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Slender Man: pesadelo sem rosto

Filme do gênero suspense e terror chegou no catálogo da Netflix em setembro de 2021. O filme causou uma polêmica muito grande antes da sua estreia nos cinemas em 2018.

Por Paulo Bocca Nunes

A Netflix traz mais um filme do gênero de terror e suspense. Dessa vez é Slender Man: pesadelo sem rosto. A produção é de 2018, mas na época causou muita polêmica. A história se baseia em uma lenda da internet e causou muita polêmica e até mesmo indignação por parte do público.

O personagem foi criado em 2009 como parte de um concurso de photoshop. No entanto, foi criada uma história por Victor Surge em que o personagem é um vilão e publicada no site Creepypasta dedicado a histórias de terror da internet. A história foi descoberta por duas meninas que atacaram e esfaquearam uma colega de escola alegando que foi o Slender Man que havia mandado cometer o crime. A garota agredida foi abandonada em um bosque perto da escola, mas, mesmo sangrando muito, sobreviveu, procurou ajuda e foi levada às pressas a um hospital. Felizmente ela sobreviveu e contou a história. As duas agressoras foram rpesas e condenadas por tentativa de assassinato e ainda afirmaram que havia sido o Slender Man o mandante. O crime aconteceu na pequena cidade de Waukesha, em Wisconsin (EUA), em 2014.

Quando veio a público a produção desse filme, com o personagem Slender Man, houve revolta por parte das famílias das garotas envolvidas naquele crime. Apesar de o roteirista e o diretor (Sylvain White) afirmarem que o filme não teria nenhuma relação com o fato de 2014, não diminuiu a indignação tanto das famílias quanto de parte de pessoas que lembravam do ocorrido. O filme estreou em 2018 e não agradou nem a crítica especializada nem o público que assistiu ao filme.

RESENHA

Quatro garotas, amigas, adolescentes e estudantes moradoras de uma cidade pequena levam uma vida que elas consideram entendiante. Certa noite, Wren, Chloe e Hallie se reúnem na casa de Katie para jogar conversa fora. Em certo momento elas começam a falar sobre um tal monstro chamado Slender Man. Como curiosidade elas decidem invocá-lo através de um vídeo na internet. No vídeo, alguém que se identifica como Slender Man orienta alguns procedimentos que elas devem fazer como forma de iniciação. Sons e imagens passando rápido na tela produzem um efeito quase hipnótico e deixam as quatro impressionadas.

A partir daí as quatro começam a ter pesadelo e visões de um homem muito alto, extremamente magro, vestido com um terno escuro, sem rosto e com oito braços também longos. Ele é capaz de fazer suas vítimas alucinarem. A primeira vítima, uma das quatro garotas, simplesmente desaparece e a polícia não tem qualquer pista. Todos ficam impressionados com o desaparecimento por causa da forma como ocorreu. A polícia não encontra qualquer pista e as amigas decidem fazer a procura e a enfrentar a criatura.

OPINIÃO

Pode não ser determinante, mas o orçamento de apenas 10 milhões de dólares e um tempo de 1h32 de filme não foram suficientes para desenvolver uma história mais consistente. O roteiro é fraco, previsível, com “atalhos” que prejudicaram na construção e desenvolvimento dos personagens e na própria trama. A direção além de não ajudar em absolutamente nada ainda optou pelo “simples” talvez por causa do orçamento, isso pode ser visto principalmente, no meu entender, na fotografia.

As cenas em que se passam no bosque, durante o dia, são muito boas, mas todas as outras e as de interior (nas casas, por exemplo) são escuras! Uma coisa é um filme sombrio (os do Batman, por exemplo), outra coisa é um filme escuro! Só pelo fator “escuro” já se pode perceber que haveria cenas de susto fácil. Ainda assim prejudicou o susto, pois com filme escuro perde um bocado no suspense.

As garotas falam de um tédio do lugar em que vivem, mas não se mostra esse tédio que justifique a aventura que as quatro embarcam naquela noite na casa de Katie. O que faz a cidade ou o lugar ser entendiante? Muito melhor é mostrar e não dizer. Ao mostrar, haveria uma grande oportunidade de desenvolver cada personagem, principalmente as protagonistas.

Se a intenção do filme foi falar sobre os perigos da internet, não atingiu o objetivo. Faltou um rumo nesse sentido. Muito superficial e tudo ficou o “terror pelo terror” ou “suspense pelo suspense”, ou seja, filme feito só para aproveitar um personagem conhecido e dar sustos em quem assiste. O pior é que cada susto é muito previsível.

O vilão é interessante, mas é mal explorado. No início, se imagina que o vídeo que as quatro garotas assistiram seria uma forma de colocá-las em um estado hipnótico e isso fosse afetar aspectos psicológicos de cada uma delas. Em determinados momentos do filme essa é a impressão, mas no terceiro ato tudo parece tomar um rumo diferente e confuso. O Slender Man é real? Ele existe de fato? Isso é problema de roteiro e direção.

Os personagens protagonistas são superficiais. E algumas coisas são muito mal exploradas. O pai de Katie é alcoólatra. Isso é muito forte. Presume-se que isso terá alguma relevância na história, mas a forma como o personagem foi (pouco) mostrado chega a ser patético e sem nexo! Então pra que mostrar isso se não vai ter uma relevância para a história?

A superficialidade das protagonistas não permite ao espectador criar uma empatia com elas e nem se justifica muito a relação entre todas elas. Os personagens secundários, ao invés de servirem de suporte dramático de desenvolvimento das protagonistas e da própria história, parecem mais uma decoração mal ornamentada e bagunçada. Um exemplo é o namorado (pífio!) e a irmão menor de uma das quatro garotas. No caso da menina pequena, a cena do hospital seria fantástica se houvesse um desenvolvimento melhor desde o começo. Isso é problema de roteiro e direção.

Não se pode dizer que as atrizes principais foram mal. O problema é que roteiro e direção não ajudaram. A superficialidade da menina pequena fez com que a cena do hospital, no terceiro ato, ser uma coisa muito exagerada e não causando o impacto que se esperava. Foi apenas uma gritaria! Uma parafernália psicodélica de referências perturbadoras.

A sequência da biblioteca poderia ser ótima se não fossem os furos de roteiro, a previsibilidade escancarada. Seria algo como se fosse dito o seguinte: “Olha, gente, agora vamos mostrar uma ceninha que é a hora do sustinho”. Por sinal, um erro de corte na sequência chamou mais a atenção do que a sequência em si. A “crise de nervos” que a personagem foi mais uma dose de exagero do que algo que realmente convencesse o espectador.

NOTA DO FILME

Digamos que uma nota 4 está de bom tamanho. Quer assistir ao filme? Fique à vontade! Eu apenas dei a minha opinião.

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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.