Agente do Futuro: Uma Fraca História Sobre Robôs
Com fortes influências da obras de Isaac Asimov, “Agente do Futuro” navegou por um mar já bastante conhecido, mas o resultado foi um tanto morno e insosso.
Paulo Bocca Nunes
Uma produção búlgara de 2014, com a direção de Gabe Ibáñez, que também assina o roteiro, ambienta a sua história em um futuro não muito distante, em 2044. Não se sabe ao certo qual o assunto do filme, se é sobre um agente de seguros, vivido por Antonio Banderas, que busca mudar de emprego e cidade, sobre as condições climáticas que tornaram a Terra pouco agradável para se viver, se é sobre uma sociedade distópica dependente de seus robôs domésticos ou se é sobre a luta de robôs em busca de uma vida própria, se é que se pode dizer dessa forma.
O filme começa com informações narradas. Em 2044, tempestades solares mataram quase toda a população mundial e somente 21 milhões sobrevivem. A empresa de tecnologia ROC Corporation projetou e construiu robôs chamados Automata Pilgrim 7000 para ajudar a reconstruir o mundo. Esses robôs têm dois protocolos de segurança: o primeiro diz que eles não podem machucar humanos e o segundo que não podem alterar a si mesmos ou outro robô. Esses protocolos lembram bastante as Três Leis da Robótica de Asimov e, portanto, se constituem em uma forte influência do autor de Fundação e da série dos Robôs.
Na sequência do filme, um policial atira em um robô, alegando que ele estava se alterando. O agente de seguros, da ROC, Jacq Vaucan investiga o caso e logo ele acredita que um técnico qualificado tenha modificado ilegalmente o robô. Cansado da vida na cidade, Jacq pede ao seu chefe, Robert Bold, para transferi-lo para o litoral. Assim Jacq pensa em dar uma vida melhor para ele e sua esposa, que está grávida. Robert aceita essa possibilidade desde que Jacq resolva o caso do robô. Jacq acaba se envolvendo em um mistério sobre quem modificou o robô, e isso o leva a ser acusado de algo que não fez. O final é surpreendente quando se descobre o verdadeiro culpado.
O filme traz muitas referências a outras obras de ficção científica como Blade Runner e as Três Leis da Robótica, de Isaac Asimov. No entanto, a forma como Jacq se envolve com um robô que faz um trabalho feminino não chega a ser algo convincente como o foi no filme de Ridley Scott, de 1982.
Existem algumas coisas interessantes no filme, como a forma que Jacq desempenha o seu trabalho convencendo os consumidores de que os robôs não apresentam defeitos de fabricação através de demonstrações das diretrizes de funcionamento dos mesmos. A mudança de um agente de seguros para ser quase um policial investigativo e as consequências que enfrenta ao chegar na solução do caso, também é interessante. Mas, a forma como tudo se resolve não empolga.
O filme tem ótima fotografia e um grande destaque fica para as cenas em que Jacq acorda no meio do deserto. Os pontos baixos ficam para as cenas de ação e para os personagens secundários que foram pouco desenvolvidos, ficaram desinteressantes e quase nada agregaram à narrativa principal. Um absurdo foi o crime cometido contra uma pessoa suspeita de modificar os robôs.
A ideia principal do filme pareceu muito interessante, mesmo tendo bebido em fontes consagradas, no entanto, o desfecho melancólico deixou o filme com pontos baixos de avaliação.
Até a data em que essa resenha foi publicada (5/9/2023), o filme está disponível na Prime Video.
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Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.