Viagens de Gulliver: As Adaptações De Um Clássico Da Literatura
Uma das obras mais impactantes e influentes da literatura mundial, faz críticas sociais à sua época, mas ainda são bastante atuais.
Paulo Bocca Nunes
A literatura é a linguagem escrita de forma poética. Não significa dizer que toda literatura seja poesia, mas pelo fato de nos apresentar um mundo imagético possível em que o narrador da história nos leva a viajar por cenários que ele nos apresenta sob o seu ponto de vista único. Os personagens que desenvolvem as ações através do olhar clínico do mesmo narrador, muitas vezes nos cativam de modo a nunca mais esquecê-los. Mais que isso: sobrevivem ao próprio tempo e seguem por gerações encantando os leitores de todas as idades.
Mesmo que os tempos mudem, que as pessoas mudem, que o contexto mude, ainda assim o texto, sendo exatamente o mesmo, permanece cativante e cheio de novas ideias a cada leitura. Sobre isso, o escritor italiano Ítalo Calvino nos afirma que a literatura nunca termina de nos dizer tudo. Ou seja, mesmo que façamos uma nova leitura, mas em épocas diferentes de nossas próprias vidas, a literatura ainda vai nos dizer algo que não havíamos percebido. É claro que, à medida que vamos amadurecendo como pessoas ou mesmo como leitores, vamos encontrando outro texto por trás do mesmo texto.
A História da Literatura, escrita por especialistas no assunto, nos apresenta períodos literários em que figuram as obras mais expressivas, tornando-se muitas delas em clássicos mundiais e assim constituindo um cânone quase obrigatório de leitura. Uma das mais lembradas dessas obras é As viagens de Gulliver, do irlandês Jonathan Swift (1667-1745). Publicada em 1726, a obra teve várias reimpressões e, séculos mais tarde, também teve diversas adaptações para outras linguagens que não a literária, ou a escrita, como é o caso do teatro, que se constitui em um tipo de linguagem muito frequente nas adaptações literárias. Ao longo de quase trezentos anos, As viagens de Gulliver foi se mostrando como uma obra inquietante e provocadora de debates, mesmo que atualmente ela seja vista mais como uma obra voltada para o público infantojuvenil.
A partir das primeiras décadas do século XX, com a consolidação do rádio, da TV e do cinema, surgem as adaptações de romances para essas mídias. Se antes as obras circulavam entre os leitores, um de cada vez, as produções das adaptações passariam a alcançar um número muito maior de pessoas de todas as classes sociais. À medida que circulavam, foram se integrando à chamada cultura pop. Com a prática constante de adaptações de romances, um produto muito forte nas instituições de ensino, foram surgindo questionamentos e debates sobre a possibilidade de incentivo à leitura do texto tendo a mídia radiofônica, televisiva ou cinematográfica como apoio.
Debates à parte, não se pode esperar que a linguagem literária seja plenamente reproduzida em outras mídias. No caso do romance será o narrador que nos guiará pela história, irá nos contar os acontecimentos, descreverá os cenários e ações dos personagens. A nossa imaginação irá se encarregar de construir as imagens de todos esses aspectos e será diferente de um leitor para outro. Sempre haverá algum detalhe diferente, de um leitor para outro. Enquanto isso, a TV e o cinema nos mostram o que imaginamos através da leitura e, algumas vezes, não nos mostrará aquilo que imaginamos pela descrição do narrador. Não raras serão as vezes que ficamos frustrados quando vemos na tela do cinema ou da TV aquele personagem que imaginamos na leitura. A nossa imaginação sempre irá construir outra coisa totalmente diferente. Por outro lado, houve surpresas que nos levaram para muito além do que lemos.
A adaptação de uma obra literária em uma linguagem diferente se constitui em uma experiência nova, ou seja, a experiência de ver, perceber, interpretar uma história a partir do ponto de vista de outra pessoa que não aquela do livro, o narrador literário. O adaptador de outra mídia se apresenta como um autor que se valerá de um argumento que será encontrado no romance em que se baseia a sua adaptação. Isso significa dizer que, de certa forma, mesmo sendo baseado na obra literária, a adaptação será outra obra e, além disso, autoral.
Nesse processo, há um momento curioso e instigante para quem faz a adaptação do texto literário: perceber os elementos presentes na obra que torna possível a adaptação para outra linguagem, usar de criatividade e transformar em algo possível, mas de forma a não afetar a obra original. Toda adaptação, no entanto, vai levar em conta o seu tempo. O texto original teve o seu tempo de nascimento, o seu contexto social e econômico, além de uma forma muito particular de como a sociedade via, percebia ou entendia o mundo. Porém, a adaptação colocará os olhos no seu próprio tempo, observará a movimentação do seu mundo atual para ter o direito de sua própria existência. Como qualquer processo criativo, isso pode dar certo ou não. O público pode gostar ou não. Também não significa que a obra original sofrerá algum arranhão, pois seja qual for a adaptação, essa sempre será comparada com o texto original e não o contrário.
