Hugo Gernsback: o “pai” do gênero ficção científica.
A ficção científica tem vários mestres, no entanto poucas pessoas conhecem ou sabem quem foi o criador desse gênero que varreu o século XX nas páginas de várias obras e inspirou outros tantos filmes e séries.
Paulo Bocca Nunes
As histórias centradas em invenções científicas ou que se passavam no futuro ou ainda que tinham alguma relação com especulação científica futura, apareciam de forma regular em revistas que traziam também outros gêneros como artigos científicos, poesias, histórias curtas (short stories) e as histórias seriadas (serial stories). Essas últimas eram publicadas em forma de capítulos em várias edições e, ao final, o escritor poderia reunir tudo para publicar um romance.
Em revistas como Munsey’s Magazine (1889), McClure’s (1893) e The Argosy (1896), principalmente, havia histórias de aventuras, mistérios, terror, faroeste e também de “ficção científica”. Essas revistas foram mudando de dono e de nome ao longo do tempo, mas foram elas que iniciaram a popularização de gêneros literários, bem como foram o berço de muitos escritores que se consagraram mais tarde.
Gernsback fundou várias revistas. A primeira foi “The Electrical Experimenter“, em 1913, com assuntos técnicos sobre eletricidade e equipamentos elétricos. Em 1918, o subtítulo “Science and Invention” apareceu como uma legenda de capa e passou a ser chamada apenas de “Science and Invention” (Ciência e Invenção), em 1920, onde ele publicou artigos científicos de não-ficção junto com muitas histórias ficcionais em suas páginas, incluindo de ficção científica. Nessa escalada, Gernsback criou uma revista dedicada exclusivamente ao gênero literário emergente, a Amazing Stories, em 1926.
A PRIMEIRA REVISTA EXCLUSIVA DE FICÇÃO CIENTÍFICA
Amazing Stories foi a primeira revista voltada para a publicação exclusiva de histórias de ficção científica. Apesar de histórias desse gênero terem surgido regularmente em outras revistas, foi a Amazing que ajudou a definir e lançar um novo gênero de ficção popular. O primeiro número é de abril de 1926.
As histórias publicadas foram: Off on a Comet – or Hector Servadac, de Júlio Verne; The new accelerator (H.G. Wells); The man from the atom (G. Peyton Wertenbaker); The thing from-outside (George Allen England); The man who saved the Earth (Austin Hall); The facts in the case of Mr. Valdemar (Edgar Allan Poe). Outras histórias desses mesmos autores foram publicadas em algumas revistas seguintes até que fossem sendo descobertos novos e talentosos autores e, dessa forma, foram sendo mais recorrentes nas páginas da revista. Em agosto de 1927, a edição trouxe Guerra dos Mundos, de H.G. Wells.
A Amazing Stories foi muito importante para os novos escritores do gênero. A edição de Janeiro de 1939, por exemplo, deu início a uma série de dez histórias sobre o robô Adam Link, de Eando Binder, que exerceu forte influência em Isaac Asimov para criar as suas histórias sobre robôs. Sobre esse último, em março de 1939, quando ainda era um jovem estudante, foi publicado o seu primeiro conto, Perdidos em Vesta. Porém, nesses dois casos, Gernsback já não era mais o dono da revista nessa época.
A Amazing Stories teve uma vida longa, mas foi trocando de mãos a partir de 1929. No entanto, ainda hoje é vista como um marco para definir e delimitar o gênero de ficção científica. Isso se percebe no primeiro número, na seção do editor, na página 3.
Na área do cabeçalho há uma barra com uma frase que diz: “Extravagant fiction today… Cold fact tomorrow”, ou algo como “Ficção extravagante hoje… fato indiferente amanhã”. Acima do cabeçalho está inscrito o nome da revista (Amazing Stories) e logo abaixo o subtítulo The magazine of scientification, ou seja, A revista de cientificação, uma expressão criada por Gernsback para definir histórias que tivesse uma narrativa com um fundo de ciência. Transcrevemos logo abaixo o texto traduzido por nós:
Mais uma revista de ficção!
Há a revista de ficção usual, a história de amor e o tipo de revista sex-appeal, o tipo de aventura e assim por diante, mas uma revista de “Cientificação” é pioneira em seu campo na América.
