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Ninguém sai vivo

Filme de terror e suspense pra rachar a cuca. Chegou na plataforma da Netflix em outubro de 2021 uma produção que, se não é das mais caras e cheias de nomes pesados, pelo menos tem uma boa história.

Por Paulo Bocca Nunes

Para quem gosta de suspense e terror em uma boa medida, além de uma pitada de mistério, Ninguém sai vivo é uma boa pedida. O filme é baseado no romance No One Gets Out Alive, um romance de terror de 2014 do autor britânico Adam Nevill. O filme, por sua vez, tem a direção de Santiago Menghini e Cristina Rodlo como a protagonista Ambar, uma imigrante ilegal nos Estados Unidos.

Com pouco dinheiro, ela consegue vaga numa hospedaria caindo aos pedaços, um casarão antigo e muito mal conservado, dirigido por um sujeito meio mal encarado, chamado Red. Ambar paga adiantado um mês e, no trabalho dela, que é uma confecção que não pergunta de onde vêm seus funcionários, ela tenta conseguir uma identidade falsa para morar de forma definitiva nos Estados Unidos, mesmo que ela precise pagar uma grana pesada.O problema é a pensão, muito sombria e misteriosa. À noite ela ouve gemidos de uma mulher vindos do porão. Antes de dormir ela sempre escuta as mensagens antigas enviadas por sua mãe que estava hospitalizada com uma doença grave e depois têm sonhos muito sombrios e assustadores.

À medida que o tempo passa, ela vai circulando pelos corredores do casarão e passa a ouvir barulhos estranhos e assustadores, a ver sombras e vultos estranhos que começam a perseguir a própria Ambar. Sua situação piora quando ela paga para ter uma identidade, fica sem a grana e sem a identidade e, querendo sair definitivamente da pensão sombria, tem que enfrentar o irmão de Red, um sujeito transtornado e muito misterioso.

Ambar descobre que os dois estão envolvidos em um ritual que envolve uma misteriosa caixa preta e uma entidade misteriosa que não se sabe bem o que é. O final é surpreendente e um tanto misterioso!

O filme é bom. Tenso. Sabe levar o espectador a ter dúvida se as coisas estão na cabeça de Ambar ou se são manifestações de pessoas mortas. Principalmente por que ela pensa muito na mãe que morreu de uma doença muito grave e todas as noites ouve as mensagens dela antes de dormir. No final do filme dá uma impressão de ser algo vindo de um trauma ou uma pressão psicológica de quem deixou tudo pra trás para tentar a sorte em um país estranho e diferente.

A fotografia e a iluminação deram o tom quase perfeito para criar o clima tenso e de terror. Principalmente no terceiro ato quando todo o conflito se desencadeia sobre a personagem Ambar. A atuação de Cristina Rodlo foi muito boa assim todo o elenco, mesmo os secundários.

Alguns aspectos ficaram devendo. Há uma misteriosa caixa de metal, escura que aparece no começo e tem importância durante todo o filme, principalmente no final do terceiro ato. Não se sabe muito bem o que aquilo significa. Fica o mistério pelo mistério. Há uma entidade que não se sabe bem o que é ou de onde veio. O final é meio estranho. Fica em aberto. Se for algo para dizer que haverá uma continuação, eu não sei.

Como se pode perceber, o filme pegou apenas alguns elementos do livro de Nevill. O livro foi ambientado na Inglaterra e o filme nos Estados Unidos. Nesse último caso, o roteirista fez a personagem ser uma imigrante e, dessa forma, aborda como os imigrantes de certa forma vivem nos Estados Unidos. Muitos deles ainda são enganados por estarem ávidos pelo “sonho norte-americano”.

Uma curiosidade… o começo do filme o espectador fica surpreso com uma personagem que está no casarão. Ela fala português! Portanto, temos uma imigrante brasileira sendo “representada” no filme. É uma forma de dizer que todos os latinos e não apenas os de língua espanhola passam pela mesma situação.

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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.