Veremos a seguir algumas adaptações de As viagens de Gulliver em linguagens diferentes da escrita e suas adaptações para o público infantojuvenil. Vamos focar nas mídias de TV e cinema por serem muito prestigiadas e fazerem parte da cultura de massa. Colocaremos um olhar sobre como elas puderam ser próximo, ou não, do texto original e quais as influências na cultura pop da atualidade.
A OBRA ORIGINAL DE SWIFT
O livro foi publicado em 1726 com o título Viagens a várias nações remotas do mundo, em quatro partes, por Lemuel Gulliver, primeiro um cirurgião e depois um capitão de vários navios. O título foi alterado em 1735 para As viagens de Gulliver. O romance narra as viagens do personagem principal por várias nações vivenciando as experiências e o funcionamento de suas sociedades. Alguns analistas de literatura identificam o romance como uma crítica social de Swift para a situação da Inglaterra de sua época. Hoje, depois de várias reimpressões do romance e das diversas adaptações para TV e cinema, é considerado como um dos clássicos da literatura universal. No entanto a sua circulação maior é de adaptação para o público infantojuvenil.
A história é narrada em primeira pessoa, pelo próprio Lemuel Gulliver. A obra é dividida em quatro partes, cada uma em um território diferente e marcado por peculiaridades dos povos e de suas sociedades.
Primeira viagem – Depois de estudar fundamentos de medicina, matemática e artes de navegação, Gulliver casa-se com Mary Burton, filha de um negociante de meias, com quem teve dois filhos. Depois de algum tempo, Gulliver parte da Inglaterra em um navio tendo como destino os mares do sul na função de médico cirurgião. Em meio à viagem, o navio naufraga após forte tempestade. Único sobrevivente, Gulliver é carregado pelas ondas até a praia de uma ilha desconhecida. Ao acordar, ele percebe que foi amarrado dos pés à cabeça por homens minúsculos de aproximadamente 15 centímetros de altura que o tomam por um inimigo gigante. Mais tarde Gulliver descobre que a ilha é chamada de Lilliput, conquista a confiança dos lilliputianos e os ajuda na guerra contra os inimigos do país vizinho chamado Blefuscu. O motivo da guerra se baseia na disputa pela forma como se quebram os ovos. Em Lilliput se quebra pela parte mais fina da casca, enquanto em Blefescu os ovos são quebrados pela parte da mais grossa. Após evitar um ataque dos navios de Blefescu a Liliput, e negar-se a destruir os navios inimigos, Gulliver obriga os dois países a assinarem um tratado de paz. Acusado de traição pelos liliputianos por manter boas relações com os habitantes de Blefuscu, Gulliver não vê alternativa senão ir embora da ilha. Então, ele encontra um barco abandonado na praia e parte da ilha. Em determinado momento ele é avistado por um navio e levado de volta à Inglaterra. Finalmente chega em sua casa depois de três anos ausente.
Segunda viagem – Gulliver permaneceu dois meses sua cidade natal com a mulher e os filhos e parte para sua segunda viagem. Após outra tempestade e ser atacado por piratas, ele é abandonado pela tripulação em um barco. Assim ele chega a uma ilha chamada Brobdingnag onde vivem gigantes com mais de vinte metros de altura. Ao ser capturado por um fazendeiro, Gulliver se torna uma atração turística. Ele é vendido ao rei local, tem a filha do fazendeiro como cuidadora, mas após passar por muitas dificuldades, ele é levado para morar em uma casa de bonecas de madeira, até que uma águia gigante a rouba com Gulliver dentro e o deixa cair no mar. Ele é resgatado por um navio que o leva novamente de volta ao seu país. Reencontra sua família após quatro anos.
Terceira viagem – Gulliver é feito prisioneiro por piratas e abandonado em uma ilha rochosa perto da Índia. Porém, ele é resgatado pela ilha voadora de Laputa, um reino que se dedica às artes musicais, matemáticas, astronômicas e a ciência em modo geral, só que são incapazes de reproduzi-las para fins práticos. O ultraje dos laputianos é de jogar pedras em cidades rebeldes no solo. Gulliver ficou pouco tempo e partiu para Glubbdubdrib, a terra dos feiticeiros e bruxos. Os habitantes praticam a necromancia e Gulliver conversa com vários personagens importantes da história. Depois de muitas peripécias, ele chega ao Japão, mas volta para casa depois de cinco anos.