À primeira vista, parece impossível que haja espaço para outra revista de ficção neste país. O leitor pode se perguntar: “Já não há o suficiente, com as várias centenas agora sendo publicadas?” É verdade. Mas isso não é “outra revista de ficção”, Amazing Stories é um tipo novo de revista de ficção! É totalmente novo, totalmente diferente. Algo que nunca foi feito antes neste país. Portanto, Amazing Stories merece sua atenção e interesse.
Por “cientificação” quero dizer o tipo de histórias de Júlio Verne, H. G. Wells e Edgar Allan Poe – um romance encantador misturado com fatos científicos e visão profética. Por muitos anos, histórias dessa natureza foram publicadas nas revistas irmãs de Amazing Stories — “Science & Invention” e “Radio News”.
Mas com as exigências cada vez maiores sobre nós para esse tipo de história, e mais do que isso, só havia uma coisa a fazer – publicar uma revista na qual o tipo de história de ficção científica [1] fosse veiculado exclusivamente. Para esse fim, traçamos planos elaborados, sem poupar tempo nem dinheiro.
Edgar Allan Poe pode muito bem ser chamado de pai da “cientificação”. Foi ele quem realmente originou o romance, tecendo habilmente em torno da história, um fio científico. Júlio Verne, com seus romances incríveis, também habilmente entrelaçados com um fio científico, veio em seguida. Um pouco mais tarde veio H. G. Wells, cujas histórias científicas, como as de seus antecessores, tornaram-se famosas e imortais.
Deve-se lembrar que vivemos em um novo Mundo. Duzentos anos atrás, as histórias deste tipo não eram possíveis. A ciência, através de seus vários ramos da mecânica, eletricidade, astronomia, etc, entra tão intimamente em todas as nossas vidas hoje e estamos tão imersos nessa ciência, que nos tornamos bastante propensos a tomar novas invenções e descobertas como certas. Todo o nosso modo de vida mudou com o progresso atual e não é de admirar, portanto, que muitas situações fantásticas – impossíveis há 100 anos – sejam geradas hoje. É nessas situações que os novos romancistas encontram sua grande inspiração.
Esses contos surpreendentes não só fazem tremendamente leitura bastante interessante — eles também são sempre instrutivos. Eles fornecem conhecimento que não poderíamos obter de outra forma – e eles o fornecem de uma forma muito palatável. Pois os melhores desses escritores modernos de cientificização têm o dom de transmitir conhecimento, e até mesmo inspiração, sem nos fazer perceber que estamos sendo ensinados.
E não só isso! Poe, Verne, Wells, Bellamy e muitos outros provaram ser verdadeiros profetas. Profecias feitas em muitas de suas mais surpreendentes histórias estão sendo realizadas – e foram realizadas. Por exemplo, o fantástico submarino da história mais famosa de Júlio Verne, Vinte Mil Léguas Submarinas. Ele previu o submarino de hoje quase até o último parafuso! Novas invenções retratadas para nós na cientificização de hoje não são impossíveis de serem realizadas amanhã. Muitas grandes histórias científicas destinadas a serem de interesse histórico ainda precisam ser escritas, e a revista Amazing Stories será o meio pelo qual essas histórias chegarão até você. A posteridade apontará para eles como tendo aberto um novo caminho, não apenas na literatura e na ficção, mas também no progresso.
Nós, que publicamos Histórias Incríveis, percebemos a grande responsabilidade dessa empreitada e não poupará energia para apresentar a vocês, a cada mês, o melhor desse tipo de literatura que há para oferecer.
Acordos exclusivos já foram feitos com os detentores dos direitos autorais de todas as obras volumosas de TODAS as histórias imortais de Júlio Verne. Muitas dessas histórias ainda não são conhecidas do público americano em geral. Pela primeira vez, elas estarão ao alcance de todos os leitores através de Amazing Stories. Já foram contratadas várias histórias alemãs, francesas e inglesas desse gênero, dos melhores escritores de seus respectivos países e esperamos em breve poder ampliar a revista e assim apresentar sempre mais material aos nossos leitores.
