Adam Negro: mais um filme de Dwayne Johnson
Depois de alguns anos pensando, planejando entre outras coisas, Dwayne Johnson conseguiu produzir o seu sonho de consumo: Adão negro chegou às telonas no final de 2022. Pena que o projeto, que era para movimentar o DCU, mal foi lançado e já foi descartado por James Gunn, o novo cabeção da DC Studios.
Paulo Bocca Nunes
SOBRE O FILME
A história remete as origens do personagem ao antigo Egito, uma cidade chamada de Kahndaq que era oprimida por um soberano ganancioso. O jovem Teth-Adam tinha que ajudar a descobrir um metal com propriedades mágicas para o rei criar um coroa que lhe daria poderes e assim dominar outros povos. O objeto fica conhecido como “Coroa de Sabbac” que fica desaparecida.
O jovem é salvo por magos e esses dão poderes de vários deuses. Para invocar os poderes, ele precisa gritar a palavra SHAZAM, onde cada letra representa a inicial do nome de cada deus. Durante cinco mil anos, Adam Negro fica desaparecido até que nos dias atuais um grupo de exploradores parte em busca da coroa para livrar o povo de Kahndaq da opressão externa.
Outro grupo que busca o objeto persegue o grupo liderado por Isis, uma mulher determinada em encontrar a coroa. Ao encontrar a coroa, Adam Negro desperta e a partir daí o filme tem sequências quase cansativas de ação, correria, pancadaria, raios e tudo o mais que faz parte do manual de filmes de Dwayne The Rock Johnson.
O principal problema é o caminho traçado pelo filme: parece ir cada um para um lado. Não dá para se desconectar de que é um filme para uma pessoa, ou seja, vemos The Rock interpretando o que ele mais sabe fazer só que dessa vez, ele voa, solta raios e tem ultra-velocidade. Os diálogos seguem uma fórmula muito usada pelo ator: piadinhas irônicas e sarcásticas, algumas vezes deslocadas da hora certa.
O excesso de cenas de flashback travam o andamento da história. Aliás, foi a forma de conter um pouco a correria de ação do filme. Os personagens secundários são um mistério, pois nada se sabe deles a não ser os seus nomes e a sua função no enredo. A personagem Ísis é uma batalhadora, mãe cuidadosa, mas por nada se saber dela, tudo o que ela faz em cena parece gratuito. O pouco que se sabe é tudo contado.
A Sociedade da Justiça surge com Falcão Negro, Senhor Destino, Ciclone e o Esmaga-Átomos, mas os seus personagens são superficiais. Cada um aparece, é convocado, todos se reúnem como velhos conhecidos e partem para a ação contra Adam Negro. Não há tempo para o público criar uma empatia com os personagens. O espectador fica apenas assistindo a um filme com personagens sem alma. Nem mesmo uma das cenas que mostra o sacrifício de um dos personagens da Sociedade da Justiça foi convincente, exatamente por conta disso. Mesmo com esses problemas, deve se dar destaque às participações dos personagens Falcão Negro e Senhor Destino, principalmente quando eles interagem entre si.
Os efeitos especiais e as cenas de lutas são ótimos. Principalmente quando tinha a participação dos membros da Sociedade da Justiça. Em alguns momentos havia a impressão de estarmos vendo cenas das histórias em quadrinhos. A criação da cidade fictícia de Kahndaq foi ótima e primou pelos tons de sépia para dar o significado de antiguidade, já que a história remete a milênios atrás.
A direção de Jaume Collet-Serra ficou devendo um pouco e o roteiro de Adam Sztykiel e Rory Haines não ajudou muito. Dwayne Johnson buscou produzir mais um filme para ele, centrado nele. Não houve uma preocupação em dar aos outros personagens um pouco do brilho do astro.
A cena pós-crédito foi apenas uma tentativa de provocar a DC Studios a colocar Henry Cavill de volta no papel de Superman, no entanto, James Gunn já avisou que não vai usar qualquer um dos que trabalharam com Zack Snyder. Também avisou que se fizer filmes com os mesmos personagens, haverá um reboot com outros atores.
Para quem gosta dos quadrinhos, é fã do personagem, gosta de efeitos especiais e muita ação, esse filme é um prato que transborda. No entanto, enquanto a Marvel dá continuidade aos seus projetos, a DC fica fazendo, cancelando, refazendo, cancelando e indo aos tropeços com seu universo de super-heróis. Adam Negro foi apenas uma tentativa de seguir em frente. Vamos aguardar agora qual será o próximo filme de Dwayne Johnson.
FICHA TÉCNICA
Roteiro: Adam Sztykiel e Rory Haines.
Direção: Jaume Collet-Serra
Elenco: Dwayne Johnson (Adam Negro), Sarah Shani (Professora Adrianna Tomaz), Peirce Brosnan (Senhor Destino), Aldis Hodge (Gavião Negro), Quintessa Swindell (Ciclone), Noah Centineo (Esmaga Átomo).
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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.