Dom Quixote de La Mancha: Literatura e Cinema
A história e a saga de um leitor ávido por novelas de cavalaria, que decidiu partir para o mundo em busca de aventuras.
Paulo Bocca Nunes
Dom Quixote de La Mancha é uma obra literária escrita por Miguel de Cervantes, publicada pela primeira vez em 1605. A história é sobre um homem chamado Alonso Quixano, que se torna obcecado por livros de cavalaria e decide se tornar um cavaleiro andante, com o nome de Dom Quixote. A obra é considerada uma das mais importantes da literatura mundial e teve uma grande influência na cultura pop, inspirando diversas adaptações em filmes, séries e jogos.
BIOGRAFIA DO AUTOR
Miguel de Cervantes nasceu em Alcalá de Henares, na Espanha, em 1547. Filho de um cirurgião, Cervantes teve uma infância difícil, pois sua família mudou-se com frequência devido às dívidas do pai. Cervantes estudou em Madri, onde desenvolveu seu interesse por literatura e teatro. Em 1569, ele se mudou para Roma, onde trabalhou como criado para um cardeal. Durante sua estadia na Itália, Cervantes também lutou como soldado nas batalhas contra os turcos. Em 1575, ele foi capturado por piratas e mantido como prisioneiro por cinco anos. Foi nessa época que Cervantes começou a escrever suas primeiras obras literárias. Em 1605, ele publicou “Dom Quixote de La Mancha”, que se tornou um grande sucesso.
RESUMO DA OBRA
Dom Quixote de La Mancha conta a história de Alonso Quixano, um homem solteiro e sem filhos que vive em uma vila na região de La Mancha, na Espanha. Alonso é obcecado por livros de cavalaria e decide se tornar um cavaleiro andante, com o nome de Dom Quixote. Ele sai em busca de aventuras com seu fiel escudeiro, Sancho Pança. Ao longo da história, Dom Quixote e Sancho Pança vivem diversas aventuras e enfrentam muitos desafios.
A obra é uma sátira às histórias de cavalaria da época, que eram muito populares na Espanha. Cervantes utiliza Dom Quixote para criticar a sociedade espanhola da época, mostrando a falta de sentido prático e o idealismo do personagem. Ao mesmo tempo, a obra também é uma homenagem à literatura e ao poder dos livros para transformar as pessoas.
IMPORTÂNCIA E INFLUÊNCIA NA CULTURA POP
“Dom Quixote de La Mancha” é considerada uma das obras mais importantes da literatura mundial. A obra foi um grande sucesso desde sua publicação e influenciou muitos escritores e artistas ao longo dos séculos. A obra é considerada uma das primeiras novelas modernas, pois utiliza uma estrutura narrativa complexa e apresenta personagens com profundidade psicológica.
A obra também teve uma grande influência na cultura pop, inspirando diversas adaptações em filmes, séries e jogos. Há muitos registros de adaptações da obra de Cervantes nas mais diversas mídias. De acordo com os pesquisadores João Eduardo Hidalgo e Maria Arminda do Nascimento Arruda [1], muitas dessas obras se perderam e se sabe delas apenas por registros em literatura ou jornais da época. Ao todo, conta-se em torno de 40 produções.
A primeira adaptação fílmica que se conhece é 1898 da Gaumont, uma companhia francesa de produção cinematográfica, fundada em 1895 pelo engenheiro e inventor Léon Gaumont (1864-1946). A Gaumont é a companhia cinematográfica mais antiga do mundo.
Três produções antecederam a do francês George Méliès (1909) um dos cineastas mais atuantes do começo do cinema. A primeira adaptação feita na Espanha é a de 1947. O filme é dirigido por Rafael Gil e tem como Quixote Rafael Rivelles. Os recursos técnicos são poucos, mas foi filmado no cenário real, em La Mancha, e a interpretação dos atores foi considerada muito boa.