Quarta e última viagem – Gulliver volta ao mar como capitão de um navio mercante. Em meio à viagem é traído pelos seus homens que o abandonam em um bote e assim ele chega ao país dos Houyhnhms, governado por cavalos que agem como criaturas racionais, enquanto os humanos, chamados de yahoos, são seres bestiais, com total falta de inteligência e racionalidade. Gulliver admira os cavalos racionais e passa a imitar o estilo de vida deles. Porém, os Houyhnhms decidem expulsá-lo por ser muito parecido com um Yahoo. Gulliver constrói um barco e retorna à Inglaterra depois de outros cinco anos. Ao voltar para casa, ele fica recluso, não fala com seus familiares e compra dois cavalos com quem passa boa parte do tempo conversando.
A obra de Swift está repleta de profundas reflexões sobre a sociedade de sua época. Para isso foram utilizados os diálogos entre Gulliver e os habitantes da cada terra por onde ele passou e conviveu. Por esse aspecto, não se pode dizer que As Viagens de Gulliver foi um romance concebido originalmente para o público infantil ou infantojuvenil. Conforme já dissemos, trata-se mais de uma sátira ou crítica sobre o ser humano e as instituições sociais da Inglaterra do tempo do escritor irlandês. Em forma de narrativa de viagens, Swift buscou expressar a sua indignação em relação à corrupção, aos vícios, à maldade humana e os abusos de poder dos governantes.
ANÁLISE DO ROMANCE
Apesar de a história ser publicada atualmente mais voltada ao público infantojuvenil ou infantil, o certo é que não foi essa a intenção de Swiftt. As Viagens de Gulliver é claramente uma forte sátira e crítica à sociedade de todas as épocas, aos preconceitos e leis que regem os homens. De uma forma prática, o romance lança olhares sobre a humanidade sob os pontos de vista de superioridade, inferioridade, censo comum e a irracionalidade humana.
Em cada um dos lugares que visitou e os personagens que conheceu, a voz de Gulliver se transforma no instrumento de Swift para fazer uma relação com a sociedade de sua época, como as formas de pensar e a organização de países, religiões e grupos sociais. Alguns exemplos que são claros e destacados:
- Em Lilipute há forte crítica à autoridade e ao poder exercido pela monarquia e os conflitos e lutas causadas por motivos irrelevantes e até mesmo fúteis;
- Em Laputa a crítica se volta contra a nova ciência da época e os sábios que viviam imersos em filosofias abstratas e pouco práticas;
- Já em Houyhnhnms há o espanto de como uma espécie animal pode se constituir em um ser superior aos humanos, na qual eles conseguem administrar uma sociedade de forma mais efetiva e funcional.
Há outras abordagens que dizem respeito ao próprio personagem Gulliver. Quando ele está em Lilliput, ele é o gigante e esbanja segurança. Porém, para a sociedade lilliputiana, ele se constitui em uma grande ameaça. Mesmo que ele apresente bons propósitos para resolver o conflito entre Lilliut e Blefusco, Gulliver é visto como uma ameaça e traidor chegando ao ponto de ter que fugir.
Por outro lado, na terra dos gigantes, Brobdignag, ele tem um sentimento oposto. Por ser pequeno demais, a insegurança e o medo são constantes. Também é interessante observarmos a forma como o personagem vê e percebe cada um dos gigantes. Como toda a narrativa é em primeira pessoa, vemos que as observações que Gulliver faz sobre o corpo dos gigantes, por exemplo, apresentam quase um ponto de vista microscópico sobre uma natureza que, para ele, quase chega a ser imperfeita e defeituosa.
Em várias passagens do romance, há debates entre Gulliver e os habitantes dos lugares por onde passou que medeiam aspectos políticos, sociais, filosóficos e religiosos. Todas essas questões faziam parte de um todo social vivido pelo autor, Jonathan Swift. Mais que isso, Swift valeu-se da voz de Gulliver para, em algumas passagens do romance, falar sobre o seu país e sua estrutura social e política recebendo duras críticas pelo que estava descrevendo.
Durante a época em que a obra era escrita, houve mudanças na formação política da Grã-Bretanha, que passou a compreender a Inglaterra, a Escócia, a Irlanda e o País de Gales. A Inglaterra, na época, vivia um forte embate com a Igreja Católica e a política interna vivia uma disputa muito acirrada. A revolução industrial ainda não havia começado, mas as mudanças para uma nova etapa social e econômica já estavam sendo percebidas. Tudo isso teria que repercutir na obra de Swift.
Um aspecto interessante no romance é que cada lugar era visto como uma ilha, um lugar isolado em meio ao desconhecido, algo bem claro nas duas primeiras viagens. Cada lugar se constituía em algo único e destoado de qualquer parte do mundo. Seria isso uma analogia à própria Grã-Bretanha, uma ilha enorme, separada da Europa por um canal, mas ainda pertencendo a ela diplomaticamente? Certamente, isso não se constitui em algo totalmente descabido.
