A Hospedeira: outro ‘Crepúsculo’, mas com pouco resultado
A Terra foi colonizada por uma raça alienígena que controla a mente dos humanos e usa seus corpos como hospedeiros. A maioria da humanidade foi erradicada, mas quando Melanie se recusa a aceitar sua nova alma, uma caçada se inicia.
Paulo Bocca Nunes
A história de A Hospedeira trata de uma invasão alienígena, mas essa não se parece com outras histórias de seres hostis e uma invasão com naves e tiros de armas letais. Está longe de ser como em A Guerra dos Mundos, de H.G. Wells, por exemplo. O roteiro é baseado no livro de romance/ficção científica de Stephenie Meyer, a mesma autora da série Crepúsculo. O livro, de mesmo nome foi publicado em 2008 nos Estados Unidos.
O filme conta a história bastante próxima do livro. A Terra foi invadida por alienígenas que não podem ser detectados, chamados de almas. Os alienígenas da história são seres muito evoluídos e são apresentados quase que benevolentes, pois trazem sentimentos muito próximos do que conhecemos por amor, bondade, generosidade, compreensão e confiança no outro.
Apesar de todos esses sentimentos elevados, os alienígenas dominam os humanos através da possessão dos seus corpos, dominando suas mentes e apagando suas memórias. As pessoas passam a viver as suas vidas aparentemente de forma normal. Dessa forma, os humanos que ainda não foram pegos pelos alienígenas não conseguem distinguir quem está e quem não está com o hospedeiro.
A história é contada seguindo a personagem Melanie Stryder, uma jovem que conseguiu escapar dos invasores e quer encontrar o último grupo de
resistência de terráqueos sobreviventes do planeta. Para salvar o seu irmão, ela é capturada e nela é introduzida uma alma em seu corpo, chamada de Peregrina. No entanto, Peregrina foi avisada de que sua tarefa seria difícil, pois o interior de um humano também é refúgio para emoções avassaladoras, excesso de sentidos e diversas recordações presentes. O que Peregrina não contava era a resistência de Melanie em combater a posse de sua mente.
Peregrina olha os pensamentos de Melanie na esperança de descobrir o paradeiro da resistência humana. Melanie, para enganar Peregrina, povoa sua mente com visões do homem por quem ela está apaixonada, Jared, um sobrevivente humano que também conseguiu escapar. As duas partes passam a entrar em choque no interior de Melanie, principalmente quando Melanie está determinada em reencontrar Jared, mas Peregrina tem despertado sentimentos por outra pessoa.
Nesse confronto entre as duas consciências, surge um triângulo amoroso e todas as crises encontradas na série Crepúsculo entre Bella, Edward e Jacob. O problema é que a fórmula da história do vampiro deu resultado, algo que ficou um tanto desencontrado em A Hospedeira. As crises existenciais de um romance adolescente, que envolviam a vontade de uma contra o desejo de outra, na mesma pessoa (ou corpo físico), ficou um bocado desencontrado. Principalmente pelo fato de que as crises e dúvidas eram representadas na forma de um monólogo ou diálogo mental da protagonista.
A produção, de modo geral, sustenta bem o filme: fotografia, cenário, figurinos, alguma coisa de efeitos especiais. Mas, a direção de Andrew Niccol deixou um pouco a desejar. Não deu apoio aos personagens principais para levar a história até o final de modo a não cair nas mesmas armadilhas de filmes do gênero “romance entre adolescentes”.
Há boas sequências de ação ao longo do filme, mas há um contraste muito grande nos momentos em que Melanie está em suas “crises existenciais amorosas”, o que deixa o filme lento e um pouco sonolento. O final, apesar de um pouco surpreendent, é bastante morno e até sugere uma continuação. A autora do livro até falou que estava desenvolvendo um projeto nesse sentido, porém, até o ano de 2023 nada mais foi falado a história parece ter ficado por isso mesmo.
O filme é de 2013 e está disponível na Prime Vídeo, mas com o título Os Donos, ou The Host.
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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.