65 Ameaça Pré-Histórica: Ação Fraca Com Dinossauros
Misturar gêneros pode ser interessante, como também um tiro no escuro, ou seja, pode acertar qualquer coisa ou absolutamente nada. No caso de 65 – Ameaça Pré-Histórica não acerta nem o vento.
Paulo Bocca Nunes
A história começa com um drama familiar em que Mills, um piloto de uma nave espacial, tem a missão de levar um grupo de pessoas para bem distante do seu planeta, e deixa a mulher e a filha, que está com uma grave doença.
O roteiro leva o personagem nessa viagem, mas, no meio do caminho a nave atravessa uma zona desconhecida de asteroides, que danificam a nave e a deixam sem controle. A nave pousa em um planeta desconhecido. O piloto percebe que os passageiros, que estavam em sono de criogenia, estão mortos, menos uma garota, que se chama Koa. Ela acaba se tornando uma representação da filha e, dessa maneira, Mills entra em um conflito pessoal por não ter estado presente no momento em que a sua filha mais precisava dele. Mills acaba descobrindo que o planeta tem feras gigantescas e ele e Koa precisam lutar para sobreviver e assim alcançar uma nave de resgate e sair do planeta hostil.
No final do filme entendemos que o planeta é a Terra 65 milhões de anos atrás, quando os dinossauros dominavam o mundo. Só que isso não é uma viagem no tempo, mas os nossos personagens são seres com aspecto humano de outro planeta. No final do filme há uma passagem de tempo, que leva da pré-história até um tempo muito distante no futuro.
QUANTO AO FILME
A história tenta apresentar um personagem em seu conflito familiar, tanto que nos apresenta em uma relação entre pai, mãe e filha no começo. No entanto, isso vai se diluindo na medida que o filme vai se desenvolvendo e não fica uma ligação mais forte entre o personagem, através de seu problema, e o espectador. Quando surge a pequena Moa, se percebe a jogada do roteirista em usar a personagem como bengala para desenvolver o personagem Mills, porém isso não chega a se concretizar.
A menina Koa fala uma língua diferente de Mills e isso é usado como uma barreira a ser vencida e criar um laço entre os dois. Uma coisa que não chega a ser suficiente para também se realizar. Na verdade, tudo fica muito artificial, pois a história, se presume, não dura mais do que um dia, algo que não é suficiente para estabelecer um laço afetivo entre os dois, especialmente Mills.
Os efeitos especiais não são surpreendentes. Nem muito eficientes. Tudo o que já se assistiu em Jurassic Park é imensamente superior. Alguns movimentos de câmera são interessantes, assim como uma sequência e outra de ação, que envolvem os dois protagonistas numa corrida frenética até o local em que está a nave que os vai libertar de um planeta perigoso. O que deixa tudo muito claro onde a história acontece, fica para os momentos finais. É impossível não se fazer uma relação com o planeta Terra na Pré-História. Se a ideia do filme era dizer que os humanos não são exclusividade da Terra, isso não foi bem executado.
Adam Driver deu o seu melhor, algo que já conhecemos de outros filmes, como da franquia Star Wars, porém não se pode tirar muito de um roteiro limitado. Quanto a Ariana Greenblatt teve boa participação, muito mais ancorada em um ator experiente. Quanto a direção de Scott Beck, Bryan Woods ela foi burocrática: levou o filme até o final, mesmo não dizendo muita coisa.
O filme está disponível na HBO Max.
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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.