Independente de sua época, o romance ainda tem muito a nos dizer. Podemos fazer algumas comparações com os nossos dias atuais. Observarmos como os assuntos que são debatidos pelos personagens da história ainda estão presentes em nosso tempo. Não importa, nesse caso, a forma como a Literatura usou do recurso da fantasia e das coisas fantásticas, mas como ela conseguiu dizer tudo o que veio a dizer sem ainda encerrar o debate.
Mas… e quanto às adaptações? Seguiram pelo mesmo caminho? Veremos isso a seguir.
AS ADAPTAÇÕES DA OBRA
A obra de Swift inspirou adaptações, inicialmente no teatro e mais tarde foi a vez da música, do cinema e da TV. No teatro, as adaptações ficaram centradas nas aventuras em Lilliput e na Terra dos Gigantes com o uso de atores reais e de bonecos. Também muitos compositores musicais contribuíram com a sua arte. A primeira foi em 1728, dois anos após o lançamento do romance, uma suíte para violinos composta pelo Georg Philipp Telemann. Em 2008, o músico e produtor italiano, Andrea Ascolini, gravou uma versão moderna. Outras canções foram gravadas pelas bandas No More Kings e The Yellow Moon Band e pelo cantor espanhol Miguel Bosé.
No ano de 1999, a Rádio Pública Nacional (NPR na sigla em inglês) sediada em Washington, EUA, fez uma adaptação radiofônica das aventuras de Gulliver em Lilliput. Essas adaptações seguem mais ou menos o roteiro do livro: há um narrador que descreve todo o ambiente e o desenvolvimento da trama e os personagens surgem falando. A diferença mais marcante nesse tipo de linguagem é o surgimento de efeitos sonoros e de trilha musical.
No entanto foi o cinema e a TV que mais contribuíram para trazer outras formas de perceber, de entender, de reconstruir a obra do escritor irlandês. Neste artigo abordaremos as seguintes adaptações do texto de Swift para o cinema e a TV:
1. LE VOYAGE DE GULLIVER À LILLIPUT ET CHEZ LES GÉANTS (As viagens de Gulliver entre os liliputianos e os gigantes), 1902.
O filme mudo dirigido por Georges Méliès é considerado a primeira adaptação que se tem conhecimento. Foi lançado em 1902 na França e 1903, nos EUA. A duração é pouco mais de 4 minutos e pode ser assistido AQUI.
No filme, o personagem Gulliver é representado como um homem de idade avançada na ilha de Liliput. Não há qualquer referência se ele tem família. O filme começa com Gulliver chegando à noite na cidade dos liliputianos. Não há explicação de como ele chegou lá. Gulliver adormece e, quando acorda, está amarrado e os liliputianos estão atirando flechas nele. O filme passa de repente para Gulliver fazendo uma refeição servida pelos liliputianos. O rei vai visitá-lo e em seguida surge um incêndio que Gulliver apaga com uma garrafa de água gaseificada. No livro, a forma como ele apaga é muito diferente: urinando sobre o fogo. O filme passa direto para três homens que jogam cartas. Surge uma mulher que traz um lenço em forma de embrulho e coloca sobre a mesa. De dentro do lenço surge Gulliver e então entendemos que ele está na terra dos gigantes. Muito pequeno, ele não pode ser ouvido e sobe numa escada para se fazer entender pela mulher. Ela ri e com um aceno de mão o deixa cair dentro de uma xícara de café. Assim termina o filme.
2. THE NEW GULLIVER (O novo Gulliver), 1934.
O filme dirigido por Aleksandr Ptushko é uma produção da antiga União Soviética (USSR) no formato de stop motion com o uso de fantoches. O começo e o final do filme tem a participação de atores reais.
A história está centrada em um garoto que ganha um livro que é o seu favorito, As viagens de Gulliver. Ele e seus colegas, no período de férias escolares, partem em um navio com seu professor e chegam em uma pequena ilha. Lá, o professor lê a história do livro para todos ouvirem, mas o garoto acaba dormindo. Ele sonha que é uma versão de Gulliver que desembarcou em Lilliput, governada por um rei. Esse e sua corte vivem de forma abastada às custas da classe trabalhadora, subjugada a trabalhar duro e em péssimas condições. Durante um banquete com o rei e sua corte, Gulliver canta uma canção que fala em liberdade e de trabalhadores livres, o que assusta a todos. O chefe de polícia e outros da corte decidem matar Gulliver. Os trabalhadores tomam conhecimento do fato, pois eles trabalham na fábrica de armas que serão usadas contra o próprio Gulliver, mas esse é avisado por um trabalhador. Os trabalhadores se revoltam, param de trabalhar e vão ajudar Gulliver, começando a destruir a fábrica de armas e tomar posse dela. Na batalha final, entre o exército do rei e os trabalhadores, Gulliver captura a frota de navios do rei e a leva para longe, os trabalhadores vencem e o rei é destituído. O garoto acaba acordando de seu sonho e vê os seus colegas rindo dele, pois durante o sonho ele falava. O filme, em russo e legendas em inglês, está disponível no YouTube e pode ser assistido AQUI.
