Uma Fantástica Fábrica de Chocolate Na Cultura Pop
Um livro baseado numa experiência de infância se ransformou em um dos grandes clássicos do cinema.
Paulo Bocca Nunes
“A Fantástica Fábrica de Chocolate” é um conto popular que cativa crianças e adultos desde sua primeira publicação em 1964. O livro, escrito por Roald Dahl, conta a história de um menino pobre chamado Charlie Bucket que ganha um passe para visitar a misteriosa fábrica de chocolate do excêntrico Willy Wonka. O livro já teve várias adaptações para o cinema, incluindo a icônica versão de 1971 com Gene Wilder e a adaptação de 2005 com Johnny Depp como Willy Wonka. Neste artigo, vamos explorar tanto a obra original quanto os dois filmes e suas respectivas abordagens da história.
A OBRA ORIGINAL
Roald Dahl é um dos autores infantis mais aclamados de todos os tempos, tendo escrito muitos livros populares, incluindo “Matilda“, “O Bom Gigante Amigo” e “James e o Pêssego Gigante“. “A Fantástica Fábrica de Chocolate” é provavelmente seu trabalho mais conhecido, e foi inspirado pelas próprias experiências de Dahl como criança. O livro é uma história divertida e lúdica sobre um garoto chamado Charlie Bucket, que vive em uma casa pequena com seus pais e quatro avós. A família de Charlie é muito pobre, e eles mal conseguem se alimentar com sua pequena renda. Mas a vida de Charlie muda quando ele encontra um bilhete dourado em uma barra de chocolate, que lhe dá a oportunidade de visitar a lendária fábrica de chocolate de Willy Wonka.
Ao visitar a fábrica, Charlie e as outras crianças que ganharam bilhetes descobrem um mundo mágico de doces e guloseimas, mas também enfrentam perigos e consequências por seu comportamento. Willy Wonka, o dono da fábrica, é um personagem enigmático e excêntrico que adiciona um toque especial à história. O livro é cheio de humor, aventura e, é claro, muitas descrições deliciosas de doces e chocolates.
O livro também tem alguns temas interessantes, como a ideia de que o comportamento ruim pode levar a consequências ruins, bem como a ideia de que a pobreza pode ser superada com trabalho duro e perseverança. No geral, “A Fantástica Fábrica de Chocolate” é uma leitura divertida e encantadora para crianças e adultos.
A VERSÃO DE 1971
Em 1971, “A Fantástica Fábrica de Chocolate” foi adaptada para o cinema pela primeira vez. O filme foi dirigido por Mel Stuart e estrelou Gene Wilder como Willy Wonka. O filme é muito fiel ao livro em muitos aspectos, mas adiciona alguns elementos que o tornam um clássico por direito próprio.
Uma das coisas mais notáveis sobre o filme é o desempenho de Wilder como Willy Wonka. Ele adiciona uma camada extra de mistério e excitação ao personagem, o que é fundamental para a história. O filme também tem uma trilha sonora cativante, incluindo a música icônica “The Candy Man“, que tornou-se um grande sucesso na época.
Uma das grandes diferenças entre o livro e o filme é a abordagem do comportamento das crianças. No livro, as crianças que visitam a fábrica são descritas de maneira mais sombria e mal-humorada, com exceção de Charlie. Mas no filme, as crianças são retratadas de maneira mais caricata e exagerada, o que adiciona um toque de humor ao filme. O filme também tem um final ligeiramente diferente do livro, mas sem alterar a essência da história.
Outro aspecto interessante do filme é a direção de arte. A fábrica de chocolate é recriada de maneira imaginativa e detalhada, com cores vibrantes e cenários extravagantes. Os personagens também são muito bem desenvolvidos e carismáticos, com destaque para os Oompa-Loompas, os pequenos ajudantes de Willy Wonka. No geral, a versão de 1971 de “A Fantástica Fábrica de Chocolate” é um filme divertido e emocionante, que ainda é amado por muitos até hoje.
A VERSÃO DE 2005
Em 2005, “A Fantástica Fábrica de Chocolate” recebeu outra adaptação para o cinema. Desta vez, o filme foi dirigido por Tim Burton e estrelou Johnny Depp como Willy Wonka. A versão de Burton é mais sombria e mais surreal do que a versão de 1971, o que não surpreende, considerando o histórico de filmes excêntricos do diretor.
Uma das maiores diferenças entre a versão de 2005 e o livro é a mudança na caracterização de Willy Wonka. Enquanto no livro e na versão de 1971, Wonka é um personagem misterioso, mas com um coração de ouro, na versão de Burton, Wonka é retratado como um personagem mais isolado e cínico, que tem dificuldade em se conectar com outras pessoas. Isso é adicionado pela história de sua infância opressiva, que é mostrada em flashbacks ao longo do filme.
Outra grande diferença é a abordagem das crianças. Enquanto no livro e no filme de 1971, as crianças são retratadas de maneira mais realista, na versão de 2005, elas são exageradas e caricatas. Cada uma delas tem um comportamento que é caricato e extremo, que é agravado pela direção de arte bizarra do filme.
