Invasion: Final da Segunda Temporada
O primeiro episódio da segunda temporada mostrou o que poderia ser a segunda temporada, mas ainda ficou faltando alguma coisa.
Paulo Bocca Nunes
DE UM MODO GERAL…
A série começou a sua primeira temporada um tanto devagar, apresentando os personagens principais, que formariam a grande coluna de toda a série. Houve momentos lentos, um tanto arrastados, dramáticos (até demais), abrindo para alguma ação mais intensa. Os alienígenas foram surgindo (aos poucos): umas bolas escuras de onde saem uns “espetos” bastante pontiagudos, atacando tudo o que viesse pela frente. A segunda temporada teve mais a participação dos seres invasores e outra muito mais letal e perigosa. Exatamente o tipo de ação que o público gostaria de ver.
Pelo lado dos aliens, ou relacionado a eles, duas espécies formam a frente de invasão. A segunda que surgiu na segunda temporada é a mais letal e agressiva. No entanto, alguns dos personagens que surgiram na primeira temporada mostraram um poder mental capaz de não apenas manter um contato mental como também fazer algum controle das ações dos próprios aliens. O que ainda mantém um clima de mistério é um tipo de metal encontrado por Luke Malik, o filho mais velho de Anesha, e parece causar algum problema aos aliens.
Entre os seres espaciais, o que mais chamou a atenção foi o ser com aspecto gelatinoso que faz contato mental com Mitsuki. Antes dela, outros tentaram, porém, isso causou problemas mentais em quem tentou fazer isso. A personagem se mostra incansável para ter êxito e saber o que trouxe os invasores à Terra. De alguma forma, Mitsuki atravessa uma espécie de portal que a leva a um mundo ou dimensão desconhecida, porém se mostra uma representação do mundo que ela conhece.
QUANTO AOS PERSONAGENS…
O desenvolvimento de alguns talvez tenha passado do ponto, em detrimento de uma ação mais dinâmica. A alternância de momentos de tensão, ação intensa e outra de qualquer tipo não foi algo muito equilibrado. Personagens que entraram na segunda temporada e tiveram grande destaque, como o líder da resistência, Clark Evans; o milionário Nikhil Kapur e a Dra. Maya Castillo ficaram em cima de um muro para definir que rumo seguir dentro da trama.
Nikhil Kapur financiou uma operação com o objetivo de descobrir o que ou quem está dentro da enorme nave alienígena que foi derrubada por um míssil nuclear da Coalizão de Defesa Mundial e caiu na floresta amazônica. Seu objetivo é encontrar respostas que possam apresentar um meio de derrotar os invasores.
Sua obsessão por respostas e resultados o tornam quase um vilão da história. Para ele qualquer coisa que possa servir como um caminho deve ser seguido, mesmo que as consequências sejam danosas. Ele enviou algumas das maiores mentes do mundo para dentro da nave, no entanto elas não apenas não conseguiram se comunicar com os alienígenas, mas também sofreram danos psicológicos. A forma como Nikhil age, tanto mostrando suas decisões quanto a grande equipe que ele comanda, mostram-no como um homem presunçoso que acredita que a nave lhe pertence, pelo simples fato de que foi ele quem financiou a operação. Foi ele que ordenou que seus homens encontrassem Mitsuki, pois ela foi a única pessoa que já fez contato com os alienígenas antes.
Mitsuki aprofunda a sua fragilidade pela perda de sua companheira e isso interfere profundamente na sua tarefa de fazer contato com os alienígenas. No entanto, as cenas ficaram um tanto arrastadas e cansativas. Nesse arco, surge a psicóloga Castillo que tem a tarefa de monitorar a parte psicológica de Mitsuki, porém há indícios de iniciar um envolvimento afetivo, que não se resolve e ainda interfere nos objetivos propostos por Nikhil. O caso é que todo o arco que envolve Mitsuki transborda muito emocional que destoa do todo da série.
Podemos, inclusive, dizer que podem ser resumidos os quatro arcos em:
1. Mitsuki é a emoção em conflito com a ciência;
2. Caspar e seus amigos é o mental que busca sintonia com uma parte do universo, ou seja, os alienígenas, mas sem deixar de lado a parte racional e lógica;
3. Trevante é a ação e a persistência, o inconformismo e a justiça;
4. Anesha é a coragem, determinação e resiliência.
Todos os que participam desses arcos são elementos que dão a sua contribuição para o contraponto ou o elemento de reflexão. Trevante tem a personagem Rose Callaway, que se dedica a procurar todos os desaparecidos; Montgomery Cuttermill questiona não apenas as habilidades mentais de Casper, como também se é ele mesmo que está ali e não uma representação dos alienígenas. Aneesha e Clark se interpõem, pois os dois têm filhos, mas a luta da primeira é por segurança para seus filhos e quanto ao segundo é a luta de toda a comunidade de resistência.
OUTROS DETALHES…
O roteiro dá impressão que é uma colagem de outros roteiros, pois sempre se cai num lugar comum, de discursos motivacionais, que invocam superação ou qualquer aspecto.
Os efeitos especiais que mostraram os aliens são convincentes. Por outro lado, tudo o que foi mostrado da nave da entidade superior dos aliens, principalmente o que foi mostrado no último episódio, foi muito fraco.
CONCLUSÃO
No último episódio da segunda temporada, inicia-se o avanço derradeiro contra os alienígenas. Algumas coisas já estão preparadas para a terceira temporada. Porém, aumentaram o mistério envolvendo tanto os personagens humanos quanto os alienígenas.
Caspar está sendo controlado pelos alienígenas? Qual a diferença do poder mental do filho de Anaasha para o de Caspar? Trevante vai conseguir cumprir a sua missão? O que querem os alienígenas afinal? Por que vieram? Quantas temporadas para ter todas as respostas?
Paulo Bocca Nunes é professor de Língua Portuguesa e Literatura. Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade. Especialista em Literatura e Cultura Portuguesa e Brasileira. Especialista em Cultura Indígena e Afro-brasileira. Escritor. Contador de histórias.