A saga ‘Fundação’, de Isaac Asimov, explicada
Uma obra premiada como uma das mais importantes da literatura de ficção científica de todos os tempos. Mas, por que ela é tão importante?
Paulo Bocca Nunes
Fundação é uma das obras mais impactantes da ficção científica de todos os tempos. Em 2021, um ambicioso projeto da plataforma da Apple TV produziu uma adaptação da obra em forma de série com dez episódios na sua primeira temporada. Apesar de ser muito conhecida dos leitores aficionados por ficção científica, muitas pessoas desconhecem a obra.
POR QUE ‘FUNDAÇÃO‘ É IMPORTANTE?
A série da Fundação de Isaac Asimov é composta por três livros e foi a primeira série de ficção científica a conter um império galáctico completo. Outras obras anteriores de outros autores à Fundação não trouxeram elementos semelhantes ou uma dimensão tão grande. A série inteira envolve o plano secular de um homem conhecido como Hari Seldon para restaurar o império galáctico humano após um grande colapso e queda que levou a Galáxia a uma Era das Trevas.
Hari Seldon foi capaz de prever a queda do primeiro império galáctico pelo uso de uma forma de matemática conhecida como psico-história, que foi capaz de prever o comportamento humano em massa ao longo do tempo. No livro há uma explicação sobre a psico-história creditada à Enciclopédia Galáctica:
PSICO-HISTÓRIA… Gall Dornick, empregando conceitos não matemáticos, relacionou e definiu a psico-história com o ramo da matemática em relação às reações de grandes aglomerados humanos a estímulos econômicos e sociais.
A incapacidade da capital do Império, localizada no planeta Trantor, de lidar de forma adequada com as demandas burocráticas e administrativas de um império tão grande, contendo em torno 25 milhões de mundos, levou tudo à destruição e à sua queda.
A solução de Hari Seldon acabaria por se revelar extremamente complicada e multifacetada, mas é apresentada inicialmente como a criação de uma instituição que ele chamou de Fundação.
A Fundação seria criada em um mundo distante, chamado Terminus, localizado no extremo da galáxia, e teria enciclopedistas cujo trabalho era registrar todo o conhecimento humano no universo.
Dentro da enciclopédia galáctica, milhares de humanos se dedicariam ao projeto em um esforço para preservar o conhecimento de toda a humanidade, na esperança de que isso pudesse encurtar o longo intervalo de tempo que se seguiria ao colapso do império até o surgimento dum novo.
“Todo o meu projeto, meus trinta mil homens com suas esposas e filhos estão se dedicando à preparação da Enciclopédia Galáctica. Não será terminada durante o meu tempo de vida. Não viverei sequer o tempo necessário para ver o seu início. Mas, pela época da queda de Trantor estará completa e cópias desse trabalho estarão espalhadas por todas as principais bibliotecas da galáxia.”
Embora tenha sido inicialmente declarado que a Fundação existia apenas para criar a Enciclopédia Galáctica, cinquenta anos após a chegada a Terminus e completado um terço do primeiro livro, é revelado que a enciclopédia não é o verdadeiro propósito da Fundação.
Um cofre em Terminus foi definido para abrir em uma data específica em que os hologramas pré-gravados de Hari Seldon apareceriam para se dirigir às pessoas da Fundação. O cofre se abre e o holograma de Seldon revela a verdade:
“Há 50 anos que esta Fundação foi estabelecida. 50 anos em que todos os da Fundação ignoraram o fim para o qual trabalhavam. Essa ignorância era imperiosa, porém agora deixou de sê-lo. A Fundação Enciclopédica, para começar, é e sempre foi uma fraude!… Uma fraude no sentido de que nem eu nem meus colegas nos importamos se um único volume da enciclopédia será publicado. Ela serviu a sua finalidade desde que, através dela, conseguimos do Imperador carta de autorização, os indivíduos, uma centena de milhar, de que necessitávamos para a organização do nosso plano, e conseguimos mantê-los ocupados enquanto os acontecimentos evoluíam, até que fosse demasiado tarde para recuarem.”
Hari Seldon diz a eles que o caminho para a Fundação é inevitável, eles enfrentarão uma série de crises que ele mesmo previu através da psico-história. Ele ainda diz aos enciclopedistas que em cada crise eles serão forçados a seguir um caminho singular devido às circunstâncias estabelecidas.
A Fundação enfrenta crise após crise, exatamente como Seldon havia previsto. A cada período de tempo já estabelecido, o cofre abria e seu holograma pré-gravado, aparecia para aconselhá-los. Porém, muito tempo depois, no segundo livro, o plano de Seldon é abalado com a chegada do Mula, um sujeito que possuía poderosos poderes mentais e podia influenciar não apenas uma, mas várias pessoas ao mesmo tempo.
Por conta disso, o personagem distorce os resultados das previsões de Seldon. Por causa do Mulo, a tentativa de Seldon de preservar a humanidade foi quase completamente frustrada e o plano quase totalmente frustrado.
A saga da Fundação continua por centenas de anos e envolve as lutas enfrentadas pela humanidade durante a idade das trevas e a ascensão de um novo império galáctico humano.
A série principal da saga da Fundação foi publicada primeiro nas antigas revistas pulp fiction para serem publicados em livro a partir de 1951 na forma de uma trilogia: Fundação, Fundação e Império e a Segunda Fundação.
No total, existem sete livros da série da Fundação. Não incluem aqui a série Império Galáctico (Pedra no Céu, Poeira de Estrelas e As Correntes do Espaço) ou a série de Robôs, todos de Asimov. Além da trilogia inicial, dá duas prequelas: Prelúdio à Fundação e Origens da Fundação e duas sequências: Limites da Fundação e Fundação e Terra.
A Fundação de Asimov é amplamente considerada uma das sagas de ficção científica mais influentes de todos os tempos. Muitas das sagas de ficção científica de maior sucesso de todos os tempos, como Duna, Guerra nas Estrelas e outras, não existiriam sem a Fundação.
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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.