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Moonfall: ameaça lunar, filme de ficção científica ou de teoria da conspiração?

Uma das novidades da Netflix no começo de fevereiro de 2022 foi Moonfal: ameaça lunar. Filme dirigido por Roland Emmerich, o mesmo de Independence Day, O dia depois de amanhã e 2012.

Por Paulo Bocca Nunes

O diretor Emmerich é bastante conhecido pelos seus filmes do gênero catástrofes. Cenas grandiosas com tudo explodindo, tsunamis e a humanidade encarando o seu triste destino. Porém, o novo (?) filme do diretor parece ter vindo da mesma receita dos filmes anteriores. Daí, tudo pode se tornar muito previsível e a tal fórmula ou receita que vai perdendo o seu efeito com o público.

Moonfall narra uma história em que uma força misteriosa tira a Lua de sua órbita e a coloca em rota de colisão com a Terra. Poucas semanas antes do impacto fatal e com a humanidade à beira da aniquilação, a ex-astronauta da NASA Jo Fowler (Halle Berry) está convencida de que pode reverter a situação e salvar o planeta. Dessa forma, ela pede ajuda a um colega do passado, o astronauta Brian Harper (Patrick Wilson). Nisso, entra no grupo o teorista da conpiração, K.C. Houseman (John Bradley), pois ele descobriu há mais tempo as anomalias que envolvem a Lua. Os improváveis heróis correm contra o tempo para montar uma missão ao espaço, mas lá descobrem que a Lua não é o que parece e o seu interior esconde um segredo de muitos séculos.

O filme apresenta alguns problemas que vão fazer com se esqueça dele daqui a algum tempo. O roteiro é ruim! Os acontecimentos do terceiro ato não se encaixam muito bem porque são contados e seus elementos constitutivos não estão presentes no primeiro ato. Há acontecimentos que são atropelados, como se tudo se passasse em questão de minutos ou horas. Esse andamento não é muito verossímel. Algumas composições da trama para levar a história ao seu filme também não ajudam muito. Como explicar que um ônibus espacial jogado em um museu há anos, quase sucateado, irá ter condições de voo em poucas horas antes do colisão planetária e levar três “heróis” à lua e evitar o desastre? Pior! E fazendo isso com apenas um motor para vencer a força da gravidade da Terra?

Em cinema há um “manualzinho” que é usado para narrar uma “boa história”. Chama-se a “Jornada do Herói”. Em Moonfall eu temo que isso não faz muita diferença e até houve uma proposta para romper com essa ideia. Havia três heróis, um deles seria o principal a que se imaginava iria sacrificar a sua vida para salvar o planeta. No entanto, verificamos uma mudança drástica nesa ideia e o que parecia muito improvável acontece!

Ao longo do filme vamos encontrando algumas coisas que se repetem em outros filmes:

1. Um herói desacreditado que vive em desgraça, mas acaba se tornando a última esperança da humanidade. Em alguns casos, esse herói passa por uma injustiça que o deixa em desgraça e o torna desacreditado para todos.

2. Esse herói tem um sério problema com alguém de sua família (um filho, por exemplo) com quem tem sérios atritos de relacionamento, mas a situação terrível que todos enfrentam acaba sendo o motivo de reaproximar os dois de forma emocionante.

3. A família do herói que, mesmo passando por problemas internos, ainda se une para se salvarem e buscarem um lugar seguro. O herói, mesmo sendo o centro de todo o conflito familiar, ainda se transforma no grande elo que une todos para manter todos vivos.

4. Um sujeito esquisito e diferentão, do tipo teórico da conspiração, que tem um emprego esquisito pra quem sabe de toda uma grande verdade sobre o problema que a humanidade enfrenta, mas ninguém acredita.

5. O exército ou o governo norte-americano cheio de segredos que não podem cair no conhecimento público por uma tal coisa chamada “medidas de segurança” e pra manter esse segredo não tem qualquer escrúpulos para ferrar com qualquer pessoa só para esconder esse segredo.

6. Esse mesmo exército norte-americano sempre tem as mesmas ideias ou medidas para solucionar um problema grave. Mesmo que isso traga consequências ainda muito graves.

7. Uma pessoa do governo que descobre e quer expor a verdade, quer uma solução prática que não traga sérias consequências e ainda tem que enfrentar toda uma alta cúpula do governo.

8. Algumas situações ou coincidências um tanto esquisitas, às vezes até forçadas e um quase bizarras que levam para uma solução esquisita, mas você tem que aceitar senão estraga tudo!

O final fica muito solto, algo bastante diferente de “final aberto”. Por ser a possibilidade de final mais improvável e que rompe com a “cartilha da Jornada do Herói”, ficou algo mais “fofo” do que “grandioso”. Há, sim, uma suspeita de que pode haver uma segunda parte ou uma continuação. Mas, nesse caso, seria melhor rever muitas coisas. Uma delas seria usar o bom senso e não fazer uma continuação.

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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.