Teoria do Caos 3: Dinossauros, Segredos e Conflitos
A terceira temporada de Teoria do Caos trouxe mais mistérios, mas histórias e ações envolventes entre os Seis de Nublar e dinos cada vez mais letais.
Paulo Bocca Nunes
A terceira temporada de Teoria do Caos começa imediatamente após os eventos da segunda – nos levando de volta a um mundo onde os Seis de Nublar foram divididos por Soyona Santos. Essa temporada ocorre em paralelo aos eventos vistos no mercado negro da Clave de Âmbar, em Malta, durante Jurassic World Dominion.
O que realmente chama a atenção é a maneira como a temporada aproveita a chance de contar uma variedade de histórias, de conceitos elevados que afetam o mundo a narrativas mais íntimas e emocionais. A história se aprofunda na construção de personagens, nas variações de suas trajetórias, nas reviravoltas e até em seus rompimentos.
Uma história é tão boa quanto os personagens que a vivenciam. Aqui, vários membros dos Seis de Nublar ainda enfrentam as consequências da traição de Brooklynn no final da segunda temporada – e esse conflito serve como um catalisador poderoso. Brooklynn, inclusive, continua sendo uma figura ambígua: equilibrando-se entre sua aliança com Soyona e a tentativa de provar aos amigos que não os traiu. Sua performance no “jogo duplo” é um dos destaques dramáticos da temporada.
Entre os conflitos internos, o atrito entre Sammy e Yasmina ganha força, adicionando camadas emocionais à jornada do grupo. Novos personagens também contribuem com vigor à trama. Finalmente conhecemos a namorada de Ben e a casa onde ele mora, na Itália. A avó dela, inicialmente carrancuda, avessa a dinossauros e desconfiada do grupo, revela-se uma personagem secundária marcante. Sua gradual abertura ao filhote de Bolota é tocante e contribui diretamente para a evolução emocional da temporada.
Outro destaque é a namorada de Sam, aspirante a paleontóloga, que demonstra ser uma adição promissora ao grupo liderado por Darius. Sua curiosidade científica, coragem e empatia deixam claro que ela está pronta para lidar com os desafios que o mundo jurássico impõe.
A temporada também se beneficia do retorno de personagens icônicos, como Lewis Dodgson, antagonista central da franquia Jurassic Park. Outros nomes familiares retornam, surpreendendo os fãs mais atentos e enriquecendo as conexões com o cânone principal. Um dos elementos mais intrigantes é o desenvolvimento da misteriosa mulher do apito, que controla os raptors. Em dois momentos, sua presença se intensifica: no olhar silencioso, porém sugestivo, que troca com a avó da namorada de Sam — levantando a possibilidade de um passado em comum — e em um forte diálogo com Soyona. Mas o mais impactante é o desfecho de sua jornada, digno de um personagem que intrigou desde o início.
Como toda boa história jurássica, não faltam dinossauros. Um destaque especial vai para o pyroraptor, o dino emplumado que deixa um rastro de tensão por onde passa. Suas penas coloridas e sua presença sinistra elevam o nível de suspense em várias cenas de perseguição.
Visualmente, a terceira temporada é uma das mais ambiciosas. A qualidade da animação, os contrastes de luz e sombra, e o cuidado no design dos dinossauros — especialmente nas expressões e movimentos — mostram que a série não se acomoda. Há momentos de horror bem construído, que não dependem apenas de sustos, mas da criação de atmosferas densas e ameaçadoras.
As conexões com o universo mais amplo continuam sendo um ponto forte. Há indícios claros da atuação da BioSyn, além da ambientação em locais que remetem diretamente ao terceiro filme de Jurassic World. A série se esforça para expandir, e não apenas repetir, os elementos da franquia.
Por fim, Teoria do Caos mantém seu equilíbrio entre ação, emoção e construção de mundo. Há cenas intensas de introspecção, diálogos profundos sobre valores, ciência, ética e amizade — entremeados por boas sequências de ação. A terceira temporada não apenas mantém o nível das anteriores, como aprofunda e amadurece o que começou a ser desenhado lá no início.
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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.