Quão boa esta revista será no futuro é você que decide. Contar Histórias Incríveis — chame seus amigos para lê-la e, em seguida, escreva-nos o que você pensa sobre isso. Aceitaremos críticas construtivas, pois somente assim saberemos como satisfazê-lo.
A expressão usada por Gernsback, “cientificação”, entende-se como uma forma de atribuir às narrativas aspectos relacionados à ciência. Além disso, de acordo com Gernsback, o autor das narrativas ficcionais também precisa ter uma “visão profética”, ou seja, é preciso ter uma visão daquilo que será o futuro tecnológico. Certamente aí também podemos afirmar qual será a influência dessa ciência sobre a sociedade, pois ele mesmo afirma que a ciência “entra tão intimamente em todas as nossas vidas hoje e estamos tão imersos nessa ciência” e que “o nosso modo de vida mudou com o progresso atual” que tudo isso pode interferir muito, não apenas nas nossas vidas, mas também na sociedade.
Observa-se também que nessa primeira edição de Amazing Stories há uma forte percepção do que Gernsback entende sobre um gênero que estava sendo oficialmente criado por ele mesmo. Nenhum dos termos apresentados acima havia sido citado por outros autores que já eram consagrados e tiveram suas obras incluídas entre os clássicos da literatura mundial e pertencentes às primeiras obras de ficção científica. Refiro-me a Mary Shelley, Júlio Verne e H.G. Wells. Até então, obras desse tipo eram chamadas de “romance científico”, especificamente na Inglaterra.
Em artigo publicado na Writer’s Digest (fevereiro de 1930), Gernsback traz mais informações sobre como escrever histórias de ficção científica. Tanto na Amazing quanto nesse artigo, ele afirma que as histórias devem servir tanto como entretenimento quanto uma forma de instrução. Sobre esse último, e agora com base no artigo da Writer’s Digest, ele se refere à plausibilidade das referências que tenham o fundo científico. Observe o que diz o autor:
uma história de ficção científica deve ser uma exposição de um tema científico e deve ser também uma história. Como exposição de um tema científico, deve ser razoável e lógico e deve ser baseado em princípios científicos conhecidos. Você tem o direito perfeito de usar sua imaginação como quiser no desenvolvimento dos princípios, mas a teoria científica fundamental deve estar correta.
Se a história deve ser interessante, não deve se descuidar o autor da descrição, contanto que não seja entediante para o leitor. A precisão científica é importante, mas deve estar a serviço da narrativa. Significa dizer que a primeira deve complementar a segunda e não o contrário.
Gernsback finaliza o artigo trazendo três aspectos cruciais para a história de ficção científica, conforme ele entendia. A primeira é, se o autor não tem noções precisas sobre a “ciência” que coloca em sua história, então que procure informações em uma biblioteca. Isso significa dizer que, se não não sabe, não invente errado ou não crie algo implausível.
A segunda é colocar a “ciência” acima do enredo de sua história. Segundo ele, a “ciência melhora o enredo e não vice-versa”. Finalmente, o autor da obra ficcional deve dividir a história em ação, diálogo e descrição. No entanto, deve fazer isso de forma equilibrada e se tiver “uma longa passagem descritiva para escrever, interponha alguma ação”.
TODAS AS REVISTAS
Em 1929, Gernsback perdeu a propriedade da Amazing após um processo de falência. Porém, algum tempo depois ele criou duas novas revistas de ficção científica, a Science Wonder Stories e a Air Wonder Stories. No primeiro número de Wonder Stories, em junho de 1929, Gernsback retomou o seu entendimento sobre o que ele pensava sobre como deveriam ser as histórias. Observe a transcrição do texto da página editorial da revista, assinada por ele mesmo:
O gosto pela leitura muda a cada geração. O que era aceitável para seus avós. A literatura de seus pais – o tipo de história Laura Jean Libby e os romances baratos, Buffalo Bill e Deadwood Dick são ridicularizados pela geração atual. A última década viu a ascendência da literatura “sexy”, do tipo auto-confissão, bem como a avalanche de histórias de detetives modernas. Mas são coisas transitórias, fundadas nos caprichos do momento. Pois o mundo anda veloz nos dias de hoje e com ele também a literatura. A Ciência-Mecânica- as Artes Técnicas – elas nos cercam por todos os lados, ou melhor, penetram profundamente em nossas próprias vidas. O telefone, o rádio, os filmes falantes, a televisão, os raios X, o rádio, os superaviões e dezenas de outros chamam nossa atenção constante. Vivemos e respiramos dia a dia em uma atmosfera saturada de Ciência.