3. GULLIVER’S TRAVELS (As viagens de Gulliver), 1939.
Filme de animação dirigido por Dave Fleischer e produzido por Max Fleischer para o Fleischer Studios e distribuído pela Paramount Pictures. Em forma de um musical, não se trata de uma adaptação de todo o livro, mas apenas a breve permanência de Gulliver na ilha de Lilliput.
O roteiro é apresentado como um conto de fadas e fica um pouco mais centrada na história de amor entre a filha do rei da Lilliput e o filho do rei de Blefuscu. Por causa da desavença entre os dois reis por causa da escolha do hino que deveria ser tocado e cantado no dia do casamento, se de Lilliput ou de Blefuscu, foi declarada guerra entre os dois países. Há muitas cenas de canções interpretadas pelos personagens principais, algo bem ao gosto das animações da época. O filme serve como entretenimento também, pois os personagens de Lilliput e Blefuscu são representados como desenho animado, enquanto que Gulliver tem traços realistas. Pelo tipo de desenho animado, lembra em muito o filme de Branca de Neve e os Sete anões, de 1937, dois anos antes, portanto. Ainda assim, o filme teve indicação ao Oscar (prêmio máximo da academia de cinema dos Estados Unidos) para melhor música original. Também nessa adaptação não há referência a Gulliver ter uma família, mas há uma cena em que ele observa o mar à noite e canta uma canção que fala de saudade. Quase ao final do filme há a invasão dos navios de Blefuscu, mas Gulliver obriga os dois países a assinarem um tratado de paz, um pouco parecido com o que há no livro. O filme termina com Gulliver partindo em um barco acenando para todos que o observam na beira da praia. O filme completo, com dublagem em português pode ser assistido AQUI.
4. THE 3 WORLDS OF GULLIVER (Os 3 mundos de Gulliver), de 1960.
O clássico da literatura teve sua versão para o cinema com roteiro e direção de Jack Sher e no elenco Kerwin Mathews e Jo Morrow. No enredo, temos o médico Lemuel Gulliver (Kerwin Mathews) como um médico cirurgião muito pobre que busca riquezas como médico de um navio que fará uma viagem ao redor do mundo. A sua noiva, Elizabeth, tenta dissuadi-lo da ideia e os dois acabam brigando.
Gulliver embarca no navio e logo depois descobre que sua noiva está a bordo, pois pretende ficar perto dele. Uma tempestade destrói o navio e Gulliver é levado pelo mar até uma ilha. Depois de constatar o desaparecimento de sua noiva, Gulliver tem contato com os pequenos habitantes da ilha, que chamam de Lilliput. Depois de ganhar a confiança dos lilliputianos, que o viam como um gigante ameaçador, Gulliver interfere na guerra contra Blefuscu, mas por divergência da guerra entre os dois países, Gulliver precisa fugir em um barco e acaba chegando à ilha de Brobdingnag, a terra dos gigantes. Lá, ele é encontrado por uma menina, filha do rei, e acaba reencontrando Elizabeth que chegara ali depois do naufrágio do navio. O rei casa os dois, mas, depois de curar a rainha de uma dor de estômago e ser acusado de bruxaria, o rei condena Gulliver à morte. Uma execução seria em uma luta contra o crocodilo preferido do rei, porém, Gulliver mata o animal. O filme está disponível no Youtube, em inglês, mas pode ser configuarada a legenda em português e você pode assistir AQUI. Seguindo com a resenha, a filha do rei salva os dois, colocando-os em um cesto e os largando ao mar. Gulliver e Elizabeth acabam acordando numa praia e descobrem que estão perto da casa deles, deixando os dois na dúvida se tudo não passou de um sonho.
5. GULLIVER’S TRAVELS BEYOND THE MOON (Viagens de Gulliver além da Lua), 1965.
A história fala de um garoto sem teto que, ao ser expulso de um cinema enquanto assistia ao filme As viagens de Gulliver, quase é atropelado por um caminhão, bate numa parede e fica desacordado. Ao despertar ele encontra um cão falante e um soldado de brinquedo movido por mecanismo de corda que foi descartado em uma lata de lixo.
