O Culpado
Filme produzido durante a pandemia surpreende pela qualidade e simplicidade, mas surpreende pela atuação de Jake Gyllehaal.
Por Paulo Bocca Nunes
ALGUMAS CURIOSIDADES SOBRE O FILME
O diretor Antoine Fuqua dirigiu tudo de uma vã toda equipada a um quarteirão do local das filmagens. Faltando três dias para começarem as filmagens ele entrou em contato com uma pessoa que testou positivo para o Covid e teve que ficar isolado do resto da equipe. Os atores que fizeram as vozes ao telefone fizeram isso de suas casas, sempre com acompanhamento por vídeo-chamada.
O filme, na verdade, é um remake do suspense dinamarquês que teve o título de Culpa, de 2018, dirigido por Gustav Möller e com Jakob Sedergren no papel do policial na central de chamadas do Copenhagen. O roteiro é bastante parecido com O Culpado. Esse filme, Culpa, até a data deste artigo (29/10/2021) estava disponível no Telecine. O filme dinamarquês teve aprovação quase unânime da crítica e do público. Ainda em 2019, a empresa Nine Stories e Jake Gyllenhaal compraram os direitos da produção e em 2020 foi dado o início da produção e das filmagens com a direção de Fuqua.
OPINIÃO
O filme é muito bom! Jake Gyllenhaal está fantástico! O roteiro é muito bom! A direção é ótima! Eu esperava um filme de correria e carros voando pelas ruas de Los Angeles, mas foi nada disso! Tudo ficou circunscrito à Central de Atendimento. Aliás, o filme foi feito durante a pandemia, em 2020, tendo Fuqua feito a direção dentro de uma van a uma quadra do set de filmagem porque ele apresentou alguns sintomas de covid e manteve um distanciamento seguro de toda a equipe. Mesmo assim, ele tirou o máximo e o melhor de Gyllenhaal.
O Culpado vai entregando aos poucos tudo sobre o personagem, mas sem dizer tudo, deixando para o espectador ir assimilando aos poucos e, assim, vermos as mudanças que vão ocorrendo no personagem. Porém, eu senti falta de algumas coisas, como MOSTRAR o que houve com Joe para ele estar trabalhando na Central, qual o seu problema com a filha e o porquê do julgamento.O melhor é MOSTRAR e não dizer.
Tanto o roteiro como a atuação de Gyllenhaal junto com a firme direção, superou essa “necessidade”. Ao longo do filme, o espectador vai observando aspectos da personalidade de Joe, pela forma como ele conduz o caso da mulher sequestrada, às vezes sereno e calmo. Outras vezes explosivo com as pessoas que trabalham na polícia.
A forma como ele vai desvendando o mistério da mulher, do marido e os filhos, somado aos problemas que sempre o afligem em relação ao julgamento que haverá no dia seguinte. Os diálogos com o parceiro que vai testemunhar no julgamento. Tudo vai se revelando! A verdadeira natureza de Joe! Os aspectos psicológicos! Como ele vai se desmanchando e se reconstruindo! Tudo através do telefone da Central e do seu celular! Nenhuma tomada externa! Nenhum flashback!
Tudo só roteiro, direção e performance de Gyllenhaal. Portanto, um ótimo filme!
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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.