As maravilhas da ciência moderna não nos surpreendem mais – aceitamos cada nova descoberta como algo natural. Até questionamos por que isso não aconteceu antes. O homem comum não reconhece mais na ciência a palavra impossível; “O que o homem quer, o homem pode fazer”, é sua crença. Viagens interplanetárias, panfletos espaciais, conversas com Marte, transmutação de elementos – por que não? Se não hoje, bem, então, amanhã. São surpresas? Não para ele; o homem moderno os espera. Não é de admirar, então, que qualquer um que tenha alguma imaginação clame por ficção do tipo Júlio Verne e H. G. Wells, tornada imortal por eles; a história que tem uma base científica e é lida por uma multidão cada vez maior de pessoas inteligentes. SCIENCE WONDER STORIES supre essa necessidade de ficção científica e a supre melhor do que qualquer outra revista.
Comecei o movimento da ficção científica na América em 1908 através da minha primeira revista, “MODERN ELECTRICS”. Naquela época era um experimento. Os autores de ficção científica eram escassos. Não havia uma dúzia que valesse a pena mencionar em todo o mundo. Eu mesmo escrevi várias dessas histórias e romances e gradualmente agrupei em torno de mim um círculo de autores que resultou em trabalhos cada vez melhores com o passar dos anos. Ainda tenho comigo os melhores desses autores e praticamente todos estão escrevendo e continuarão escrevendo para esta revista.
Quem são os leitores de SCIENCE WONDER STORIES? Todo o mundo. Banqueiros, ministros, estudantes, donas de casa, pedreiros, correios, fazendeiros, mecânicos, dentistas – todas as classes que você possa imaginar – mas apenas aqueles que têm imaginação. E como regra aqueles com inteligência e curiosidade. Quando a ideia da nova revista se formulou, naturalmente o nome era importante, e eu o coloquei nas mãos dos futuros leitores. Os editores, não tiveram nenhuma mão nisso.
Muitos milhares de potenciais leitores circularam por meio de uma única carta. Eles foram solicitados a assinar uma revista nova e desconhecida, bem como uma revista sem nome. O resultado foi realmente incrível. Eu nunca experimentei algo assim em meus vinte e cinco anos de experiência editorial. E como resultado do voto popular, SCIENCE WONDER STORIES é o nome da nova revista. Também pedi um voto para o TIPO de história mais desejada. E o tipo que obteve a maioria dos votos, comprometo-me a publicar.
Os novos leitores também votaram em outras coisas, notadamente nas “Notícias Científicas do Mês”, – algumas páginas de parágrafos curtos dando as últimas conquistas científicas do mundo inteiro escritas em inglês simples, para que “ele, que dirige, possa ler e lucrar”. Esse departamento começa nesta edição. A ficção científica, conforme publicada em SCIENCE WONDER STORIES, é uma tremenda força nova na América. São as histórias que são discutidas por inventores, por cientistas e na sala de aula. Os professores insistem que os alunos os leiam, porque eles ampliam o horizonte do jovem, como nada mais pode. Os pais sábios também deixam seus filhos lerem esse tipo de história, porque sabem que isso os mantém atualizados, os educa e suplanta a história do sexo vicioso e degradante.
SCIENCE WONDER STORIES são limpas, LIMPAS do começo ao fim. Eles estimulam apenas uma coisa – IMAGINAÇÃO. Onde está o leitor que pode permanecer fleumático quando você o leva para planetas distantes, para um futuro distante daqui a 10.000 anos, ou em uma viagem para a quarta dimensão? Não é de admirar que esses leitores ou fãs, por favor, se apeguem à ficção científica com uma espécie de reverência. Considero uma ocasião particularmente afortunada para receber em nosso conselho editorial e consultivo, um imponente conjunto de autoridades científicas e educadores.