Os três acabam se envolvendo em encrencas com a polícia em um parque de diversões, escapam em um rojão e caem numa floresta. Lá eles encontram a casa do professor Gulliver, um cientista idoso que viaja pelo espaço sideral e construiu um foguete. Ele tem seu assistente Crow, um corvo. Os cinco viajam pela Via Láctea até o Planeta da Esperança Azul que sofre o domínio da rainha do Planeta Púrpura e seu grupo de robôs malignos. Os cinco viajantes ajudam o Planeta Azul a vencer o exército do Planeta Púrpura. O filme faz uma transição e mostra o menino acordando na rua, próximo de onde havia caído desacordado. Ele encontra o cão que já não fala. Levanta-se e olha na lata do lixo e encontra o soldado de brinquedo que também já não fala. O garoto pega o boneco e sai pela rua seguido pelo cão em busca de outra aventura. Por esse breve resumo o que se pode dizer é que o argumento do romance de Swift serviu para essa adaptação. Para ficar mais próximo do romance, o professor que o garoto encontrou tem o nome do personagem do romance e tem o gosto pelas viagens, e nesse caso, o de viajar pelo espaço. De resto, não há quase nada a ver com o livro de Swift. O filme, todo em japonês e sem legendas, pode ser assistido no YouTube se você clicar AQUI.
6. THE ADVENTURES OF GULLIVER (As aventuras de Gulliver), 1968.
Em setembro de 1968, a TV brasileira exibe uma série em desenho animado com 17 episódios. O roteiro, no entanto, difere bastante do romance de Swift.
Ao sair em busca de um tesouro, o pai do jovem Gary Gulliver é atacado por Leeck, comandante do navio em que estão viajando. Durante a briga, ocorre um forte temporal, o navio é atingido por um raio, bate em recifes e naufraga. Antes de cair ao mar, o pai de Gulliver lhe dá o mapa de um tesouro. O jovem chega até a praia de uma ilha junto com seu cão, Tagg, mas ambos ficam desacordados até serem encontrados por pessoas com apenas alguns centímetros de altura: são os liliputianos. Mesmo sendo amarrados, Gulliver e Tagg acabam se soltando e se tornando amigos e se dedicando a procurar o pai de Gulliver. No entanto, Leeck também sobreviveu ao naufrágio e vai em busca de Gulliver, pois acredita que ele vai encontrar o tesouro.
Nessas aventuras, outros personagens se destacam, como o sábio Rei Pomp, comandante dos liliputianos; a garota Flitácia, filha do Rei Pomp que é completamente apaixonada por Gulliver; e mais Egger, Bunko e Soturno que acompanham Gulliver nas suas aventuras. A série teve apenas uma temporada, mas foi apresentada em diversos canais da TV brasileira até quase o final da década de 1970 com grande sucesso entre o público infantil. Um dos episódios (Sono negro/Dark sleep) pode ser assistido AQUI.
7. GULLIVER’S TRAVELS (Viagens de Gulliver), 1977.
Produção britânico-belga. Diferente das versões anteriores, essa misturou atores reais e animação, ou seja, o personagem Gulliver foi interpretado pelo ator Richard Harris e os outros personagens foram todos em desenho animado.
A abertura mostra a cidade e o ano em que inicia a história: Bristol, 1699, sendo a mesma do livro. A seguir Gulliver caminha por um mercado no cais do porto da cidade. Todos os personagens são interpretados por pessoas. Gulliver chega à casa de sua noiva, onde estão os pais de ambos, e a anunciada intenção de ir ao mar como cirurgião de um navio. Na sequência, Gulliver se despede da moça e dos pais e vai para o porto onde está o navio. O restante do filme mostra o naufrágio e as aventuras de Gulliver em Lilliput e Blefuscu, com os pequenos sendo interpretados por personagens de desenho animado. O filme termina com Gulliver partindo em um barco e, em determinado momento de sua viagem de retorno, seu barco é erguido por um dos gigantes habitantes de Brobdingnag, mas não há mais nada sobre suas aventuras lá ou nas outras terras mencionadas no romance. As aventuras de Gulliver, portanto, mesmo em Liliput, têm pouca coisa do livro. O filme completo, em inglês, você assiste AQUI.
8. GULLIVER IN LILLIPUT (Gulliver em Lilliput), 1982.
Série em quatro partes produzida pela BBC para a TV, dirigido por Barry Letts. A história começa com Gulliver sendo abandonado na ilha de Lilliput e encontrando uma sociedade de pessoas minúsculas que vive em constantes brigas por coisas e preocupações cotidianas mesquinhas. Para sobreviver, Gulliver deve participar de suas tolas intrigas judiciais e rixas fúteis. Sua altura elevada o torna um herói em uma batalha com Blefuscu, vizinhos de Lilliput igualmente pequenos e mesquinhos. Porém, quando Gulliver ofende a Rainha, ele deve fugir para salvar sua vida.
9. LOS VIAJES DE GULLIVER (As viagens de Gulliver), 1983.
O filme de animação é espanhol e foi dirigido por Cruz Delgado. O roteiro do filme foi baseado na segunda parte, a viagem que levou Gulliver a Brobdingnag, a terra dos gigantes.
