A homenagem de uma cidade à ‘Guerra dos Mundos’
A cidade de Woking, na Inglaterra, prestou uma grande e especial homenagem a H.G. Wells, um dos mais importantes escritores de ficção científica de todos os tempos. Wells, que viveu na cidade por alguns anos, foi inspirado a escrever sua obra-prima “A Guerra dos Mundos” em Woking.
Paulo Bocca Nunes
A Guerra dos Mundos é um romance de ficção científica que foi publicado pela primeira vez em 1898. A história gira em torno de uma invasão alienígena na Terra, que leva a uma grande batalha entre os humanos e os marcianos. O romance foi um sucesso instantâneo e rapidamente se tornou um clássico da literatura de ficção científica.
H. G. Wells já era um escritor consagrado em 1895 quando se casou com sua segunda esposa, Catherine Robbins. O casal mudou-se para a cidade de Woking, no Condado de Surrey, e lá o escritor passava as manhãs caminhando ou andando de bicicleta no campo próximo. As tardes eram dedicadas à escrita.
Wells viveu em Woking por alguns anos, e foi lá que ele se inspirou para escrever A Guerra dos Mundos. A cidade, que fica a cerca de 30 km de Londres, tem um terreno pantanoso e foi o local onde o autor imaginou que os marcianos teriam pousado em sua história. Ele também incluiu muitas outras referências à cidade em seu romance.
A ideia original de A Guerra dos Mundos veio de seu irmão durante uma dessas caminhadas, numa reflexão sobre como seria se seres alienígenas, de repente, surgissem no local e começassem a atacar seus habitantes.
Grande parte da narrativa de Wells ocorre em Woking e arredores. O local de pouso inicial da força de invasão marciana, Horsell Common, era uma área aberta perto da casa de Wells. Atualmente, há uma escultura de 7,0 m de altura de um tripod, a terrível máquina de combate dos marcianos retratados no romance.
A obra foi baseada nas descrições do narrador da história e fica em Crown Passage perto da estação ferroviária local em Woking. A obra foi projetada e construída em 1998 pelo artista Michael Condron e recebeu o nome de The Woking Martian.
Esta escultura é a interpretação do artista de uma “máquina ambulante de grande metal brilhante”. Ele celebra Woking como o berço da ficção científica moderna e marcou o centenário da primeira edição de H.G. Wells de A Guerra dos Mundos. Neste romance pioneiro, a humanidade é salva de uma avassaladora invasão marciana pelas menores criaturas da Terra, as bactérias.
Quase 50 metros adiante, na mesma rua, está uma representação de concreto e tijolos de um dos cilindros marcianos descrito no romance. Em torno dessa escultura estão várias lajes de pavimento representando as bactérias, que foram a ruína dos marcianos. Essa obra foi inaugurada pela Prefeita de Woking, Sra. Irene K. Mathews, em abril de 1998.


EXTO EM INGLÊS
No cilindro há uma inscrição que remete a uma passagem do livro de Wells:
“After the glimpse I had of the Martians emerging from the cylinder in which they had come to the earth from their planet, a kind of fascination paralysed my actions. I remained standing knee-deep in the heather, staring at the mound that hid them.” This ‘alien pod’ is part of the Martian sculpture designed by Michael Condron. It reflects the cylinder described by H. G. Wells in The War of the Worlds and can be seen here ploughing into the ground.
Tradução: “Após o vislumbre que tive dos marcianos emergindo do cilindro em que vieram à Terra de seu planeta, uma espécie de fascínio paralisou minhas ações. Fiquei de pé até os joelhos na urze, olhando para o monte que os escondia “. Esta ‘cápsula alienígena’ faz parte da escultura marciana projetada por Michael Condron. Ele reflete o cilindro descrito por HG Wells em A Guerra dos Mundos e pode ser visto aqui abrindo caminho para o solo.
Percebe-se pela homenagem que a obra de H.G Wells transcendeu as fronteiras do literário e se constituiu não apenas em uma referência para a ficção científica, como também uma referência turística que colocou a cidade sob os olhos do mundo.
Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.