THX 1138: O Desafio de George Lucas à Ficção Científica
O diretor da blockbuster, Star wars, iniciou a sua carreira na ficção científica no começo da década de 1970 com um filme que romperia algumas convenções do gênero e influenciaria outros autores.
Paulo Bocca Nunes
THX 1138 é um filme de ficção científica e foi o primeiro a ser escrito e dirigido por George Lucas e lançado em 1971. O filme conta a história de uma sociedade distópica onde as emoções são proibidas e a individualidade é completamente negada. A sociedade vive no subterrâneo em uma época no futuro desconhecida. A sociedade criada por Lucas apresenta uma visão pessimista de um futuro em que os habitantes são vigiados por androides, obrigados a consumir drogas que controlam as emoções e sentimentos, coisas que são proibidas nessa sociedade. Por meio ed uma imagem ed um suposot líder, todos são orientados e aconselhados a serem felizes.
THX 1138 é um marco na história do gênero de ficção científica e teve um impacto significativo na cultura pop, sendo referenciado em diversas obras de ficção científica posteriores. Neste artigo, iremos explorar a obra THX 1138, discutindo sua criação, enredo, importância e influência na ficção científica e cultura pop.
IDEIA INICIAL DO FILME
O filme foi baseado no curta metragem “Electronic Labyrinth: THX 1138 4EB“, realizado por Lucas em 1967, quando ele cursava cinema na University of Southern California. George Lucas, que mais tarde se tornaria conhecido como o criador de Star Wars, escreveu o roteiro do filme em conjunto com Walter Murch, com quem ele já havia colaborado anteriormente em projetos de edição de som. A produção ficou foi feita numa parceria entre o estúdio Warner Bros e a American Zoetrope, uma companhia cinematográfica fundada por Francis Ford Coppola e George Lucas em 1969. A American Zoetrope foi fundada com o objetivo de fornecer um espaço criativo para jovens cineastas que desejavam criar filmes independentes e fora do circuito comercial de Hollywood.
O filme foi lançado em pequeno circuito e não obteve sucesso de bilheteira, além de não ter sido bem recebido pela própria Warner. Até hoje é considerado como uma obra com abordagem densa e temática difícil, no entanto passou a ser cult, principalmente depois do sucesso de George Lucas com a série Star Wars.
O ENREDO DE THX 1138
THX 1138 é ambientado em um futuro distante, em uma sociedade altamente tecnológica e opressiva, onde as emoções humanas são proibidas e a individualidade é completamente negada. A sociedade é controlada por computadores e robôs, são obrigados a tomar medicamentos para suprimir suas emoções e desejos. O amor e o contacto físico são proibidos, mas todos todos podem ver televisão e fazer sexo virtual com hologramas.
Cada pessoa vive com um parceiro compatível, escolhido por computador e os robôs, que não tem rosto tem a função de manter a ordem e garantir que as leis sejam cumpridas. Também são os executores de punições aos infratores. Não tomar as drogas, por exemplo, é uma infração grave.
A sociedade distópica apresentada no filme traz muitas semelhanças com outras obras do gênero, como Metrópolis de Fritz Lang, Admirável mundo novo de Aldous Huxley e 1984 de George Orwell. As pessoas habitam um mundo subterrâneo, conduzem carros supervelozes, cultivam o consumo e frequentam shopping centers, onde compram artigos e produtos sem utilidade e de pouca duração. A religião também foi suprimida, porém, todos podem fazer uma confissão com uma entidade religiosa cibernética, oferecida pelo Estado, chamada de OMM 0910. Essa entidade age como se estivesse ouvindo as palavras da pessoa, mas sempre fala e faz as mesmas perguntas para todos.
A individualidade foi totalmente suprimida e isso fica evidente nas roupas brancas que todos usam. Os nomes foram substituídos por letras e números. O personagem principal é THX 1138, interpretado por Robert Duvall, um trabalhador da fábrica que começa a questionar sua existência e a sociedade em que vive. Quando sua companheira LUH 3417 (Maggie McOmie) para de tomar suas drogas, substitui também as de THX por placebo. Assim, os sentimentos de THX são despertados, e ele se apaixona por LUH. O filme segue a jornada de THX 1138 e LUH 3417 enquanto eles tentam escapar da sociedade opressiva e descobrir a verdadeira natureza de sua existência. Em seu novo estado de percepção da realidade, o casal decide fugir do subterrâneo, e isso acaba levando os dois à prisão por “crimes sexuais” e “evasão de drogas”.
