Yaksha: operação implacável – ao estilo 007 sul-coreano

Que tipo de filme combina espionagem, conspiração mundial e lutas marciais? Se você respondeu “um filme sul-coreano” então acertou.

Paulo Bocca Nunes 

Parece que as produções coreanas estão cada vez mais no gosto da Netflix e das pessoas. O ano de 2022 segue a receita dos últimos anos. Dessa vez, uma produção que traz elementos de filme de espionagem, conspiração mundial, uma pitada de mistério e muitas lutas marciais causou uma corrida para assistir na plataforma. 

O filme conta a história do promotor Han Ji-hoon, que esteve envolvido com a investigação de um poderoso empresário da Coreia do Sul acusado de operações ilícitas. Porém, ele não conseguiu os elementos necessários para prosseguir, foi desafiado pelo empresário e Han foi rebaixado de cargo.

Certo dia, ele é contactado pela diretora da Agência Nacional de Inteligência, Yeom Jeong-won e recebe uma missão, que pode ser a sua grande chance de recuperar a sua reputação manchada e seu antigo cargo. A tarefa é ir a Shenyang, uma cidade na China, que era muito conhecida por atividades envolvidas com espionagem, para investigar porque um dos agentes colocou informações falsas em um relatório.

Han vem a conhecer um espião que é o líder da equipe internacional de operações secretas da Coreia do Sul. Sua equipe é muito bem treinada para executar tarefas perigosas e o grupo realiza seus objetivos sem se preocupar com escrúpulos. O nome do espião é o veterano Kang-in, conhecido como Yaksha, o “Devorador de Homens”.

Han se envolve numa guerra entre espiões que estão em busca de um homem chamado Moon Byung-uk, mas tudo isso pode levar a conflitos entre as duas Coreias, a China e o Japão. 

Operação Implacável não se constitui em uma super-produção capaz de desbancar os filmes de 007, mas traz sequências de ação bastante interessantes e convincentes que prendem a atenção do espectador. As famosas cenas de perseguição muito comuns nos filmes de Hollywood não faltaram no filme sul-coreano e nada ficaram a dever. 

Há muitas reviravoltas surpreendentes e cenas de flashback que mostram e explicam certos acontecimentos dentro da trama. Com roteiro e direção de Na Hyun, Yaksha: operação implacável mistura toda a ação com aspectos políticos e culturais que muitas vezes escapam de nossa percepção Ocidental. Ao que parece, os sul-coreanos não têm qualquer problema em cutucar as diferenças locais que se constituem em rivalidades. E o mais importante é que, pela voz dos personagens, os textos dos personagens constituem-se em uma mensagem direta e clara para quem assiste ao filme.

A transformação do personagem Han também merece destaque. O personagem inicia de uma forma, como um verdadeiro agente da Lei e, por conta de seu novo trabalho, ele vai adquirindo “novas habilidades” que acreditava nunca ser apto a usar. Ou mesmo digno de fazer certas coisas para alcançar o seu objetivo.

Em alguns momentos, a história dá uma amenizada no ritmo para aumentar a intensidade logo a seguir. Isso dá uma chance para o espectador dar uma respirada e ir degustando o desenrolar do fio central da história. Por sinal, o filme não deixa fio solto ou qualquer dúvida sobre tudo o que se passa na tela. 

O final é muito surpreendente, mesmo que o roteiro e a direção provoquem alguns possíveis quase escorregões. Há cenas pós-créditos que certamente irão causar uma surpresa enorme no público brasileiro, além de sugerir uma continuação.

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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.