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Silo: Os Dois Primeiros Episódios

Uma série que não é feita para quem tem fobia por lugares fechados, mas vai segurar a atenção até o final. Quem construiu Silo? Por que o mundo fora de Silo está do jeito que está? Por que ninguém pode saber a verdade?

Paulo Bocca Nunes

Silo é uma série de televisão do gênero ficção científica distópica. Produção norte-americana criada por Graham Yost e é baseada na série de romances Silo do autor Hugh Howey. A história se passa em um futuro pós-apocalíptico, num mundo tóxico e destruído misteriosamente. Em um silo subterrâneo, os últimos dez mil sobreviventes da Terra tentam se manter protegidos contra o caos mortal do mundo lá fora. Ninguém sabe quem ou por que o abrigo foi criado. 

Toda vez que alguém tenta conhecer sua origem, desvendar esse mistério, acaba sofrendo consequências fatais. Aqueles que ainda tentam, de alguma forma, mesmo sutil, furar essa bolha, não são bem vistos e são mantidos sob controle velado. Todos os registros foram apagados e são chamados de “relíquias”. Quem possuir uma dessas “relíquias” que faça ou seja referência ao passado, também será punido. As coisas começam a mudar quando um objeto é encontrado e alguns personagens têm a sua curiosidade despertada para buscar possíveis respostas.

A SÉRIE

A plataforma disponibilizou os primeiros dois episódios no dia 5 de maio. De modo geral, a série segue o máximo possível o livro. As primeiras impressões mostram que há um enigma emocionante para desvendar ao longo da série, que é rica em implicações e analogias do mundo real. O mistério e a intriga vão sendo entregues de forma gradual, mas não é lenta nem arrastada. Vai sendo entregue através dos personagens em seus diálogos. 

As pessoas circulam por corredores e escadas que têm um tom cinza, o que transforma o ambiente em algo tenso e opressor. Não existem cores vivas, a não ser na comemoração do Dia da Liberdade, comemorado pela passagem dos 140 anos da libertação do povo do Silo dos rebeldes. No dia e hora exata, é feito um minuto de silêncio, é entoado um cântico e são soltos balões luminosos no silo.

O silo é um abrigo imenso e profundo. As pessoas têm o seu status social de acordo com o andar que ocupa. As regras são rígidas. Tudo é controlado: casamentos e filhos precisam de autorização, que pode levar meses. Nem sempre as respostas são positivas.

O sistema judicial é rigoroso. Sempre que é citado nas conversas, há um misto de medo com indignação pelo poder supremo e tirano que exerce. As pessoas fazem algum comentário, mas sempre entre aqueles que confiam e em lugares fechados. Qualquer coisa sobre o passado do Silo deve ser destruído e não deve ser divulgado. Quem fizer perguntas pode sofrer sanções ou punições. Mesmo a prefeita tem os seus questionamentos, mas os externa apenas para as pessoas em quem confia.

Uma das leis mais rígidas é atender todo aquele que pedir para sair do Silo. Esse pedido sempre é atendido, mas a pessoa irá limpar os sensores espalhados ao redor do Silo. A pessoa que irá sair é vestida com uma roupa e capacetes especiais e é lido um texto que fala sobre o pedido de sair e as consequências de estar fora do Silo. A sua saída pela porta principal é feita de forma ritual. Uma pessoa lê para aquele que pediu para sair:

Tudo começa a ganhar status de conspiração quando um objeto é encontrado e uma pessoa aparece morta, com a suspeita de suicídio. Somente uma pessoa, uma engenheira responsável por manter o silo funcionando, afirma que ele foi assassinado. Isso atrai as suspeitas do xerife e de outras pessoas.

O clima de conspiração aumenta quando é necessário escolher outro xerife e a sugestão é justamente da engenheira, contrariando outra pessoa importante no Silo. A prefeita que apresenta sutilmente algumas dúvidas sobre o silo, acaba se tornando um elemento forte nesse rolo de intrigas. 

Há um grande medo do poder Judicial e dos Executores, que estão atentos a tudo o que se refere a qualquer questionamento sobre o passado de Silo. São os personagens que fazem referências aos arquivos que foram destruídos no período da rebelião para que tudo fosse esquecido. Qualquer pessoas que for encontrada com uma relíquia, ou seja, um objeto que pertença ao período anterior à rebelião, 140 anos antes, terá o objeto confiscado, destruído e a pessoa será julgada e condenada. 

As perguntas que vão surgindo: Por que tudo foi apagado? Por que não se pode saber algo sobre o passado de Silo? O que tem fora de Silo? Essas perguntas passam a criar dúvidas sobre o que existe fora, Será que a Terra ficou inabitável? As amplas janelas abertas para o exterior mostram uma terra devastada, destruída, árvores secas e mortas. Será que é isso mesmo? Todas essas questões surgem depois que foi encontrado o objeto que era do homem que aparece morto.

Os personagens que mais se destacam são o xerife Holston, a esposa Allison, a prefeita Ruth Jahns e a engenheira Juliette, que será o centro de todas as ações que envolverão as buscas por respostas. Principalmente, depois que uma pessoa muito importante para ela surge morta misteriosamente.

Não existe profundidade de personagens, no entanto, esse aspecto se dilui na própria premissa da história: Silo teve o seu passado apagado e tudo deve se resumir no trabalho para manter Silo funcionando para que todos se mantenham vivos. Nada interessa fora do abrigo. 

A relação amorosa entre o xerife Holston e sua esposa Allison não teve uma história de origem, mas o que sabemos deles apresenta toda a história e o principal conflito de Silo. Da mesma forma, o profissional de TI, que se constitui na peça chave que vai desencadear todo o conflito, também não tem profundidade, mas a sua participação também faz com que a trama se desenvolva.

A direção e o roteiro mantêm o curso certo das ações, medindo a intensidade delas, mediando algumas informações com flashbacks, mas sem que isso interfira na ação direta. Esse processo, inclusive, está de acordo com o próprio livro. O elenco muito bem escolhido também garante boa qualidade aos personagens.

A série está programada para dez episódios. Com esses dois primeiros já se pode esperar uma grande série e, certamente, irá garantir uma segunda temporada.

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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.