O Mistério dos Dragões na Terra Média: O Que Realmente Aconteceu?
Os dragões têm importância fundamental na obra de J.R.R. Tolkien. Enquanto em “O Hobbit” eles são personagens destacados, principalmente o dragão Smoug, na trilogia “O Senhor dos Anéis” é como se nunca tivessem existido. O que realmente aconteceu?
Paulo Bocca Nunes
No vasto e complexo universo de O Senhor dos Anéis, muitos elementos permanecem envoltos em mistério, e a questão dos dragões não é exceção. Embora J.R.R. Tolkien não tenha fornecido uma resposta definitiva sobre o destino dessas criaturas majestosas, seus escritos oferecem pistas valiosas que sugerem que os dragões voaram pelos céus da Terra-média desde tempos imemoriais.
A história dos dragões na Terra-média remonta à Primeira Era, quando Morgoth, o primeiro e mais poderoso Senhor Sombrio, criou essas criaturas como armas de guerra. O primeiro dragão a surgir foi Glaurung, conhecido como o “Pai dos Dragões”. Sem asas, Glaurung era um ser aterrorizante e desempenhou um papel crucial nas vitórias de Morgoth, devastando exércitos e espalhando o medo entre os povos livres.
Curiosamente, os primeiros dragões não tinham a capacidade de voar, uma característica que só surgiu após a Batalha da Ira, que marcou a derrota de Morgoth. Foi nesse momento que surgiram os dragões alados, com Ancalagon, o Negro, sendo o mais notável entre eles. Descrito como “o maior dos dragões alados de Morgoth”, Ancalagon era uma força devastadora, capaz de abalar montanhas com sua fúria.
Apesar de seu poder avassalador, muitos dos dragões alados foram derrotados durante essa batalha épica, incluindo o próprio Ancalagon, cuja queda causou a destruição das Torres de Thangorodrim. Os dragões que sobreviveram à Batalha da Ira fugiram para o norte da Terra-média, onde continuaram a atormentar os homens e outras criaturas nas eras seguintes.
Com o início da Segunda Era, um período menos explorado por Tolkien em relação aos dragões, sabe-se que essas criaturas migraram e, possivelmente, destruíram alguns dos Anéis de Poder — os vinte anéis forjados sob a influência de Sauron, o novo Senhor Sombrio. Durante a Terceira Era, os dragões ainda eram uma ameaça, especialmente para os Anões, como demonstrado pelo infame Smaug, que se apoderou da Montanha Solitária e seu vasto tesouro.
Smaug, apresentado em O Hobbit, era um dos últimos grandes dragões da Terra-média. Sua morte nas mãos de Bard, o Arqueiro, marcou o fim de uma era, e sugere-se que, após esse evento, os dragões começaram a desaparecer gradualmente, embora alguns poucos possam ter sobrevivido até o início da Quarta Era.
DRAGÕES NA TERRA MÉDIA: EXTINTOS OU APENAS ESQUECIDOS?
A pergunta sobre a sobrevivência dos dragões no universo de O Senhor dos Anéis permanece sem uma resposta clara. Embora a morte de Smaug pareça indicar o fim desses seres místicos, Tolkien nunca confirmou explicitamente sua extinção. Pelo contrário, existem indícios em suas obras de que alguns dragões poderiam ter sobrevivido, embora enfraquecidos e sem a antiga glória de outrora.
Um exemplo é uma passagem em O Hobbit onde Thorin, o Anão, menciona que “havia muitos dragões no Norte naquela época”, mas que Smaug era o mais ganancioso, forte e perverso entre eles. Isso sugere que, embora raros, outros dragões ainda habitavam a Terra-média.
Outro indício intrigante vem de A Sociedade do Anel, quando Gandalf menciona que “o fogo de dragão poderia derreter e consumir os Anéis de Poder, mas não sobrou nenhum dragão na Terra cujo fogo antigo seja quente o bastante”. Essa fala implica que ainda poderiam existir dragões na Terra-média, mas que sua força e poder haviam diminuído drasticamente após a queda de Morgoth.
Portanto, é razoável supor que, ao final da Terceira Era e início da Quarta, os dragões não estavam completamente extintos, mas sim dispersos e enfraquecidos. A decadência dessas criaturas ao longo dos anos pode ter sido causada pela perda de seus poderes e pela ausência de um mestre sombrio como Morgoth para guiá-los e usá-los como armas. Assim, embora sua presença na Terra-média tenha se tornado cada vez mais tênue, é possível que alguns dragões tenham sobrevivido, vivendo nas sombras e no esquecimento, esperando o dia em que possam recuperar sua antiga grandeza.
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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.