Os dois são separados, mas THX decide fugir de sua prisão, procurar por LUH 3417 e subir para a superfície. THX encontra parceiros para o seu plano e o grupo passa a empreender uma fuga dos robôs. O final da história explica, em parte, o que levou a sociedade a se refugiar no subsolo e a se presumir os motivos para o uso de drogas que controlam as emoções humanas.
IMPORTÂNCIA E INFLUÊNCIA NA FICÇÃO CIENTÍFICA E CULTURA POP
THX 1138 é uma obra importante na história do gênero de ficção científica, pois introduziu uma visão sombria e distópica do futuro, que contrasta com a tradicional representação otimista e positiva da tecnologia presente em outros filmes da época. O filme prevê uma sociedade onde a tecnologia é usada para controlar e oprimir, em vez de libertar e progredir, e levanta questões éticas sobre o uso da tecnologia.
Além disso, THX 1138 também é importante por sua estética visual única, que combina elementos futuristas com imagens surrealistas e distópicas. A trilha sonora e os efeitos visuais tornam o filme uma experiência sensorial única e impactante. O filme é notável pelo uso de cores saturadas, com tons metálicos e brilhantes, e pela iluminação contrastante, que cria um clima sombrio e opressivo. Os efeitos visuais, que foram criados com técnicas pioneiras na época, ajudam a dar vida à visão de Lucas sobre o futuro.
A trilha sonora de THX 1138, criada por Lalo Schifrin e adaptada por Walter Murch, é um dos aspectos mais marcantes do filme. A trilha sonora é composta por sons eletrônicos e música avant-garde, que ajudam a criar uma atmosfera de tensão e ansiedade. Os efeitos sonoros também são notáveis, com sons de máquinas e zumbidos eletrônicos que ajudam a imergir o espectador na visão distópica do futuro.
A influência de THX 1138 pode ser vista em diversas obras de ficção científica posteriores. O filme inspirou diretores como Ridley Scott e James Cameron, que incorporaram elementos visuais e temáticos de THX 1138 em seus próprios filmes, como Blade Runner e O Exterminador do Futuro. A estética visual de THX 1138 também pode ser vista em outros filmes de ficção científica, como Brazil de Terry Gilliam e Matrix dos irmãos Wachowski.
Além disso, THX 1138 teve um impacto significativo na cultura pop, sendo referenciado em músicas, programas de TV e videogames. A música eletrônica de Kraftwerk, por exemplo, foi influenciada pela trilha sonora de THX 1138, assim como o som de bandas como Depeche Mode e Nine Inch Nails.
A VERSÃO DO DIRETOR
Na época de seu lançamento, a Warner não recebeu bem o filme e pretendia remontá-lo completamente para lançá-lo nos cinemas. Lucas e Coppola não aceitaram os cortes, porém, depois de muitas discussões, o estúdio cortou cinco minutos do filme e o distribuiu com pouca promoção.
Essa atitude do estúdio contribuiu para o fracasso de bilheteria do filme. Além disso, o filme não caiu no agrado do grande público norte-americano, cetamente pelo fato de ser uma abordagem muito diferente de filmes do mesmo gênero de sua época. Significa dizer que a obra de George Lucas estava além do seu tempo e ainda hoje a obra é mais comentada do que assistida.
Em 2004, George Lucas remontou o filme em seu formato original, acrescentou cenas que haviam sido excluídas, remasterizou digitalmente em formato Widescreen e lançou a versão do diretor em DVD duplo.
Além do filme, o DVD inclui comentários do diretor e do produtor de som, Walter Murch, trailers e documentários, além do curta original Labirinto Eletrônico: THX 1138 4EB. Até o momento em que este artigo foi publicado, o filme THX 1138 – Versão do Diretor está disponível na HBO Max, mediante assinatura, e na Prime Vídeo para alugar.
CONCLUSÃO
THX 1138 é uma obra pioneira na história da ficção científica, que desafiou as convenções do gênero ao apresentar uma visão sombria e distópica do futuro. O filme introduziu uma estética visual única e influenciou diretores e artistas em todo o mundo. A obra de George Lucas levanta questões éticas e filosóficas sobre o uso da tecnologia e o papel da individualidade na sociedade. THX 1138 é um marco na cultura pop e uma referência importante para os fãs de ficção científica em todo o mundo.
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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.