Ameaça No Espaço: Uma Ficção Científica Muito Pobre
Os filmes apocalípticos rendem muitas ideias para filmes, porém, isso não significa qualidade de roteiro. Não adianta cenário, fotografia, CGI ou atores consagrados para puxar público.
Paulo Bocca Nunes
A produção canadense de 2021, dirigida por John Suits, parte de uma ideia muito generalizada. No ano de 2242, a Terra entra em colapso e a população mundial sofre com fome e doenças. Os governos decidem colonizar outro planeta, que foi batizado de Nova Terra. Porém, foram escolhidas 50 milhões de pessoas sadias para fazer a longa viagem que vai durar vários meses.
Noah, interpretado por Cody Kearsley, é jovem sem especialização, mas é o namorado da filha do comandante da nave e também está grávida. Ele entra a bordo como clandestino e é escolhido para trabalhar em serviços de limpeza. No meio da viagem, com as pessoas mantidas em criogenia, tendo apenas uma pequena tripulação acordada para manter o funcionamento da nave, todos descobrem a presença de uma criatura maligna à bordo da nave, que é capaz de transformar todos em zumbis.
SOBRE O FILME
Inicialmente, o filme é fraco por conta de um roteiro ruim. Não se sabe muito bem o que levou as pessoas a fugirem da Terra, nem mesmo para que planeta irão. Tudo muito superficial. Pode ser que isso não seja importante, mas para considerar uma viagem de oito meses, quando a estrela mais próxima do nosso Sol fica a quatro anos luz de distância, talvez fosse interessante saber um pouco mais sobre as possibilidades de viagens espaciais no futuro.
O personagem principal é um jovem que conquistou a filha do comandante da nave que levará milhares de pessoas ao seu destino. A forma como ele entrou na nave, sabendo-se que havia fortes esquemas de segurança, foi uma surpresa de tão fácil. Surpresa quando se espera algo bem roteirizado. E se viajou como clandestino, não poderia haver lugar na nave, no entanto ele consegue. Para ser um personagem principal, precisaria de muito mais desenvolvimento para se ter um mínimo de empatia por parte do público e justificar algumas façanhas que ele mesmo faz nos momentos de maior tensão no filme.
O personagem de Bruce Willis, Clay Young, não é nada diferente de outros que ele interpretou. Também é bastante raso e só está explicado por ser o truculento de bordo. Os outros personagens só estão no filme para dar uma preenchida na história. Para piorar, o verdadeiro vilão da história, que causou o problema das pessoas ficarem infectadas e se tornarem uma espécie de zumbis, caiu de paraquedas na história justamente no momento em que as coisas saem do controle. O motivo e a forma como a criatura que causa a infecção foi parar a bordo foi contado e nem foi convincente. Tudo o que é contado não convence. Filme é para mostrar e não contar.
Para fechar os absurdos, mesmo tendo muito mais, a façanha de como a jovem Hayley (Cassandra Clementi) foi despertada da criogenia e já entrou em ação, não foi surpreendente. Foi ridículo! Principalmente pelo fato de a personagem estar grávida!
Os efeitos especiais tentaram ajudar pela falta de bons personagens e boas atuações, que por sinal foram risíveis. No entanto, os efeitos foram toscos. A criatura alienígena foi terrivelmente mal feita. A maquiagem das pessoas que estavam infectadas foi muito ruim. Se a produção usou CGI nesse filme, deveria ser informado onde foi usado.
Lamentável que Bruce Willis tenha aceitado participar desse filme. Deve ter sido em um daqueles contratos assinados para três ou quatro filmes que amarra o ator a uma loteria: ou vem coisa boa ou uma estrondosa porcaria.
Não sei se o diretor estava presente durante as filmagens. Não sei como o roteiro pode ser aprovado e nem imagino como conseguiram convencer o dono do cheque para fazer esse filme.
Numa escala de 0 a 10, eu dou nota 2 para o filme, que está disponível, até o momento em que essa resenha foi escrita (21/8/2023) no Prime Vídeo.
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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.