Massa Cinzenta: Psiônicos Num Futuro Obscuro

Uma mistura ficção científica com algo sobrenatural, algumas coisas de drama familiar e um roteiro meio confuso. Uma diversão para domingo de chuva e preguiça, disponível na HBO Max.

Paulo Bocca Nunes

As plataformas fazem de tudo para lotar os seus catálogos com filmes de todos os gêneros. Na dúvida sobre quem agradar, misturam-se alguns gêneros em um único filme. Dessa forma, presumo eu, é possível chamar a atenção de um número razoável de pessoas e garantir acessos às suas plataformas. O longa-metragem “Massa Cinzenta” parece ter saído de uma ideia assim.

O problema do filme começa na sua origem, que é o produto de um reality show produzido pela MAX (ex-HBO) norte-americana. O nome é Project Greenlight, uma série de documentários que segue cineastas iniciantes que têm a chance de dirigir o seu primeiro longa-metragem. A direção de Massa Cinzenta coube à Meko Winbush que teve a mentoria de Issa Rae, Kumail Nanjiani e Gina Prince-Bythewood. O elenco contou com bons atores (Mia Isaac, Jessica Frances Dukes e o veterano ator Garret Dillahunt). O resultado foi uma mistura de boas performances, mas o roteiro de Philip Gelatt é um tanto desanimador.

A história segue Aurora, uma garota de 16 anos, que é protegida do mundo exterior por sua mãe protetora, Ayla. A mãe vem treinando sua filha para controlar melhor seus poderes “psiônicos”, que foram herdados da mãe e incluem telecinesia e telepatia. Certa noite, a adolescente foge de casa para encontrar amigos que fez em segredo e acaba perdendo o controle sobre suas habilidades, acabando com uma tragédia e perdendo o disfarce cuidadosamente construído pela mãe.

Com a manifestação psiônica, surge Derek, um sujeito misterioso obrigatório, pois precisamos de um antagonista, que leva Aurora para uma instalação que ele descreve como um refúgio seguro para psiônicos. O local parece ser acolhedor, no começo, mas pouco tempo depois, Aurora descobre coisas tão desagradáveis quanto misteriosas. A situação vai piorando à medida que a garota descobre que sua mãe esconde um passado que a incrimina. 

SOBRE O FILME

A história começa em um tempo e lugar. Ayla coloca bombas na parede de um prédio. Guardas a perseguem, mas algo dá muito errado e ela é acusada de dois homicídios. Há um salto de quinze anos para o futuro e encontramos Ayla e sua filha adolescente. A mãe deixa a filha isolada do mundo, enquanto dá a ela educação e treinamento para controlar os poderes que herdou. A jovem não aceita esse isolamento nem entendo o motivo desse castigo.

Ayla instruiu a filha para o caso de algo dar errado, lhe ensina como controlar a sua mente para impedir que ela abra acesso a outro psiônico e saiba tudo sobre sua vida e a da mãe. Tudo envolto em mistério. As respostas que vão surgindo não satisfazem a garota, que desconfia que a mãe esconde muito mais do que ela mesma acredita. Por conta dessas dúvidas, Derek usa de psicologia para extrair tudo da garota e dizer onde está Ayla. 

Pelo terceiro ato do filme, Aurora parece ter removido a sua casca de teimosia e assume o protagonismo contra Derek, um psiônico muito mais experiente. Não se pode afirmar que o final tenha sido amplamente satisfatório, nem mesmo sugestivo para uma continuação, pois todo o filme é fruto de reality show para abrir as portas para cineastas novos. O roteiro segue algumas fórmulas bastante conhecidas. Uma colcha de retalhos previsível com uma trama bastante simples em que foram agregadas algumas pitadas de sobrenatural com ficção científica, com thriller de ação, suspense e umas pitadas de crise familiar.

CONCLUSÃO

Trata-se de um filme razoável. Diverte um pouco. As falas dos personagens não são carregadas de significados inovadores. Nem mesmo as características dos personagens principais: a mãe super-protetora e sua filha oprimida, que não pode ter amigos e sonha em levar uma vida normal e um vilão manipulador que esconde a sua dupla personalidade. O filme está disponível na HBO Max.

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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.