A Ilha do Tesouro: na caça por aventuras
Um dos maiores clássicos da literatura de viagens, tesouros e aventuras. Não apenas resiste ao tempo, como também influenciou muitas outras obras literárias, filmes e séries.
Paulo Bocca Nunes
Publicado originalmente em 1883, A Ilha do Tesouro é um romance de aventura escrito pelo autor escocês Robert Louis Stevenson. A história segue Jim Hawkins, um jovem rapaz que acaba se envolvendo em uma busca por um tesouro escondido em uma ilha remota após encontrar um mapa misterioso. Ao longo da narrativa, Jim é confrontado por piratas cruéis, incluindo John Silver, um dos tripulantes da expedição e de quem se torna amigo.
Embora tenha sido escrito há mais de um século, A Ilha do Tesouro ainda é uma obra popular e influente na literatura e cultura pop. O romance introduziu muitos dos elementos que se tornaram padrão no gênero de aventura, incluindo tesouros escondidos, mapas secretos, ilhas remotas e piratas sanguinários. A história também apresentou personagens memoráveis, incluindo o astuto John Silver, que continua a ser um dos vilões mais icônicos da literatura.
Desde sua publicação, A Ilha do Tesouro tem sido adaptado em uma série de formatos, incluindo filmes, programas de televisão, jogos de computador e até mesmo uma ópera. Algumas das adaptações mais notáveis incluem o filme Treasure Island, de 1950, estrelado por Robert Newton como John Silver, e a série de televisão Black Sails, que explora a vida dos piratas do século XVIII.
Além de sua influência direta na literatura e cultura pop, A Ilha do Tesouro também influenciou uma série de escritores e artistas que vieram depois de Stevenson. J.R.R. Tolkien, autor de O Senhor dos Anéis, foi particularmente influenciado pelo romance de Stevenson e admitiu ter lido a obra de Stevenson muitas vezes durante sua vida. Outro escritor influenciado pelo romance foi Arthur Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes, que escreveu um livro intitulado The Dealings of Captain Sharkey que apresenta um pirata chamado Sharkey que é claramente baseado em John Silver.
O sucesso contínuo de A Ilha do Tesouro também é evidente no fato de que o romance continua a ser lido e estudado em todo o mundo. Muitas escolas e universidades incluem a obra em seus programas de estudo de inglês, e o romance é frequentemente citado como um exemplo de como a literatura pode capturar a imaginação do leitor e transportá-lo para mundos imaginários.
A obra de Stevenson também inspirou jogos de videogame e jogos de mesa. Um exemplo notável é o jogo Assassin’s Creed IV: Black Flag, que apresenta uma história que se passa na época dos piratas e inclui personagens que foram claramente inspirados pelos personagens de A Ilha do Tesouro.
O sucesso contínuo do romance em várias formas de mídia é uma prova da sua relevância atemporal e do impacto duradouro que teve na cultura popular.
A FIGURA DE LONG JOHN SILVER NA CULTURA POP
Long John Silver é um dos personagens mais icônicos da literatura mundial e tem sido um grande influenciador na cultura pop desde sua criação. Apesar de ser o antagonista da história, é um personagem que conquista o público. Sua característica mais marcante, além de ser um pirata, é de possuir a perna esquerda cortada até a coxa, o que o obriga a usar uma muleta. Mesmo assim, ele tem grande agilidade. Outra característica, que esteve presente em algumas adaptações para o cinema, é o papagaio que ele sempre trás ao seu ombro.
Silver foi o contramestre do Capitão J. Flint, que escondeu sua impressionante riqueza conquistada em pilhagens de navios espanhóis em uma misteriosa ilha. Silver quer o tesouro e, por isso, ele acaba se passando por um humilde tripulante do navio Hispaniola, onde está o protagonista da história, o garoto Jim Hawkins, na expedição até a ilha em que pretensamente Flint escondeu o tesouro. Silver é esperto e mentiroso, mas muito convincente, capaz de persuadir a quem narra as suas histórias pela habilidade eloquente ao falar.
Ele apareceu em inúmeras adaptações cinematográficas e televisivas de “A Ilha do Tesouro“, assim como em outras produções que se inspiraram no personagem. Long John Silver também foi homenageado em várias obras de arte, incluindo pinturas, quadrinhos e jogos de vídeo.
Uma das razões pelas quais Long John Silver se tornou um ícone da cultura pop é a sua personalidade complexa e multifacetada. Ele é um personagem que encarna tanto a vilania quanto a redenção, e é capaz de desempenhar ambos os papéis com grande habilidade. Silver é um homem que se dedica à busca do tesouro a todo custo, mas também é capaz de mostrar compaixão e afeto para com aqueles que se tornam seus aliados.
Outra razão para a popularidade de Long John Silver é o fato de que ele é um dos primeiros exemplos de um vilão simpático na literatura. Embora ele seja um pirata cruel e sem escrúpulos, ele é retratado de uma forma que o torna irresistível aos olhos do público. Ele é charmoso, carismático e engraçado, e sua personalidade magnética tem atraído espectadores e leitores por mais de um século.
Além disso, Long John Silver é um personagem que se adapta facilmente a diferentes formas de mídia. Ele já apareceu em inúmeras adaptações de “A Ilha do Tesouro“, cada uma com sua própria interpretação do personagem. Essa capacidade de se adaptar a diferentes contextos e formatos de mídia é uma das razões pelas quais Long John Silver se tornou um personagem tão popular e duradouro na cultura pop.