Gulliver é representado como um garoto que se torna no único sobrevivente de um navio que enfrentou forte tempestade. Em muitos aspectos, a adaptação seguiu o mesmo caminho do livro. O garoto foi encontrado por um fazendeiro, que tinha uma filha. Depois, vendido aos reis e a filha do fazendeiro passou a cuidar de Gulliver. O anão que divertia a corte passou a ficar enciumado com o sucesso de Gulliver. A relação que passou a acontecer entre a menina e Gulliver foi diferente do livro, pois no original, ele seria um adulto, ao contrário dessa adaptação que, ao que parece, os dois teriam a mesma idade. Também diferente foi a peripécia do macaco que está no livro. No filme, o anão solta um gorila do zoológico que pega Gulliver e o leva até o alto de um prédio. Finalmente, a fuga de Gulliver foi mostrada de forma criativa e diferente do livro, mas que em nada compromete. Os aspectos de reflexão da sociedade entre Gulliver e as pessoas da corte de Brobdingnag, presentes no livro, no filme não existe. A série se constitui, portanto, em mais um filme de entretenimento. O filme, com dublagem em espanhol, pode ser assistido no YouTube clicando AQUI.
10. SABAN’S GULLIVER’S TRAVELS (Viagens de Gulliver de Saban), de 1992.
Uma série de animação com 26 episódios. Nessa adaptação, Gulliver faz as suas viagens acompanhado pelo seu assistente, um garoto, um casal de lilliputianos e sua filha adolescente. Em um dos episódios, o grupo enfrenta uma tempestade tão forte que ergue o navio e o leva até a ilha flutuante de Laputa. O primeiro episódio (Saban’s Gulliver’s Travels – The Battle of the Giants 1 / Viagens de Gulliver de Saban – A batalha dos gigantes 1) está disponível no YouTube e pode ser assistido, com dublagem em inglês, clicando AQUI.
11. GULLIVER’S TRAVELS (As viagens de Gulliver), 1996.
Apesar do título ser igual à adaptação de 1939 e 1977, essa minissérie é considerada como a melhor e mais fiel das adaptações e a única a cobrir o livro inteiro de Swift. A produção é britânica/americana criada especialmente para a TV, produzida por Jim Henson Productions e Hallmark Entertainment.
Nessa versão, o Dr. Gulliver voltou para sua mulher e filhos após uma longa ausência. A ação alterna entre lembranças de suas viagens e o presente, onde ele está contando a história de suas viagens e foi entregue a um manicômio (o quadro de flashbacks e o encarceramento no manicômio não estão no romance). Enquanto a minissérie segue de alguma forma fiel ao romance, o final foi alterado para ter uma conclusão mais otimista. No livro, Gulliver está tão impressionado com o país utópico dos Houyhnhnms e, quando volta à Inglaterra, acaba vivendo entre os cavalos no celeiro, e não com a família. Na minissérie, ele se recupera dessa obsessão e volta para a esposa e o filho. O primeiro capítulo, em inglês, pode ser assistido clicando AQUI.
12. GULLIVER’S TRAVEL (Viagens de Gulliver), de 2005.
Produção indiana que centra as ações em Lilliput, onde Gulliver tenta resolver o conflito entre lilliputianos e os habitantes de Blefuscu. A história apresenta um mago que tenta dominar a ilha.
No final, ele invoca um monstro para lugar contra Gulliver, mas esse vence. Gulliver faz com que os dois reis estabeleçam a paz e o mago é perseguido por uma multidão furiosa. Finalmente, Gulliver parte em um navio de volta para casa. Como contribuição maior, essa adaptação trouxe elementos de cultura indiana, tanto no visual, nas vestimentas quanto nas músicas. O filme pode ser assistido na íntegra, com dublagem em inglês, no YouTube, clicando AQUI.
13. AS VIAGENS DE GULLIVER (Adaptação de 2010 com o ator Jeck Black.)
Em 2010, uma adaptação norte-americana levou aos cinemas As Viagens de Gulliver. Foi dirigido por Rob Letterman e o ator Jack Black como o personagem Gulliver. A história, no entanto, se passa nos dias atuais. Gulliver é um entregador de correspondências de um jornal em Nova Iorque. Certo dia, ele recebe uma oferta para escrever um texto sobre suas viagens. A editora do caderno de viagens do jornal em que Gulliver trabalha, e ele ama, o envia para realizar uma matéria no Triângulo das Bermudas, onde ficará por três semanas. Ao chegar lá, seu barco é avariado por uma forte tempestade, que o leva à cidade de Lilliput, onde as pessoas são bem pequenas. O roteiro apresenta o personagem Gulliver como um sujeito sem autoconfiança e estima que ama uma mulher inalcançável e de uma hora para outra vira protetor de uma nação que o adora e o estima como rei.
O filme busca dar um tom de comédia. Depois que Gulliver passa a contar a sua vida aos liliputianos, ele faz referências a vários filmes de Hollywood e algumas piadas e gracejos. Os especialistas criticaram os efeitos especiais para mostrar a diferença de tamanho entre Gulliver e os habitantes de Lilliput. A trilha musical, porém, recebeu elogios por terem músicas de bandas de rock, como a Kiss. Para assistir a uma das cenas do filme, a que Gulliver enfrenta os navios dos inimigos dos liliputianos clicando AQUI.