Há muito tempo tenho a sensação de que ter uma autoridade nas várias ciências que transmitiria a correção científica de tais histórias seria de grande ajuda para mapear o curso futuro da ficção científica. Houve muita pseudo-ficção científica de qualidade questionável no passado. Autores excessivamente entusiasmados com pouco treinamento científico se apressaram em publicar e inconscientemente enganaram o leitor pela distorção de fatos científicos para alcançar resultados que são claramente impossíveis.
É política da SCIENCE WONDER STORIES publicar apenas histórias que tenham sua base em leis científicas como as conhecemos, ou na dedução lógica de novas leis a partir do que conhecemos. E essa é a razão pela qual TODAS as histórias publicadas nesta revista devem ser aprovadas perante uma autoridade. É uma garantia aos nossos leitores que eles não receberão uma falsa educação científica através da leitura dessas histórias. Acredito que essa inovação fará nova história na edição de revistas. Não conheço nenhuma outra revista de ficção que possa reunir tanta autoridade e educadores para transmitir a qualidade de suas histórias.
É um bom presságio para o futuro da ficção científica na América.
Sob uma análise mais apurada, é possível perceber-se a exigência de Gernsback quanto à plausibilidade dos elementos ficcionais das histórias, mesmo sendo um texto que projete ações em um futuro ainda não sabido. Ele mantém, portanto, a visão de que as histórias devem ter uma mínimo de utilidade prática para educar o leitor e não enganá-lo com coisas que não existem e que podem ser consideradas impossíveis de virem a existir. O argumento de que as histórias passarão pelo olhar apurado de cientistas e educadores é uma forma bastante clara de afirmar a linha editorial da revista e de seu editor.
Um ano depois, devido a problemas financeiros da era da Depressão, as duas foram reunidas em uma só revista que se chamou Wonder Stories, sendo publicada até 1936, quando foi vendida para Thrilling Publications e renomeada Thrilling Wonder Stories. Gernsback ainda retornou em 1952-53 com mais uma revista, a Science-Fiction Plus.
A sequência de revistas que pertenceram, foram editadas e publicadas por Gernsback, ou que tiveram a sua participação no gênero de ficção científica, foram Wonder Stories (abril de 1926 a abril de 1929), Air Wonder Stories (julho de 1929 a maio de 1930), Science Wonder Stories (junho de 1929 a maio de 1930), Wonder Stories (junho de 1930 a abril de 1936), Science Wonder Quarterly (outono de 1929, inverno e primavera de 1930) e Wonder Stories Quarterly (verão de 1930 até inverno de 1933).
O que destaca a importância de Hugo Gernsback não é o fato de Amazing Stories ser a primeira revista especializada em ficção científica, mas por ele ser o editor que insistiu sozinho no mercado editorial na criação desse gênero. Isso se não levarmos em conta o fato de que em 1929 a revista passou para as mãos de outra pessoa. Somente em 1930 surgiu uma concorrente, a Astounding Science Fiction, que chegou a dominar o mercado editorial e de lançar muitos escritores que se tornaram famosos.
Gernsback faleceu em 19 de agosto de 1967, aos 83 anos. Durante sua vida ele foi inventor, escritor e editor, mas não há dúvida de que a sua maior contribuição foi dar à ficção científica seu nome, seu gênero e uma tradição que está sendo continuada por diversos autores, além de filmes e séries baseadas no gênero. Desde 1960, seu nome passou a ser usado para os prêmios anuais de ficção científica concedidos a novos autores e para outras conquistas na área. A lista de vencedores do Hugo Award inclui muitos autores que ficaram consagrados, entre eles citamos Isaac Asimov e Arthur C. Clarke. O próprio Gernsback foi agraciado com um Prêmio Hugo especial em 1960. Uma justa homenagem!
[1] No texto original aparece a expressão: “publish a magazine in which the scientific fiction type of story will hold forth exclusively”. Aqui aparece uma forma diferente de expressar o gênero literário que conhecemos hoje, porém não é a que se usa comumente no Brasil, por exemplo. O que entendemos como “ficção científica” vem do termo “science fiction”. O termo “cientificação” para se referir à “ficção científica” nos primeiros momentos de criação da revista e do próprio gênero literário.
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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.