Uma das mais famosas adaptações de “A Ilha do Tesouro” foi o filme de 1950 “O Tesouro de Sierra Madre“, dirigido por John Huston e estrelado por Humphrey Bogart. Embora a história tenha sido mudada para se passar em uma mina de ouro no México, a personagem de Bogart foi claramente inspirada em Long John Silver. O personagem de Bogart, Fred C. Dobbs, é um homem traiçoeiro que se torna obcecado com a busca pelo ouro, assim como Silver é obcecado com o tesouro na história original.
Long John Silver também apareceu em inúmeras adaptações para o cinema e televisão, incluindo uma série animada de 1987 intitulada “A Ilha do Tesouro“, que foi ao ar na televisão aberta no Brasil. Nessa série, Silver foi retratado de forma mais leve e humorística, mas ainda assim manteve sua personalidade icônica.
O personagem também tem sido homenageado em outras formas de mídia, como jogos de vídeo e quadrinhos. Long John Silver apareceu em vários jogos de vídeo ao longo dos anos, incluindo o jogo de ação e aventura “Assassin’s Creed IV: Black Flag“, lançado em 2013. Nesse jogo, Silver é retratado como um personagem carismático e astuto, que ajuda o personagem principal em sua busca por tesouros e aventuras.
Nos quadrinhos, Long John Silver também teve uma presença significativa. Ele apareceu em várias histórias em quadrinhos ao longo dos anos, incluindo “The Adventures of Tintin” de Hergé, onde ele foi retratado como um vilão no álbum “O Tesouro de Rackham, o Terrível“.
Além disso, Long John Silver influenciou a cultura pop em outros aspectos, como em produtos de merchandising, onde seu rosto e figura são estampados em camisetas, canecas e outros objetos colecionáveis. Também é comum ver referências a ele em outras mídias, como músicas, peças de teatro e até mesmo em tatuagens.
Em resumo, a influência de Long John Silver na cultura pop é inegável. Sua personalidade multifacetada, carisma e capacidade de adaptação a diferentes formas de mídia o tornaram um personagem duradouro e imortal na literatura e na cultura popular em geral. Seu legado como um dos maiores vilões simpáticos da literatura continuará a inspirar e influenciar as gerações futuras.
ADAPTAÇÕES PARA O CINEMA
A primeira adaptação de A Ilha do Tesouro é de 1918, filme em preto e branco, mudo, com legendas, é quase inteiramente representado por atores infantis ou adolescentes. O filme teve o roteiro de Bernard McConville e foi co-dirigido pelos irmãos Sidney e Chester Franklin. A história traz os personagens principais do romance, o jovem Jim Hawkins e o pirata Billy Bones, que vão à procura do tesouro do pirata Flint. O filme é considerado como perdido.
A segunda adaptação conhecida é de 1920, filme também mudo, produção estadunidense, dirigido por Maurice Tourneur com roteiro de Jules Furthman. O filme é considerado como perdido. Há um vídeo, no entanto, que traz algumas imagens do filme e você pode assistir clicando AQUI.
A primeira adaptação cinematográfica com som é de 1934, dirigida por Victor Fleming, com roteiro de John Lee Mahin, John Howard Lawson e Leonard Praskins. O ator Wallace Fitzgerald Beery deu vida ao pirata Long John Silver. O filme pode ser assistido no Youtube, de graça, em preto e branco, em inglês, mas pode ser configurado para legendas em português. Para assistir é só clicar AQUI.
Uma produção da antiga e extinta União Soviética, com roteiro e direção de Vladimir Vaynshtok, levou aos cinemas a sua versão em 1937. O filme é em preto e branco, em russo, mas pode ser configurado para legendas em português. Para assistir, clique AQUI.
Com roteiro de Lawrence Edward Watkin e direção de Byron Haskin, em 1950 foi produzida a primeira versão em cores e o primeiro filme totalmente live-action dos Estúdios Walt Disney. Uma sequência para esta versão foi feita em 1954, com roteiro de Martin Rackin e direção de Byron Haskin. Esse filme não foi produzido pela Disney. Teve o título LONG JOHN SILVER. Esse filme você pode assistir de graça no Youtube clicando AQUI ou AQUI. Está em inglês, mas pode ser configurado para legendas em português. Robert Newton fez uma das melhores versões do pirata Long John Silver. Há dois filmes disponíveis no Youtube e você pode assistir AQUI e AQUI.
Nomes importantes interpretaram o icônico pirata, como o ator Orson Welles, em 1972 com a direção de John Hough, e Jack Pallance, em 1999, com a direção de Peter Rowe. Os dois filmes podem ser assistidos no Youtube clicando AQUI e AQUI.
Uma das melhores caracterizações de Silver aconteceu na versão de 1990, quando o ator Charlton Heston deu vida ao personagem.
Uma produção australiana trouxe a série THE ADVENTURES OF LONG JOHN SILVER (1955) com 26 episódios. A série completa está no Youtube, em inglês, mas pode ser assistida com legendas em português. Para assistir, clique AQUI.
TREASURE ISLAND é uma série britânica de 2012 para televisão em duas partes. O roteiro é de Stewart Harcourt e a direção de Steve Barron. A série segue o mais próximo possível do romance.
L’ISOLA DEL TESORO, de 2015, é uma série italiana de animação da Rai Fiction and Mondo TV. Mistura a história original com novos personagens e elementos místicos tais como o voodoo. A série completa está no Youtube, em italiano, mas pode ser configurada para legendas em português. Para assistir, clique AQUI.
A maioria das versões cinematográficas buscou levar às telas uma obra que fosse a mais próxima possível do livro de Stevenson. Em algumas, nem tudo esteve presente, como o papagaio de Silver nas primeiras versões. Os principais personagens, no entanto, sempre estiveram presentes e variando em algum ponto e outro. Independente disso, todas as obras foram fiéis ao espírito de aventura da história, mesclado com a construção de personagens cativantes e complexos, que entraram definitivamente para a cultura pop.
Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.