Indiana Jones e a Relíquia do Destino: Diversão de Despedida
Um personagem de outra época. Diferente de tudo o que se tem atualmente. Não é um super-herói, nem tem a preparação militar de um Capitão América. Apenas um personagem de um tempo antigo, quase romântico.
Paulo Bocca Nunes
FOI UM FILME BOM?
A sequência inicial mostra um Indiana Jones em algum momento no final da Segunda Guerra Mundial, envolvido com nazistas. Depois de uma fuga incrível de seus algozes, Indiana Jones se envolve em outra sequência espetacular de fuga e perseguição digna do personagem. De repente, a história dá um salto até 1969. Pelo menos é o que indica a música dos Beatles.
Nosso herói ainda dá aulas de arqueologia e está prestes a se aposentar. No entanto, o que parecia ser a garantia de um futuro sossegado e pacífico vai se modificando à medida que uma antiga conhecida, sua afilhada, retorna depois de mais de dezoito anos para falar de uma relíquia que Indiana havia esquecido em alguma caixa com outros objetos históricos. E mais uma vez, ele se envolver em uma conspiração que vai envolver aventuras e viagens pelo mundo.
As cenas de perseguição e fuga são bem ao estilo do personagem, como a que acontece em meio a uma parada em homenagem aos astronautas que pisaram na Lua pela primeira vez. O velho chicote estalou algumas vezes, sempre com a mesma precisão.
No entanto, apesar da admiração e idolatria profunda ser muito forte pelo icônico personagem, não ficamos cegos para algumas coisas que não deram certo e destoaram totalmente da história. Enquanto Harrison Ford segue em seu papel como alguém que vive na sua idade mais avançada, em sequências alucinantes, que parecem não serem muito verossímeis, outros personagens não conseguiram convencer em coisa alguma, nem no tipo nem na interpretação. Tudo muito aquém de uma franquia tão apreciada.
E quando se tem uma ator de peso, como Antônio Banderas, não se dá o devido destaque que merece e, certamente, daria uma contribuição muito melhor à história do que outros personagens totalmente descartáveis. Na verdade, o filme tem um herói, uma anti-heroína e vilões muito malvados e inescrupulosos, com seus ajudantes fortões e mal-encarados. Tudo de acordo com a cartilha. Há outros tão ruins que nem deveriam receber um comentário sequer.
Há dois filmes: a primeira parte é Indiana Jones em seus momentos mágicos. A outra é arrastada e um pouco sonolenta, que faz de Indiana quase um participante de luxo no seu próprio filme. No momento mais importante do filme não é ele quem comanda as sequências que deveriam ser épicas… com ele! Afinal, estamos falando de um filme de Indiana Jones. Para completar, ainda temos que aguentar uns arroubos de uma quase insanidade do personagem em querer ficar em um lugar que não é o dele!
A proposta do filme parece ter sido a de seguir uma ideia bastante comum nos últimos anos para filmes de ficção científica, ou seja, dar uma viajada no tempo, mas sem bagunçar a linha do tempo! Algo incrivelmente em desacordo com ideias já discutidas e sabidas sobre esse tipo de filme. Parece ser a coisa mais normal do mundo vermos um matemático grego dominar a viagem no tempo muito antes da Teoria da Relatividade ou da Quântica.
Os efeitos especiais, se não foram espetaculares, pelo menos mantiveram o brilho aventureiro do personagem. As sequências de ação frenética foram o elemento básico para uma história “Indiana Jones”. A direção de James Mangold manteve a essência do personagem. O roteiro teve algumas inconsistências, deixando alguns buracos.
Indiana Jones e a Relíquia do Destino foi a última aventura do personagem interpretado por Harrison Ford, segundo ele mesmo afirma. Não teve a história e a direção de George Lucas e Steven Spielberg, mas eles estão na produção para garantir seus nomes nessa última aventura do personagem que os dois ajudaram a imortalizar.
Não se pode dizer que outro ator irá usar o mesmo chapéu, a jaqueta de couro e o chicote. Ainda é cedo e todos os fãs precisarão acostumar-se ao sinal de adeus. Da mesma forma, não se sabe se os fãs irão aceitar outro ator no papel do arqueólogo aventureiro. Os melhores elementos do personagem e de suas histórias estavam no filme, mesmo que sem o brilho de outros filmes da franquia.
Esse filme pode ser que marque a ascensão de uma personagem que ocupe o lugar de Indiana Jones. Porém, a atriz Phoebe Waller-Bridge não parece ter o carisma necessário para uma tarefa tão difícil. O que se viu no final foi um chapéu pendurado. O filme se constituiu, portanto, numa diversão de despedida de um personagem que vai estar na imaginação de todos os seus fãs.
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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.