OUTRAS ADAPTAÇÕES
Há outras versões principalmente em desenho animado. Todas elas dão destaque apenas para a primeira viagem que é aventura na ilha de Lilliput e Blefescu. Uma dessas versões é brasileira e está disponível no YouTube, no canal Os amiguinhos e pode ser assistido clicando AQUI.
Maurício de Sousa, conhecido por ser o criador da Turma da Mônica, fez uma adaptação do romance de Swift na coleção Clássicos Para Sempre, em 2015. O personagem Cebolinha vive Gulliver, um menino órfão que sonha em se tornar o capitão de um navio. Um dia, ele acaba vivendo uma enorme aventura.
Depois de uma tempestade, ele naufraga e vai parar na ilha de Lilliput. Depois de ser preso pelos habitantes ele decide ajudar os pequenos que são atacados por piratas. Gulliver derrota os piratas quando eles atacam Lilliput e os pequenos habitantes constroem um navio como forma de agradecimento. Assim, o pequeno Gulliver se torna o capitão de seu próprio navio.
REFERÊNCIAS DE GULLIVER
Além das adaptações, há também as referências a Gulliver enquanto personagem que viaja para terras distantes.
- O romance Castaways in Lilliput (1958) de Henry Winterfeld é sobre três crianças de tamanho normal que pousam em uma versão moderna de Lilliput.
- Uma sequência da publicação original de Swift foi Memoirs of the Court of Lilliput, de autoria anônima e publicada em 1727, que expande o relato das estadas de Gulliver em Lilliput e Blefuscu ao adicionar várias anedotas de fofoca sobre episódios da corte liliputiana.
- Abbé Pierre Desfontaines, o primeiro tradutor francês da história de Swift, escreveu uma sequência, Le Nouveau Gulliver ou Voyages de Jean Gulliver, fils du capitaine Lemuel Gulliver (O Novo Gulliver, ou as viagens de John Gulliver, filho do Capitão Lemuel Gulliver), publicada em 1730. O filho de Gulliver tem várias aventuras satíricas fantásticas.
- O escritor húngaro Frigyes Karinthy (1887–1938) escreveu dois romances nos quais um Gulliver do século XX visita terras imaginárias. Uma delas é Utazás Faremidóba (1916), onde vivem seres metálicos quase robóticos, cujas vidas são regidas pela ciência, não pela emoção, e se comunicam por meio de uma linguagem baseada em notas musicais. O segundo é Capillaria (1921), um mundo onde todos os seres inteligentes são mulheres e os homens são reduzidos a nada mais do que sua função reprodutiva.
- O conto de Davy King de 1978, The Woman Gulliver Left Behind é uma espécie de versão feminista satírica do conto, sendo contado a partir do ponto de vista da esposa de Gulliver.
- O romance de Alison Fell, The Mistress of Lilliput (1999), faz o mesmo: Mary Gulliver vai viajar sozinha. A resenha do romance diz que a esposa de Gulliver decidiu viajar e encontrou algumas aventuras amorosas. Inclusive, a palavra “mistress” pode ser traduzida de diversas maneiras, entre elas a de “amante”.
- Em 1998, o escritor argentino Edgar Brau publicou El último Viaje del capitán Lemuel Gulliver (A última viagem do capitão Lemuel Gulliver), um romance em que o personagem de Swift é apresentado em uma quinta viagem imaginária, desta vez no Rio da Prata. O romance faz uma sátira dos modos e costumes da sociedade atual, incluindo esportes, televisão, política, etc. Para justificar a paródia, a narrativa é ambientada imediatamente após a última viagem escrita por Swift (precisamente, 1722), e o estilo literário da obra original é mantido ao longo de toda a história.
- O livro infantil Mr Majeika on the Internet (2001) do britânico Humphrey Carpenter inclui paralelos modernizados com as terras dos liliputianos, brobdingnagianos, laputanos e Houyhnhnms, bem como de um rato chamado Gulliver.
- O romance de Adam Roberts, Swiftly (2008) se passa 120 anos depois da época de Gulliver e mostra um mundo onde os habitantes de Lilliput e Blefuscu são agora escravos dos britânicos, e os Brobdingnagians são aliados da França em uma guerra contra a Grã-Bretanha.
- Gulliver Mickey, filme de animação de 1934 dos estúdios Disney, foi uma das mais conhecidas referências a Gulliver. Na história, Mickey está lendo As Viagens de Gulliver enquanto pequenos camundongos brincam de marinheiros. Mickey conta a história de Gulliver em Lilliput fingindo ter acontecido com ele. Na sua narrativa, Mickey diz que salvou Lilliput de uma aranha gigante.
CONCLUSÃO