A versão de 2005 também adiciona algumas novas sequências e personagens que não aparecem no livro ou na versão de 1971. Por exemplo, a fábrica de chocolate tem um novo personagem, o pai de Veruca Salt, que é um empresário ambicioso que tenta roubar os segredos da fábrica de Wonka. Além disso, a versão de Burton tem uma sequência inteira em que Charlie e Willy Wonka visitam a casa do pai de Charlie e têm uma conversa emotiva.
A INFLUÊNCIA NA CULTURA POP
“A Fantástica Fábrica de Chocolate” é uma história que tem tido uma grande influência na cultura pop desde sua publicação original em 1964. O livro foi um sucesso imediato e se tornou um clássico instantâneo, cativando crianças e adultos com sua narrativa mágica e personagens inesquecíveis. Desde então, a história tem sido adaptada para diferentes formatos, incluindo duas adaptações cinematográficas que se tornaram igualmente icônicas. Como resultado, a influência de “A Fantástica Fábrica de Chocolate” pode ser vista em vários aspectos da cultura pop, desde a música e a moda até a literatura e a produção cinematográfica.
Um exemplo notável da influência da obra na cultura pop é a sua presença na música. A música “The Candy Man“, escrita por Leslie Bricusse e Anthony Newley, foi originalmente escrita para o filme de 1971 e se tornou um grande sucesso. A música foi posteriormente gravada por vários artistas, incluindo Sammy Davis Jr. e Barry Manilow, e é frequentemente usada em comerciais de televisão e programas de TV para evocar uma sensação de nostalgia e felicidade. Além disso, “Pure Imagination“, outra música icônica do filme de 1971, também foi regravada e usada em várias produções de filmes, programas de TV e comerciais ao longo dos anos.
A moda também foi influenciada por “A Fantástica Fábrica de Chocolate“. A roupa característica de Willy Wonka, com seu casaco roxo e chapéu de cartola, tornou-se um traje popular para festas a fantasia e eventos temáticos. A indústria de doces também tem sido influenciada pela história, com muitas empresas lançando produtos e linhas de produtos com temas inspirados na fábrica de chocolates de Willy Wonka.
A história também tem sido uma grande influência na produção cinematográfica. O filme de 1971, dirigido por Mel Stuart, é considerado um clássico da infância e é frequentemente citado como um dos melhores filmes infantis de todos os tempos. A adaptação de 2005, dirigida por Tim Burton e estrelada por Johnny Depp, oferece uma abordagem mais sombria e surreal, inspirada na estética distintiva do diretor. A influência de ambas as adaptações pode ser vista em filmes mais recentes, como “Alice no País das Maravilhas” de Tim Burton e “Charlie e a Fábrica de Chocolate” de Paul King, que apresentam elementos visuais e narrativos semelhantes.
Além disso, “A Fantástica Fábrica de Chocolate” também tem sido uma influência na literatura infantil e juvenil. A história de Roald Dahl tem sido citada como uma inspiração por muitos autores, incluindo J.K. Rowling, autora da série Harry Potter, que tem semelhanças temáticas com a obra de Dahl. A ideia de uma criança comum que é escolhida para uma aventura mágica também foi explorada em outros livros infantis, como “As Crônicas de Nárnia” de C.S. Lewis e “O Senhor dos Anéis” de J.R.R. Tolkien.
“A Fantástica Fábrica de Chocolate” tem tido uma influência significativa na cultura pop em várias áreas, incluindo música, moda, produção cinematográfica e literatura infantil. A história de Roald Dahl continua a inspirar e encantar as gerações atuais, com novas adaptações cinematográficas e produtos licenciados sendo lançados regularmente. A mensagem positiva da história, que valoriza a imaginação, a criatividade e a bondade, continua a ser relevante e importante, especialmente em um mundo em que a tecnologia muitas vezes domina a imaginação das crianças. A influência de “A Fantástica Fábrica de Chocolate” não mostra sinais de diminuir, e é provável que continue a ser uma fonte de inspiração para muitos aspectos da cultura pop no futuro.
CONCLUSÃO
“A Fantástica Fábrica de Chocolate” é uma história intemporal que tem sido amada por gerações. Tanto o livro quanto os dois filmes adaptados oferecem abordagens diferentes e únicas para a história, cada um adicionando sua própria interpretação e estilo. A versão de 1971 é um clássico nostálgico, com uma sensação de conto de fadas e um estilo mais tradicional. Seu charme está na simplicidade da história, na mensagem positiva e no desempenho icônico de Gene Wilder como Willy Wonka. Por outro lado, a versão de 2005 de Tim Burton é uma interpretação mais moderna e sombria da história, adicionando camadas psicológicas aos personagens e explorando suas origens e motivações. Ambas as versões têm seus fãs leais e merecem ser apreciadas por suas próprias qualidades. O legado de “A Fantástica Fábrica de Chocolate” é uma prova da sua durabilidade e apelo atemporal, que continua a cativar e encantar audiências de todas as idades.
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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.