Monster Hunter: Talvez Agrade aos Fãs Do Videogame
Uma tentativa de adaptar um famoso jogo para as telas não foi bem sucedido nas bilheterias. No entanto, no streaming teve sucesso de público.
Paulo Bocca Nunes
Monster Hunter é um projeto cinematográfico baseado na série de videogames de mesmo nome da Capcom, a mesma desenvolvedora e publicadora japonesa de jogos eletrônicos sediada em Osaka e conhecida por ter criado franquias multimilionárias, tais como Resident Evil, Street Fighter, entre outros.
A adaptação teve o roteiro e a direção de Paul W.S. Anderson e foi estrelado por Milla Jovovich e Tony Jaa. O lançamento foi em 2020, não teve bom retorno de bilheteria, o que pode ser o resultado da pandemia da época. Chegou na Netflix em novembro de 2023 e já subiu para os primeiros lugares dos mais assistidos.
SOBRE O FILME
A história inicia com um grupo de soldados em uma missão em algum deserto comandados pela tenente Natalie Artemis. Não se sabe absolutamente nada sobre o que fazem ali ou o procuram. De repente, surge uma forte tempestade de areia que transporta o grupo para um lugar desconhecido, onde vivem criaturas gigantescas e muito perigosas. O grupo é totalmente dizimado e a única sobrevivente, Natalie conhece um homem misterioso daquele mundo estranho, que a ajuda a se salvar e a lutar contra os monstros.
Muito adiante no filme, sabe-se que há um portal que dá passagem entre a Terra e esse mundo, tudo envolvido em fantasia e magia. Também é contado como se estivéssemos em uma sessão de contação de histórias. O que se percebe é que o menos importante é justificar de forma convincente tudo isso e focar mais em uma ação desenfreada, com muita luta, perseguição de monstros e fugas espetaculares.
A fotografia trouxe resultados razoáveis, mas o CGI dos monstros parece mais alguma coisa improvisada, o que pode ser entendido pelo baixo orçamento de 60 milhões de dólares. As cenas de luta bem que tentaram repetir o game da Capcom, porém o que se viu foram lutas mal coreografadas, com cortes de cena para dar alguma dinâmica e o resultado não foi bom. As ações que envolvem os monstros são até mais realistas do que as dos humanos. Isso não é um elogio.
O roteiro deu a impressão de se resumir a “uma mulher oficial de um exército se une a um oriental para lutar contra monstros” e o resto do filme é tudo improvisação. A trama não é costurada. Não se dá importância à história “contada” de como surgiu o portal que une os dois mundos. Os personagens são rasos demais, inclusive os guerreiros que capturam Natalie e o homem misterioso. Os figurinos ajudaram em alguma coisa, porém ainda parecia maquiagem de uma peça de teatro. Interpretações fracas para diálogos desinteressantes.
A atriz Milla Jovovich não passa uma “verdade” de uma militar. Dá a impressão de que foi escolhido um rosto bonito com olhos azuis para interpretar uma oficial casca grossa. Isso fica muito evidente nas cenas de luta e pose de super-heroína e uso de espadas de fogo. O homem misterioso que a acompanha é um oriental, talvez para dar crédito nas cenas de lutas. Não foi de todo ruim, mas criar um estereótipo também foi longe demais. O final foi caótico e mal feito, buscando dar a impressão de que haverá continuação.
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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.