Fundação: Como Asimov Moldou a Ficção Científica Moderna
A ficção científica teve os seus primórdios no começo do século XIX e o gênero literário só foi definido com as revistas pulp fiction, inicialmente com a Amazing Stories, no final da década de 1920. No entanto, a ficção científica assumiu um caráter único com Isaac Asimoa partir de 1942 com a obra “Fundação”.
Paulo Bocca Nunes
Isaac Asimov é sem dúvida uma das figuras mais influentes da ficção científica. Nascido em 2 de janeiro de 1920, ele é amplamente reconhecido por ter introduzido conceitos fundamentais que moldaram o gênero como o conhecemos hoje. Se você é fã de gigantescos impérios espaciais, com política interligada, batalhas interestelares e tramas que se estendem por décadas ou até séculos, saiba que Asimov foi pioneiro em muitos desses elementos.
A INVENÇÃO DO IMPÉRIO GALÁCTICO
Hoje, é comum encontrar na ficção científica impérios espaciais e formas de vida robóticas. No entanto, esses conceitos nem sempre foram uma parte padrão do gênero. Asimov é creditado pela invenção do Império Galáctico, um conceito que se tornou a base de muitas sagas de ficção científica. Ele também cunhou termos como “robótica” e “positrônica”, que foram popularizados em obras de ficção científica como “Star Trek: The Next Generation”, onde o personagem Data possui um cérebro positrônico.
Esses termos, juntamente com muitos outros conceitos apresentados por Asimov em seus livros e contos, se tornaram comuns na ficção científica. Mas para entender a real dimensão de sua influência, é necessário olhar para a ficção científica antes de 1940.
AS ORIGENS DA FICÇÃO CIENTÍFICA
Um dos primeiros marcos na ficção científica é o livro “Frankenstein“, de Mary Shelley, publicado em 1818. Muitas vezes considerado o primeiro romance de ficção científica, “Frankenstein” explora a criação da vida em laboratório e as consequências desse ato. A obra levanta questões sobre os perigos de levar a ciência longe demais e sobre as consequências da arrogância humana, temas que se tornariam centrais na ficção científica.
Outro marco importante é “A Guerra dos Mundos”, de H.G. Wells, publicado em 1898. Este livro é amplamente considerado uma obra-prima do gênero e foi inspirado pelas ansiedades de Wells em relação ao imperialismo britânico e seus efeitos devastadores sobre povos colonizados. A invasão marciana de “A Guerra dos Mundos” serve como uma metáfora para o colonialismo, e Wells considerava suas histórias como fantasias que lidavam com conceitos científicos abstratos.
Embora Wells tenha feito distinções entre sua obra e a de autores como Jules Verne, que explorava possibilidades reais de descoberta e invenção, a ficção científica continuou a evoluir, com autores como Edward E. Smith introduzindo elementos de ópera espacial e viagens interestelares nas décadas de 1920 e 1930.
SKYLARK DO ESPAÇO: A PRIMEIRA ÓPERA ESPACIAL
Antes de Asimov, uma obra que se destacou na construção dos alicerces da ficção científica moderna foi Skylark do Espaço (1928), de Edward E. Smith. Considerada a primeira ópera espacial, essa série introduziu a ideia de aventuras interestelares com heróis, vilões e batalhas épicas que ocorrem em uma escala cósmica. Skylark foi revolucionário em seu uso de ciência e tecnologia para criar tramas envolventes que se desdobram em vastos cenários espaciais. A série abriu caminho para que outros autores explorassem temas semelhantes, e seu impacto pode ser sentido em obras subsequentes de ópera espacial, incluindo as sagas de Asimov.
A REVOLUÇÃO DE ASIMOV
Foi nesse cenário que Asimov começou a apresentar sua visão de um Império Galáctico com uma série de contos na Astounding Science Fiction, a principal revista pulp fiction da época, entre maio de 1942 e outubro de 1944, dando início à série da “Fundação” que abrange milênios e explora a ascensão e queda de uma vasta civilização galáctica. Com sete livros da série “Fundação“, quatro na série “Império Galáctico” e 37 contos e livros na série dos “Robôs“, Asimov criou um universo interconectado que se tornou o exemplo primordial de uma saga épica de ficção científica.
A intriga política interplanetária presente nas obras de Asimov foi imitada em quase todas as obras que tratam de civilizações galácticas desde então. Obras como “Duna“, “Star Wars“, “A Cultura” e “Cantos de Hyperion” seguiram os passos de Asimov, expandindo as fronteiras da ficção científica.
Assim como Asimov modelou intencionalmente seu Império Galáctico a partir do Império Romano, inspirando-se na ascensão e queda de uma grande sociedade, autores posteriores adotaram esse conceito para explorar as complexidades de vastos impérios no espaço. “Duna“, de Frank Herbert, por exemplo, levantou diretamente essa ideia para sua própria saga.
CONCLUSÃO
Isaac Asimov não apenas escreveu ficção científica; ele redefiniu o que o gênero poderia ser. Suas contribuições deixaram um impacto duradouro, não apenas na literatura, mas em todas as formas de mídia que exploram o futuro, a ciência e a humanidade. Hoje, ao ler ou assistir a obras de ficção científica que exploram vastos impérios e robôs inteligentes, estamos, de muitas maneiras, apreciando o legado de Asimov.
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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.