça ancestral. A nave era simplesmente chamada de Galactica. Houve uma tentativa de fazer outra temporada e um filme em 1980. Percebendo a vontade dos fãs em mais aventuras, alguns produtores buscaram dar uma nova vida ao seriado entre 2003 e 2009.

A espaçonave Galactica levava um grupo de humanos em busca dos antigos remanescentes que deram origem aos humanos.

7. Destroyer Estelar Imperial

Em maio de 1977, um fenômeno mundial tomou conta dos cinemas e transformou a cultura pop, dando início à Era dos Blockbusters. A space opera criada por George Lucas, Star Wars, conta a história do Império Galático que domina de forma tirânica a galáxia e a luta da Aliança Rebelde para reestabelecer a liberdade. A franquia inicial contava com seis filmes que depois geraram outros filmes, tanto em live action quanto em animação.

Nessa saga espacial três tipos de naves espaciais encheram os olhos dos espectadores ao verem as batalhas espaciais cheios de manobras fantásticas, tanto em planetas quanto no espaço cósmico. A principal era o Destroyer Estelar Imperial.

A nave atuava basicamente para impor o domínio do Império ou para sufocar qualquer ato rebelde. Essa nave gigantesca, de forte armamento e poderosa blindagem, era comandada pelos oficiais mais capacitados e fieis ao Imperador. Sem função de comando, mas com poder de voto e decisão, havia Darth Vader, que dominava os poderes ocultos do lado negro da Força.

O Destroyer Estelar Imperial podia carregar vários soldados, os stormtroppers, e outras naves de combate de curta distância, as TIE Fighter.

8. TIE Fighter

As naves de combate à curta distância dos filmes de Star Wars se transformaram também em uma das marcas registradas da franquia. De manobras rápidas, os TIE fighters possuíam um pequeno cockpit cercado por painéis e estavam armados com canhões laser de alcance limitado. Tamanho sucesso entre os fãs, a nave, assim como outras da franquia, agitaram a indústria de brinquedos. Nos filmes podemos ver alguns modelos diferentes, como no primeiro, Uma nova esperança (1977), em que Darth Vader usa um exclusivo para ele.

A palavra TIE é acrônimo do inglês Twin Ion Engines (Propulsores de Íons Gêmeos)

9. Caça Estelar X-Wing

Seguindo a franquia de Star Wars, os caças X-Wing eram usados pela Aliança Rebelde em seu conflito contra o Império Galático. O nome e a sua principal característica eram as suas asas que se abriam e se assemelhavam a um X quando estravam em posição de ataque. Essas naves são mais lentas e menos manobráveis que os TIE, mas possuem poder de fogo superior e usam um robô androide que fica acoplado em uma pequena cabine externa atrás do piloto. O androide podia conter até 10 coordenadas de hiperespaço e fazia pequenos reparos na nave durante o combate. Foi com um desses caças que Luke Skywalker destruiu a Estrela da Morte em Uma Nova Esperança (1978).

10. Millenium Falcon

Para fechar com chave de ouro, não poderia faltar a mais icônica nave espacial da franquia Star Wars, a Millenium Falcon, pilotada por Han Solo e seu ajudante Chewbacca. A nave é um cargueiro leve usada para contrabando. Apareceu em vários filmes da franquia. No primeiro filme, Han Solo se comprometeu a levar a princesa Leia até o planeta onde estava a Aliança Rebelde em troca de um generoso pagamento. Apesar da iminência da batalha final, Solo vai embora, mas retorna no momento mais importante do combate.

A nave era considerada velha e obsoleta, sem condições de viajar pelo espaço por quem a visse. Nas horas mais inoportunas, quando estava sendo perseguida por naves do Império, a Millenium Falcon falhava no momento de entrar no hiperespaço, causando sustos e muita tensão na tripulação. Porém, esses eram os momentos mais cômicos do filme misturados com muita ação e até mesmo suspense. Certamente esses momentos contribuiram para dar à nave o status de um personagem, pois o público que assistia aos filmes torcia para a nave voltar a funcionar e, dessa forma, salvar os seus ocupantes.

Há outras naves que apareceram em outros filmes que também ficaram guardadas na memória do público e entraram para a cultura pop. Muitas delas, como essas aqui apresentadas neste artigo, também fazer parte do imaginário de muitas pessoas. Quem não sonhou um dia em viajar em uma delas? Sair pelo espaço em busca de aventuras? Essas máquinas saíram da imaginação de seus criadores, mas podemos perceber o quanto elas mexem ainda hoje com a nossa própria imaginação.

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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.