Algumas curiosidades marcaram as produções seguintes. Antes de ser a princesa de Mônaco, Grace Kelly interpretou Dulcineia, a amada de Dom Quixote, em uma produção de 1952 para a CBS-TV. A direção foi de Sidney Lumet e teve no elenco Boris Karloff, como Dom Quixote, o mesmo que eternizou o monstro Frankenstein no filme de 1931.
A estrela de Hollywood, Sophia Loren, interpretou Dulcineia no filme de 1973, Man Of La Mancha. Orson Welles dirigiu uma produção espanhola em 1955, que ficou incompleta, mas foi finalizada pelo cineasta espanhol Jusús Franco, em 1992. Outra que ficou inacabada foi dirigida por Terry Gilliam e abandonada em 2002 e só foi retomada em 2017, com o filme The man who killed Don Quixote.
Essa última deve ter sido a mais difícil produção sobre Dom Quixote. Gilliam começou a trabalhar no filme em 1989, mas não conseguiu obter financiamento até 1998, quando entrou em pré-produção completa com um orçamento de $ 32,1 milhões. As filmagens começaram em 2000, em Navarra, mas, devido à uma série de dificuldades, foi cancelada novamente. Gilliam tentou relançar a produção entre 2003 e 2016, mas todos foram cancelados por vários motivos. Mais uma tentativa em 2017, finalmente bem sucedida e a estreia foi em 2018.
O filme conta a história de um diretor de cinema que viaja para uma cidade na Espanha para filmar uma adaptação de “Dom Quixote de La Mancha”. Durante as filmagens, ele se encontra com um homem que afirma ser Sancho Pança e é transportado para uma versão surrealista da história de Dom Quixote.
A versão espanhola de 1991 é considerada a melhor de todas as versões e o ator Fernando Rey sendo considerado o melhor Dom Quixote do cinema. Finalmente, a produção espanhola/mexicana de 1973 é um filme de comédia vagamente baseado na novela de Cervantes. O roteiro é de Carlos Blanco, com direção de Roberto Gavaldón e Fernando Fernán Gómez como Dom Quixote e Cantinflas como Sancho Pança.
Outra adaptação notável é a série animada japonesa “Os Cavaleiros do Zodíaco”, que foi inspirada em “Dom Quixote de La Mancha”. A série apresenta personagens que são cavaleiros que lutam contra o mal e têm suas próprias armaduras, semelhantes às utilizadas pelos cavaleiros andantes na obra de Cervantes.
Além disso, a obra também teve uma grande influência na música. O grupo britânico Man of La Mancha, por exemplo, foi inspirado na obra e lançou um álbum com o mesmo nome em 1972. A faixa-título, “Man of La Mancha”, tornou-se um sucesso e é frequentemente tocada em musicais e filmes.
A obra também influenciou a literatura latino-americana, especialmente o chamado “Boom Latino-Americano” dos anos 60 e 70. Autores como Gabriel García Márquez, Julio Cortázar e Mario Vargas Llosa foram influenciados pelo estilo narrativo de Cervantes, que mistura realismo e fantasia de uma forma única.
CONCLUSÃO
Dom Quixote de La Mancha é uma obra literária que tem resistido ao teste do tempo e continua a influenciar a cultura popular em todo o mundo. A obra é uma sátira às histórias de cavalaria e uma homenagem à literatura, mostrando o poder dos livros para transformar as pessoas. Além disso, a obra apresenta personagens complexos e uma estrutura narrativa inovadora, que a torna uma das primeiras novelas modernas da literatura mundial.
Miguel de Cervantes, o autor da obra, é considerado um dos maiores escritores da literatura espanhola e mundial. Sua vida foi marcada por dificuldades e lutas, mas ele conseguiu criar uma obra-prima que continua a encantar e inspirar gerações. A influência de “Dom Quixote de La Mancha” na cultura pop é uma prova de sua importância duradoura e de sua capacidade de transcender as barreiras culturais e linguísticas.
[1] Disponível em <https://editorarealize.com.br/editora/anais/hispanistas/2020/TRABALHO_COMPLETO_COMPLETO_EV143_MD8_SA103_ID341_05062020100012.pdf>
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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.