Meteoro: a fuga ou fuja dessa porcaria!
O carimbo de “filme de ficção científica” não garante a qualidade de um bom filme. Existem aqueles que prometem uma coisa e entregam outra coisa, totalmente horrorosa. Em Meteoro: a fuga, tanto o roteiro e direção de Brett Bentman não conseguem dar andamento ou qualquer sentido em pouco mais de uma hora. Pelo menos isso é positivo: pouco tempo para algo tão ruim.
Paulo Bocca Nunes
O filme abre de forma interessante: um meteoro dividido em várias partes se choca contra a Terra e provoca enchentes por todo o planeta. A fotografia é bastante convincente em mostrar as cidades tomadas pelas águas. Há um corte para 10 anos depois e vemos que as águas já baixaram, mas ainda tudo está destruído, não houve uma reconstrução global. Não se veem pessoas pelas ruas ou notícias de governos motivando ou orientando as pessoas para a reconstrução.
Depois a história segue Lian (Robert Keith), um homem idoso que se acorda de um sonho. Ele come um sanduíche no café que parece ser uma das poucas coisas que tem em casa. Ele se arma de um revólver e um rifle e caminha pela propriedade e arredores.
Enquanto isso há cenas de flashback mostrando noticiários falando sobre o impacto do meteoro e suas consequências pelo mundo todo. O filme vai mostrando também algumas cenas que indicam ser a ex-esposa e de como ela morreu. Várias cenas dele solitário e pensativo e que mostram o seu sofrimento pela perda da mulher, Charlotte.
De repente, surge do nada, uma jovem, Hanna (OLivia Nash)que está fugindo de alguns homens. Com mais de meia hora de filme, não se sabe o que são esses dois personagens, nem quais são os seus problemas ou o que buscam.
Em certo momento, surgem três homens que são mercenários em busca de alimentos e recursos entre pessoas sobreviventes para fornecer aos ricos que sobreviveram e podem pagar pelos produtos. Eles chegam na casa de Lian e perguntam pela garota. Lian nega que a tenha visto e fala depois para Hanna que eles estão à procura dela para vendê-la para ricos que buscam mulheres novas para servir de prostitutas.
Lian decide ajudar Hanna, mas não sabe o porquê. Ele procura por uma amiga que é médica, a Dra Tracy (Allyn Carrell) para que ela consiga documentos para ajudar Hanna a ir para um lugar seguro. O que se sabe é que há um controle populacional, mas nada se sabe sobre o que é isso e como funciona. O que se sabe também é que os acessos a algumas cidades, que guardam as melhores condições de existência, são muito restritos.
Até aqui, temos esses seis personagens no filme e tudo o que se sabe da sociedade após a enchente é pela boca deles. Mesmo que digam que há escassez de recursos, todos os personagens usam roupas bastante conservadas. Inclusive a personagem Hanna parece usar uma base no rosto o filme todo, contrariando a dificuldade aparente.
O filme, que tem o roteiro e a direção de Brett Bentman, parece algo amador, feito com recursos de amigos que decidiram fazer uma brincadeira. Isso se percebe nas tomadas de cena, nos diálogos extremamente fracos e ridículos, na interpretação dos atores, nos figurinos… enfim! Tudo!
O filme não se esforça para mostrar um mundo pós-apocalíptico, pois vemos apenas os personagens acima citados. À exceção de outro que surge no final apenas para dar uma ideia de que talvez haja uma continuação, fato que se espera não se concretizar.
Ainda sobre os atores, eles são e estão muito ruins, as interpretações são sofríveis, falsas, frágeis, arrastadas e melodramáticas, fotografia e trabalho de câmera amadores, sem falar nos poucos efeitos especiais, muito ruins, consegue deixar um espectador mais atento totalmente constrangido.
Não se tem uma clara percepção de um mundo distópico ou pós-apocalíptico. Os mercenários mais se parecem com integrantes de uma gangue demarcadora de território. Aquele clichezão de bandido de óculos escuros e metido a malvadão. Todos os bandidos se esforçam em se tornarem um alvo fácil para o rifle de um velho que se esforça em ser um velho mais velho do que realmente tenta aparentar para, dessa forma, buscar uma identificação com o espectador.
Esse mesmo velho se torna o protetor, o mentor e treinador da garota, que não se sabe muito dela, mas que tem o objetivo de ir uma cidade distante dali. Ela é totalmente despreparada para enfrentar um mundo que tenta ser mostrado como selvagem. No entanto, o velho ensina a garota a atirar com rifle e em tempo recorde, ela se torna uma sniper de elite.
As cenas finais são constrangedoras de tão ruins. Arrastadas, dramalhonas, falsas e com interpretações horrorosas. O desfecho é medíocre e tenta dar uma enganada de que poderá haver uma sequência. Por essa última cena (horrorosa!) e por todo o conjunto do filme, espera-se que tudo fique apenas nesse filme!
Meteoro: a fuga está na Prime Video
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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.